Espacios. Vol. 34 (7) 2013. Pg. 8 w2u3q |
Uma abordagem de referncia para implantar a soluo logstica da Teoria das Restries 114411A reference approach to deploy the solution of logistics Theory of Constraints 4t2b6cTito Armando ROSSI Filho 1, Diego Augusto de Jesus PACHECO 2 , Isaac PERGHER 3, Jos Antnio Valle ANTUNES Jr. 4 , Guilherme Lus Roehe VACCARO 5 y Daniel Fonseca da LUZ 6 Recibido: 01-04-2013 - Aprobado: 13-06-2013 |
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RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. Introduo 272e9Um dos principais desperdcios que ocorre nas operaes de manufatura a gerao de estoques (OLIVEIRA, 2004). Os estoques so resultados oriundos da falta de sincronismo entre processos, falhas nas matrias-primas, ausncia de operadores, defeitos de fabricao, entre outros, ou como resposta a incertezas que interferem na fabricao. Atualmente muito tem se estudado sobre o impacto dos estoques, principalmente a partir do surgimento do Sistema Toyota de Produo (STP). Com o STP busca-se principalmente a eliminao dos desperdcios, sendo uma das formas a reduo dos estoques (BACCI; SUGAI; NOVASKI, 2005). Por outro lado, a Teoria das Restries (Theory of Constraints - TOC) defende a necessidade de estoques como parte integrante do projeto do sistema produtivo, ao reconhecer que existe um nvel muito grande de incertezas e conseqentemente variabilidades muito significativas. Diversos estudos cientficos tm sido publicados sobre a aplicao da TOC. No entanto, apenas mais recentemente a TOC tem sido aplicada a problemas da Cadeia de Suprimentos, entre eles os relacionados gesto da distribuio dos produtos, que o foco do presente trabalho. Durante o processo de explorao bibliogrfica sobre o tema, identificou-se uma certa escassez de publicaes cientficas de carter terico e prtico sobre o uso da TOC na gesto da distribuio, principalmente no Brasil. Percebeu-se tambm que no material publicado, muito pouco se desenvolveu a respeito de limitaes quanto sua implementao. Nesse sentido, o presente estudo pretende contribuir com o fechamento dessa lacuna, ao focar no entendimento de aspectos prticos, buscando descrever situaes nas quais existe uma maior probabilidade de que o mtodo no funcione. Alm disso proposto um modelo para ar a aplicao da TOC. Como o artigo busca discutir aspectos prticos, a situao real de uma empresa fabricante de peas para reposio ser apresentada, atravs de um estudo de caso. Organizou-se a discusso do tema da seguinte maneira: a seo dois apresenta o referencial terico sobre gesto da distribuio, estoques e sobre a TOC; a seo trs apresenta a metodologia adotada; na seo quatro apresentado o modelo proposto e na seo cinco apresentado o estudo de caso; e na seo seis so tecidas as consideraes finais acerca do estudo. 2. Referencial terico 4p3e1m2.1 A Problemtica da Gesto Estratgica da Distribuio 485f2yAntes de ser definido um investimento ou um projeto, devem-se ter bem claras quais so as estratgias (CASAROTTO FILHO, 2009). Nesse sentido, Dias (1992) defende que uma das principais preocupaes do gestor, ao analisar as alternativas de distribuio, deve ser no sentido de estudar cada alternativa tendo em vista a operacionalizao a mdio e longo prazo. Dias (1992) sugere que para um correto encaminhamento da deciso sobre que estratgia de sistema de distribuio o fabricante dever adotar, necessrio que ele tenha conhecimento amplo de informaes do mercado, citando: cenrio econmico, quantificao do mercado, qualificao do mercado, estudo de foras e fraquezas da concorrncia e foras e fraquezas da empresa. Alm disso, o autor defende a necessidade do executivo definir os objetivos que pretende atingir com o sistema de distribuio que est sendo estruturado ou pretende reformular, citando: volumes de vendas, nveis de penetrao no mercado e nvel de risco no canal de distribuio. O mesmo autor ainda relata a necessidade de decidir sobre como pretende distribuir os produtos, escolhendo entre distribuio direta, distribuio indireta ou distribuio mista. Nesse sentido, Harmon (1994) afirma que qualquer fase intermediria na rede de distribuio entre o produtor e o cliente final no a de um expediente temporrio, at serem resolvidos todos os problemas que impedem o suprimento direto do produtor ao cliente. 