Espacios. Vol. 24 (2) 2003

As fontes de tecnologia no setor de telecomunicaes e os fatores motivadores para cooperao 5lch

Las fuentes de tecnologas en el sector de telecomunicaciones y los factores motivadores para la cooperacin 584x6c

Technologies sources in telecomunications sector and motivators factors for cooperation 256j7

Geciane S. Porto* , Flavia Oliveira do Prado** y Guilherme Ary Plonski*** 17559


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RESUMO
Este estudo tem por objetivo compreender a relao existente entre as empresas de telecomunicaes instaladas no Brasil e as suas fontes de inovao e tecnologia. Esta pesquisa considerou as seguintes fontes em sua anlise: departamento de P&D interno; departamento de P&D da matriz; outros departamentos da empresa; outras empresas dentro do mesmo grupo empresarial; fornecedores; clientes; concorrentes e/ou competidores; empresas de consultoria; universidades; institutos de pesquisa; aquisio de patentes, licenas e know-how; conferncias, simpsios, feiras e exposies; e publicaes especializadas.
A pesquisa identificou quais so as fontes de inovao e tecnologia mais valorizadas e utilizadas pelas empresas do setor de telecomunicaes; qual a natureza dos projetos desenvolvidos e quais so os fatores que contribuem para projetos em parceria com centros de pesquisa e/ou universidades.
A pesquisa foi de natureza quantitativa, foram enviados 44 questionrios s empresas fabricantes de equipamentos para setor, que segundo Fransman (2001), encontra-se no nvel 1. Dentre estas, 23 empresas responderam, as quais constituram a amostra analisada. O artigo est estruturado em 6 sees, a primeira apresenta o problema de pesquisa e os objetivos que o estudo buscou alcanar, a segunda contm a discusso terica que a o modelo metodolgico que detalhado na seo seguinte, a quarta seo constitui-se dos resultados encontrados, a quinta seo apresenta as concluses do estudo e por ltimo so apresentadas as referncias bibliogrficas do artigo.
RESUMEN
Este estudio tiene por objeto comprender la relacin existente entre las empresas de telecomunicaciones instalas en Brasil y sus fuentes de innovacin y tecnologas. Esta investigacin considero las siguientes fuentes en su anlisis: Departamento de I&D interno, Departamento de I&D de la matriz, otros departamentos de la empresa, otras empresas dentro del mismo grupo empresarial, proveedores, clientes, competidores, empresas de consultora, universidades, institutos de investigacin, adquisicin de patentes, licencias y know-how, conferencias, simposios, ferias y exposiciones y publicaciones especializadas.
La investigacin identific cules son las fuentes de innovacin y tecnologa ms valoradas y utilizadas por las empresas del sector de telecomunicaciones, cual es la naturaleza de los proyectos desarrollados y cuales son los factores que contribuyen para proyectos en asociacin con centros de investigacin y universidades.
La investigacin fue de naturaleza cuantitativa, fueron enviados 44 cuestionarios a las empresas fabricantes de equipos para el sector, que segn Fransman (2001), se encontraban en el nivel 1. Entre estas, 23 empresas respondieron las cules constituiran la muestra analizada.

ABSTRACT
The objective in this study is to understand the relation between telecommunications companies installed in Brazil and their innovation and technological sources. This research considered the following sentences in its analysis: Internal R&D Department, Main R&D Department, others companies departments, other companies from the same managerial group, suppliers, customers, competitors, consulting companies, universities, researching institutes, acquisition of patents, licenses and know how, conferences, symposiums, fairs and expositions, and specialized publications. The research identified which are the most valued and used technologies and innovation sources in telecommunications companies, which is the nature of the developed projects and which are the factors that contribute in projects associated to researching centers and universities. The research had a quantitative nature. 44 questionnaires were sent to the communications equipment manufacturing companies which according to Fransman (2001), were in level 1. Among these, the 23 companies that responded would form the analyzed sample.

1. Introduo 1 2 685i35

A globalizao tem demandado novas formas de interao entre as organizaes e os demais atores sociais. A velocidade da transferncia do conhecimento e a proximidade dos mercados exigem maior criatividade por parte das empresas para se destacarem perante aos seus concorrentes. O avano no setor de telecomunicaes em nvel mundial corrobora esta idia. Prado & Porto (2002) ressaltam que no setor de telecomunicaes, as empresas para se adequar ao novo ambiente competitivo imposto pelo mercado, devem ampliar a sua capacidade interna de inovao, bem como a incorporao de novos conhecimentos por meio de novas fontes de tecnologia para obterem um grande diferencial competitivo.