2.2 Gesto de estoques e a variabilidade 274b4eSegundo Corra et al. (2001) os estoques podem ser classificados em trs tipos distintos: estoque de matrias primas, estoque de material semi-acabado e estoque de produtos acabados. Como o enfoque deste trabalho est sobre a gesto da distribuio, o estoque que ser discutido o estoque de produtos acabados, esteja ele na fbrica onde os produtos foram produzidos, no estoque de armazns regionais ou em trnsito. O estoque de produtos acabados funciona como um regulador das diferentes taxas de produo do processo e de demanda do mercado. Essas diferenas podem decorrer de decises gerenciais ou por ocorrncias inesperadas, o que chamamos de incertezas do processo ou da demanda. De acordo com Wanke (2005) a agregao das vendas minimiza a varincia total quando o coeficiente de correlao das vendas entre os mercados –1 e a razo entre as varincias das vendas dos mercados 1. Em linhas gerais, o racional para a reduo da varincia, segundo o autor, a compensao das flutuaes das vendas entre dois mercados: quando as vendas de um mercado crescem, as vendas do outro mercado diminuem da mesma quantidade. Para Santos e Rodrigues (2006) uma grande variedade de itens no estoque aumenta consideravelmente a complexidade do gerenciamento, criando a necessidade de classific-los com multicritrios, como: lead time, obsolescncia, facilidade de substituio, escassez, durabilidade, distribuio de demanda. Antunes Jr. et al. (2008) apontam que so evidentes as relaes entre estoques globais da empresa, como: matria-prima, estoques em processo, produtos acabados e materiais de consumo com os ativos fixos: mquinas, ferramentas e dispositivos, equipamentos, obras civis em conjunto com as necessidades de capital da empresa. Essas relaes se estabelecem porque quanto mais equipamentos forem adquiridos para a configurao do sistema de manufatura, e quanto maior for o volume imobilizado em estoques, maior ser a necessidade de capital da empresa. Ohno (1997) afirma que a reduo de custos deve ser o objetivo dos fabricantes de bens de consumo que busquem sobreviver no mercado atual. Isso ocorre porque durante um perodo de crescimento econmico, qualquer fabricante consegue reduzir custos com uma produo maior. Entretanto, em momentos de crise e recesso difcil conseguir a reduo desses custos com baixos volumes de produo. Os estoques so desperdcios, visto que no acrescentam valor ao produto e demandam gastos. Os estoques de matria-prima, de material em processo e de produtos acabados tambm deveriam ser reduzidos na empresa moderna, que ao trabalhar com pequenos lotes e baixos estoques conseguem aproximar-se de um fluxo contnuo de materiais, chegando muito perto da produo contnua, afirma Bornia (2002). Kendall (2007) sugere como proteo de uma operao “gargalo” a manuteno de um “pulmo”, em frente operao mais crtica de um processo, a fim de absorver as variaes e interrupes que possam afetar a operao que dita o ritmo do sistema produtivo. medida que os resultados forem melhorando, o tamanho do pulmo pode ser revisto a fim reduzir as perdas por estoque, conforme afirma Bornia (2002). Segundo Zilbovicius (1999) os estoques nos arranjos organizacionais so projetados ao mnimo, visando o zero, porm, as prticas quanto a insegurana de mercado alteram os resultados projetados. Como estoque est relacionado diretamente com a grandeza tempo, qualquer estratgia de gesto de estoques necessariamente trabalhar com a gesto dos tempos na produo. Para a lgica japonesa, estoques no representam contribuio para o desempenho da empresa, por isso, no devem existir, descreve o autor. Uma viso antagnica viso japonesa na gesto de estoques e adotada nessa pesquisa a da TOC. 2.3. A Teoria das Restries (Theory of Constraints - TOC) 5d6ufA TOC foi criada pelo fsico israelense Eliyahu M. Goldratt e difundida atravs de livros, games, vdeos, entre outros, tendo vasta aplicabilidade em diversas reas, como por exemplo: produo, vendas, marketing, etc. A exemplo de aplicao desta metodologia, o trabalho de Moellmann et al. (2006) que utilizaram, entre outros, os princpios da Teoria das Restries para melhoria da produtividade em um processo de fabricao. A aplicabilidade da Teoria das Restries nas reas anteriormente citadas provm da utilizao do Processo de Pensamento da TOC, no qual abordado o aprimoramento contnuo dos processos. Segundo Cox e Spencer (2002), o Processo de Pensamento um conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas individualmente ou podem ser interligadas logicamente, permitindo a identificao de problemas centrais, a determinao de solues do tipo ganha-ganha e a determinao e superao dos obstculos possveis para implantao da soluo. As ferramentas que constituem o Processo de Pensamento da TOC possibilitam o diagnstico de problemas, desenvolvimento das possveis solues e a construo de planos de ao. Segundo Alvarez (1995) a tcnica de Disperso das Nuvens constitui-se em um dos pontos marcantes da abordagem do Processo de Pensamento da TOC. O foco central desta ferramenta forar a formalizao de idias e pressupostos, para que seja possvel a resoluo dos conflitos existentes. Segundo Antunes Jr. et al.(2004) a Disperso das nuvens procura formular uma soluo com eficincia para eliminar o problema central, que limita uma melhor performance da organizao. Segundo Sikilero, Rodrigues e Lacerda (2008) busca-se falsear os pressupostos que sustentam as necessidades para que os conflitos possam ser efetivamente resolvidos. A soluo deve emergir a partir da introduo de novas idias ou o falseamento de pressupostos, a isso se d o nome de Injees. Uma caracterstica distintiva deste mtodo a busca de Injees, conforme Figura 1, que sejam solues inovadoras e capazes de quebrar os trade-offs. Assim se procura evitar a soluo de problemas atravs de solues de “compromisso”. Figura 1: Representao genrica do diagrama disperso das nuvens. Fonte: Cox & Spencer (2002). 2.4 A TOC aplicada Distribuio Logstica 9x4sA aplicao do diagrama de Disperso das Nuvens problemtica da distribuio ilustrada por Goldratt (2002) e Nanfang e Kaijun (2007), conforme Figura 2. A ideia de que para proteger as vendas necesrio aumentar o estoque baseada nas seguintes premissas: que o tempo de reposio muito elevado, que os fornecedores no so sempre confiveis e que as previses de demanda no so precisas (NANFANG; KAIJUN, 2007). Figura 2: Diagrama Disperso das nuvens aplicado distribuio. Fonte: adaptado de Goldratt (2002). 3. Metodologia 4a4j21Conforme Vergara (2000), para classificao da pesquisa adota-se como base dois aspectos: os fins, ou objetivos, e os meios, ou procedimentos. Quanto aos fins, a pesquisa exploratria, pois visa favorecer a familiaridade e compreenso do problema investigado, que consiste na realizao de uma anlise preliminar visando implantar os princpios da TOC na gesto da distribuio em uma empresa produtora de componentes automotivos de reposio. Quanto aos meios, a pesquisa bibliogrfica e um estudo de caso. Bibliogrfica, porque para a fundamentao terica foi feita uma pesquisa bibliogrfica buscando-se base para melhor compreenso. E por fim, a pesquisa caracterizada como um estudo de caso. O estudo de caso um mtodo de investigao que se caracteriza pela anlise aprofundada de uma determinada realidade. Em relao aos estudos de caso, “representam a estratgia preferida quando se colocam questes do tipo “como” e “por que”, quando o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenmenos contemporneos inseridos em algum contexto da vida real.” (YIN, 2004; AMATURANGA etal.,2001). Segundo Roesch (1999), adotar o estudo de caso como estratgia de pesquisa relevante por ser capaz de estudar em profundidade os fenmenos dentro de seu contexto, ser adequada ao estudo de processos e possibilitar explorar fenmenos a partir de vrios ngulos. A abordagem a ser adotada foi qualitativa, pois a amostra utilizada no possibilita uma avaliao mais ampla. A metodologia de pesquisa adotada no presente trabalho, o estudo de caso, foi utilizada com dois objetivos: avaliar a aplicabilidade da TOC em um caso real e avaliar o modelo proposto. 4. Apresentao do modelo proposto 5j2l4uA seguir, inicialmente sero apresentadas algumas concluses acerca das necessidades em termos de aplicao prtica dos conceitos em uma empresa, o que ser discutido luz do desenvolvimento de um mtodo. Em seguida tal modelo ser formalizado na Figura 3, com o objetivo de ar a tomada de deciso sobre a aplicao dos conceitos em empresas. No item seguinte, a aplicao do modelo ser ilustrada atravs da realidade de uma empresa. Considerando a aplicao prtica de uma nova sistemtica de trabalho, a primeira dificuldade que precisa ser enfrentada a aceitao da empresa onde se pretende aplic-la. A aceitao ou no da empresa quanto avaliao da mudana do seu sistema de gesto da