Alm disso, observa-se a internacionalizao das atividades de P&D, em que se forma uma rede de cooperao em mbito mundial, envolvendo empresas, universidades, centros de pesquisa e os governos de diversos pases. Esse fenmeno observado nos trabalhos de Vieira & Ohayon (2002) e Galina (2001).

Assim, observa-se que a busca de novas fontes de tecnologia e a formao de redes cooperativas est crescendo muito nas ltimas dcadas devido, principalmente, ao ambiente altamente competitivo que as empresas esto inseridas e a velocidade na transferncia das informaes. Vrios autores como Baranno (1998); Porto (2000); Quadros (2001) constataram em seus estudos que a busca e o uso das fontes de informao tecnolgica so fatores decisivos para inovao organizacional.

Assim, o presente artigo buscou por meio de uma anlise quantitativa verificar como funciona a interface entre as empresas do setor e as suas fontes de tecnologia, ressaltando quais so as principais fontes para o setor, a sua freqncia e importncia de uso. Outro aspecto destacado foi a cooperao empresa/universidade. Para verificar quais so os principais fatores que contribuem para projetos em parceria com centros de pesquisa/universidades foi utilizada a anlise fatorial, com o intuito de resumir as principais variveis em fatores para sua melhor compreenso.

2. Fontes de Inovao e Tecnologia 565y1a

As fontes de inovao e tecnologia so de extrema relevncia no processo de inovao das empresas. Por meio do conhecimento de cada tipo de fonte possvel verificar qual o esforo tecnolgico realizado pela empresa.

Vieira e Ohayon (2002) destacam que o processo de inovao necessita de interaes entre o mundo da cincia e tecnologia e os mercados. Assim, h formao de redes entre centros de pesquisa pblicos e privados, empresas, usurios e fornecedores; para que por meio desses arranjos, estes promovam o desenvolvimento e a difuso das inovaes.

Baraano (1998) estudou 652 empresas portuguesas de vrios setores, entre eles: indstria txtil; indstria de alimentos, bebidas e tabaco; indstria de produtos de couro; de equipamentos eltricos; construo; atividades financeiras e comrcio. A autora identificou as fontes de inovao mais utilizadas para produtos ou servios, sendo elas: a) a interligao com outras empresas; b) as associaes com organizaes externas de P&D; c) a imprensa; d) as feiras ou exposies; e) o departamento interno de P&D; f) as equipes interfuncionais; g) a inovao no equipamento adquirido; h) a relao prxima com concorrente; i) fornecedor; j) clientes-chave; l) as necessidades dos clientes; m) a anlise minuciosa dos produtos concorrentes. A principal fonte para todos os tamanhos de empresas foi a necessidade do cliente, fato que comprova a preocupao em adaptar novos produtos e servios s exigncias do mercado.

Para inovao nos processos e procedimentos, Baraano (1998) destaca que a fonte mais utilizada, em todos os tamanhos, o benchmarking, seguido do trabalho com clientes-chave, do relacionamento com fornecedores chave e com concorrentes chaves. Dentre as fontes internas de inovao de processos, h a predominncia da criao de grupos internos para todas as empresas, enquanto fatores como equipes multifuncionais e departamento de informao interna so mais relevantes para as empresas de maior porte, uma vez que as pequenas empresas no possuem sistemas complexos de informao.

Drouvot e Fensterseifer (2002) realizaram um estudo de cooperao tecnolgica em 16 pequenas e mdias empresas da regio Rhne-Alpes, na Frana. Seis empresas trabalhavam no mbito das novas tecnologias de informao (instrumentao, programas, simuladores e telecomunicaes) e as outras dez na indstria mecnica (fornos industriais, equipamentos automotivos e material cirrgico). Com relao ao papel da cooperao no desenvolvimento tecnolgico, os autores constataram que em primeiro lugar est o cliente, seguido dos fornecedores, universidades e centros de pesquisa, e por fim os papis mais limitados dos consultores e dos organismos pblicos e de apoio. Essa informao corrobora com as concluses do estudo de Baraano (1998).

Daim et alii (1998) verificaram que dentre os possveis canais de aquisio de tecnologia os mais importantes eram justamente o desenvolvimento interno, seguido pelos fornecedores, e educao dos funcionrios e encontros tecnolgicos. Os autores concluram que as fontes de aquisio tecnolgica podem ser agrupadas em trs fatores: a) a pesquisa e educao (Consrcio com universidades, Consrcio de pesquisa, Educao de funcionrios, Faculdades, P&D externo); b) Redes de trabalho (Encontros tecnolgicos, Peridicos, feiras); c) Desenvolvimento interno/ fornecedores (P&D Interno, Licena, Fornecedores).

Quadros et alii (2001) analisou as empresas industriais de So Paulo por meio dos resultados da PAEP/SEAD “Pesquisa da Atividade Econmica Paulista” no perodo de 1994/96. A pesquisa engloba mais de 10.000 empresas industriais de diversos setores. Os autores constataram que a importncia de fontes externas de informao maior para as pequenas e mdias empresas do que para as grandes empresas. No que se refere ao grau de importncia atribudo s fontes de inovao, constataram que clientes, fornecedores e competidores esto em primeiro lugar para as pequenas e mdias empresas, sendo que o departamento interno de P&D aparece somente em sexto lugar, o que indica que a inovao comea em reas que no esto diretamente ligadas a atividades tecnolgicas. J as grandes organizaes possuem clientes em primeiro lugar e o departamento interno de P&D em segundo. Isso demonstra que apesar das grandes empresas seguirem a demanda do mercado para inovar esta baseado na adoo e melhoria de tecnologias.

O estudo dos pases membros da OECD (2000) mostra que as fontes de inovao incluem cooperao com outras empresas por meio de redes, alianas e -ventures; compra de equipamentos importantes, envolvimento com servios especializados em conhecimento intensivo, interao com instituies cientficas, integrao de outras empresas e empresas embrionrias por meio de fuses e aquisies e mobilidade de capital humano altamente qualificado.

Cabe destacar o papel que as universidades esto desempenhando como fonte de informao e/ou tecnologia. Alm da sua funo primordial, que desenvolver pesquisas e atuar como centros de ensino, desempenha tambm um papel de ator econmico e social enquanto fonte de inovao. A cooperao entre empresa/ universidade torna-se ento uma necessidade real para garantir no s o futuro de ambas, como tambm para potencializar conhecimentos e capacitaes sempre crescentes e com maior complexidade medida dos anos. notrio o interesse de se aproximar a cincia e a tecnologia com a economia, por meio da transferncia e do uso do conhecimento para se obter melhorias sociais e econmicas.

2.1 Fatores motivadores para parcerias 692h3e

De acordo com Reis apud Lacerda et alii (2001: 89), as principais motivaes para as empresas procurarem a universidade so em ordem decrescente de importncia: “a) aquisio de novos conhecimentos, estar a par de novas descobertas; b) ter o inovao; c) obter opinies independentes e diferentes; d) identificao dos melhores alunos para contratao; e) melhoria da imagem e do prestgio da empresa aos olhos dos clientes; f) obteno de apoio tcnico para a soluo de problemas; g) os custos de investigao so reduzidos; h) o aos Recursos Humanos da universidade; i) o aos laboratrios e equipamentos”.

Lacerda et alii (2001:91) destacam que as principais barreiras ao processo de cooperao empresa/ universidade para empresa so: “reduzida aplicao prtica dos trabalhos acadmicos; a falta de um rgo de gesto do processo e a complexidade dos contratos; a necessidade de confidencialidade; inexistncia de canais adequados para a interao; falta de uma estratgia da universidade para as relaes com a empresa; falta de uma estratgia da empresa para as relaes com a universidade; diferentes noes de timing”.

Os autores ressaltam que para se estabelecer uma parceria eficaz entre universidade/empresa, necessrio ar por trs fases: de conhecimento, confiana e de consolidao. A primeira consiste nos mecanismos de aproximao, ou seja, o conhecimento mtuo entre ambas as instituies. A segunda refere-se aos mecanismos de interao, em que ambas as partes se interagem para estabelecer confiana mtua. E a ltima est relacionada aos mecanismos de integrao por meio de projetos regidos por contrato ou em conjunto, em que feita a consolidao efetiva da parceria.