distribuio, depende de vrios fatores, dentre os quais se podem destacar: a) Grau de maturidade da empresa: dependendo dos desafios que a empresa enfrenta e do quanto a sua estratgica j foi amadurecida, a aplicao dos conceitos da TOC pode ter uma maior ou menor probabilidade de ter uma aceitao inicial. Utilizando a classificao proposta por Wheelright e Hayes (2008) quanto ao estgio da empresa em relao estratgia competitiva, pode-se dizer que as empresas no estgio 1 provavelmente sero reativas aplicao dos mtodos. No estgio 1, conforme referido pelo autor, pouco esforo realizado desde as compras at a distribuio do produto. Na empresa que se encontra nesse estgio, a principal meta manter os custos baixos. b) Abertura da direo da empresa para a aplicao dos novos conceitos: por mais que a empresa esteja aberta a mudanas, se os conceitos que se pretende implementar no so do conhecimento da direo da empresa, portanto no existe um pr-interesse no tema, a aceitao inicial depende de o quanto bem a idia vendida. c) Conhecimento prvio do tema: caso a diretoria da empresa j tenha familiaridade com os conceitos que se pretende adotar, isso pode ajudar o incio da implementao. Nessa primeira fase do modelo, como critrio de deciso sugere-se o seguinte: se a empresa for diagnosticada como estando no estgio 1 em termos de estratgia competitiva, conforme mencionado anteriormente, no seria adequado seguir na implementao do mtodo. Os demais critrios podem at ajudar ou dificultar o seguimento do mtodo, mas no devem ser definidos como critrios necessariamente decisivos. Como ferramentas para ar a sensibilizao da empresa quanto aos potencias benefcios da aplicao dos conceitos de TOC em Distribuio, pode-se lanar mo de recursos como jogos de empresas, treinamentos, etc. Figura 3: Modelo proposto. Fonte: autores (2012). Uma vez aberta a possibilidade de aplicar o mtodo, preciso ter a conscincia que em determinadas operaes, aps uma anlise mais detalhada verifica-se que algumas caractersticas as tornam inviveis para aplicao dos conceitos. Ou seja, nesta etapa do mtodo, obtida a sensibilizao da empresa, ser feita uma segunda verificao quanto viabilidade da aplicao dos conceitos de TOC em distribuio. Uma srie de questes pode ser verificada inicialmente de forma qualitativa. Sugere-se obter respostas s seguintes questes: Existe uma quantidade significativa de pedidos de produtos especiais ou customizada, o que torna invivel a formao de estoques? Os produtos da empresa so de ciclo de vida muito pequeno, o que torna invivel a formao de estoques? Os investimentos em um estoque central so “impensveis” (nos casos da empresa que trabalham apenas por pedido)? Os pontos de consumo esto muito distantes na cadeia de suprimentos em relao empresa, o que torna invivel o recebimento de informaes dirias de consumo? (em distncia entende-se a quantidade de intermedirios). Existe um ou mais programas em fase de implementao na empresa, que resultam em pouco tempo disponvel pelos profissionais da empresa em participar de “mais um projeto”? Se a resposta for “sim” a pelo menos uma das perguntas, deve-se considerar seriamente a possibilidade de no dar seguimento aplicao do mtodo, at que a condio seja eliminada. Na fase final de aplicao do modelo, deve-se fazer um diagnstico detalhado da empresa, atravs de dados qualitativos, ao contrrio das etapas anteriores. Nesta etapa o que se prope basicamente realizar uma comparao entre os resultados atuais da empresa com os resultados tericos caso a empresa viesse a adotar os conceitos da TOC em distribuio. A qualidade da informao obtida nessa fase final do mtodo ir depender da qualidade do modelo feito para representar a situao hipottica que se pretende avaliar. Neste sentido, Moelmann (2008) comenta que se tratando de uma deciso estratgica, estudos devem ser feitos atravs de modernos recursos de simulao, atravs dos quais o comportamento no ambiente da cadeia de suprimentos tradicional pode ser comparado com o mesmo cenrio, poderem adotando-se a metodologia da TOC na distribuio. Vrias informaes precisam ser coletadas, dentre as quais podem ser citadas as relatadas por Moellmann (2008): a) Consumo dirio de todos os pontos de venda que atendem os clientes finais: obtidos a partir dos registros histricos. b) Lead time de transporte dos distribuidores at os pontos de venda: til apenas para