2.2 O processo de Inovao no Setor de Telecomunicaes 5e3n5a

As telecomunicaes vm ocupando cada vez mais uma posio de destaque, no mbito mundial, em face do intenso desenvolvimento tecnolgico atribudo ao setor, e da globalizao de atividades produtivas e financeiras. Como o setor de telecomunicaes extremamente dependente de inovao, caracterizado como usurio e promotor de desenvolvimento tecnolgico proveniente de vrias fontes geradoras de pesquisa e informao. Fontes tradicionais, como universidades e centros de pesquisa tm novas configuraes de atuao por meio de parcerias com empresas do setor, bem como os concorrentes e/ou fornecedores-clientes que se unem para realizao de P&D.

Segundo Szapiro (2000), o sistema de inovao das empresas do Setor de Telecomunicaes instaladas no Brasil sofreu mudanas drsticas devido a privatizao que permitiu uma atrao de investimento estrangeiro para o setor, tanto para o fornecimento de servios, quanto para a indstria de equipamentos, ocorrendo uma reduo de esforos tecnolgicos locais.

Observa-se que para as subsidirias de MNCs (Multinancionais), a principal fonte de tecnologia a companhia me e que as novas MNCs no tm desenvolvido uma base tecnolgica forte no pas, o que gerou um efeito ruim no sistema de inovao local; o qD, que era a principal fonte de inovao para o setor anteriormente est reduzindo o nmero de projetos de pesquisa e aumento o nmero de consultorias e assistncia tecnolgica de curto prazo devido a sua necessidade de recursos . (Szapiro, 2000)

De acordo com Szapiro (2000), h grande preocupao com a disperso da capacidade tecnolgica brasileira devido a essa mudana estrutural ocorrida na dcada de 90, pois este processo est provocando a modificao de institutos de pesquisa e organizaes do setor.
Entretanto, a Lei de Informtica n10.176 de 11/01/2001, ferramenta criada pelo governo brasileiro para incentivar aquelas empresas que produzem aqui, ao receberem certos benefcios fiscais se investirem em P&D, tem propiciado a criao de inteligncia nacional e fomento ao setor de telecomunicaes.

Vieira e Ohayon (2002) destacam o papel do governo na promoo das inovaes, principalmente nos pases em desenvolvimento, j que estes possuem papel fundamental na definio dos temas de agenda de pesquisa para o direcionamento dos investimentos e o estabelecimento de polticas pblicas integradas.

Brufato e Maculan (2000), no estudo sobre a dinmica da Inovao no Setor de Equipamentos de Telecomunicaes, revelam no h interaes entre as empresas locais, como tambm no h interaes entre as empresas locais e as filiais de multinacionais instaladas no pas, ou seja, “no h fluxos de tecnologia localizados no pas. Essa limitada articulao das empresas locais com empresas internacionais restringe o o dessas empresas a novas tecnologias e a novos produtos, colocando o pas em uma posio modesta no mercado mundial e revelando que o processo de inovao de gerao de inovaes exgeno ao ambiente nacional”, Brufato e Maculan (2000:9).

Segundo Galina (2001) as mudanas que esto ocorrendo na indstria de telecomunicaes so muito significativas e esto alterando permanentemente suas caractersticas. Com o aumento da concorrncia, entrada de novos atores e o fortalecimento da competio mundial, e as evidncias de que a organizao industrial seguir o modelo de especializao vertical, que est levando as companhias a focalizarem nos segmentos onde so competentes e fazendo com que as empresas procurem ser cada vez mais fortes nas suas reas de atuao. Este fato significa que o desenvolvimento tecnolgico que sempre foi fundamental para essa rea, atualmente um dos principais sustentculos dessa indstria. Assim, as indstrias esto alterando o seu comportamento e estratgias para se tornarem cada vez mais competitivas, levando ao aprimoramento das atividades na rea de pesquisa e desenvolvimento.

A autora ressalta que as estruturas de P&D so cada vez mais globais. Geralmente, quanto mais complexo o desenvolvimento de um produto, maior o envolvimento de outras unidades da companhia e de clientes localizados em vrias partes do mundo. Ela tambm ressalta uma tendncia das empresas em descentralizar o desenvolvimento de produtos. As empresas estudadas possuem desenvolvimento global e realizam atividades cooperativamente com as subsidirias e clientes.

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