comparar os resultados de desempenho do sistema de distribuio. c) Lead time de transporte das fbricas at os distribuidores: tambm nesse caso, til para comparar os resultados de desempenho e tambm para dimensionar os estoques. d) Dimensionamento dos estoques por item: este feito atravs do clculo proposto no mtodo da TOC em distribuio. J Harmon (1994) ao discutir aspectos do ponto de vista qualitativo, indica algumas outras informaes: custo de implementao do software, custos de armazenagem e custos de transporte. A partir do levantamento de todos os dados necessrios para o modelo, feita ento a comparao entre os resultados e tomada a deciso estratgica. 5. Aplicao e discusso do modelo proposto 2g441qA empresa analisada de mdio porte, ela manufatura e comercializa em todo o Brasil peas de reposio para o setor automotivo. uma empresa familiar, que tem crescido em ritmo acelerado nos ltimos 5 anos. A seguir so descritos os os de aplicao do modelo proposto, segundo a Figura 3. No foram necessrias atividades de sensibilizao alm de reunies sobre o assunto, quando foram expostos os potenciais benefcios para a empresa. A direo estava buscando o crescimento da empresa atravs de vrias melhorias, o que ajudou a viabilizar uma abertura para analisar a possibilidade de aplicar os conceitos da TOC em distribuio. Este cenrio foi ainda mais facilitado pelo fato da empresa ter tradicionalmente se desenvolvido, principalmente nos ltimos anos, atravs de um enfoque muito grande nos seus canais de distribuio. Seus clientes so varejistas de peas de reposio de pequeno, mdio e grande porte espalhadas em todo o pas. Avaliando o estgio da empresa em relao estratgia competitiva da empresa, atravs de reunies com a direo da empresa e observao das operaes, verifica-se que a empresa encontra-se numa fase de transio entre os estgios 2 e 3. Conforme Wheelright e Hayes (1998) apud Paiva et al. (2004), nessa situao podem ocorrer alguns problemas de carter comportamental na empresa. Os funcionrios no estgio 2, que apenas seguiam uma srie de procedimentos, no estgio 3 so encorajados a ter iniciativas e fazer escolhas entre diferentes procedimentos. Portanto, ao estar num estgio superior que o primeiro, o mtodo pode seguir adiante. Para a fase de diagnstico inicial, alm de reunies com a diretoria e observao das operaes, foi necessrio um entendimento mais detalhado de questes tticas do sistema de distribuio da empresa. Chamou a ateno j nessa fase o fato da empresa atuar com uma sistemtica de atendimento de pedidos no muito diferente da proposta pela TOC em distribuio. A principal estratgia de empresa quanto ao atendimento de pedidos a seguinte: ter produtos pronta entrega, o que significa entregar para os clientes em qualquer local do pas em menos de 48 h aps o recebimento do pedido. No entanto foi verificado que no existe um controle efetivo de estoques. A definio dos nveis de estoque feita de maneira totalmente emprica, pela prpria rea de produo, a partir da experincia com os volumes de pedidos. Devido a isso a empresa teve que investir em aumentos das reas de inventrio, alm de ser evidente a existncia de estoques em nveis inadequados: h estoque de produtos obsoletos e eventualmente alguns pedidos so recebidos e no h estoque suficiente para atend-lo. Tabela 1: Resumo dos resultados de avaliao de um produto
Observa-se na Tabela 1 que mantendo apenas o armazm central, o total de peas no sistema acaba sendo menor na opo “A” em relao opo “B”, embora na condio “B” a quantidade de peas no armazm central menor. Um resultado interessante que foi verificado que na opo “B” a quantidade de pedidos de reposio para a produo ficou menor; enquanto na verso “A” foram 12, na verso “B” foram 7. Naturalmente necessria certa cautela na avaliao desses dados, pois foi analisado apenas 1 produto e por tempo relativamente pequeno. A Figura 4 ilustra o percentual de penetrao do buffer a cada dia o estoque fsico correspondente no Armazm A (Central). Figura 4: Percentual de Penetrao no buffer por dia no Armazm A (Central). Fonte: autores (2012). Quanto diferena entre a quantidade total de embarques entre cada uma das opes, isso s poderia ser feito adequadamente se fossem considerados todos os produtos, tendo em vista que muitos clientes consomem mais de um tipo de produto e assim solicitam embarques de mais de um produto na mesma remessa. Se no fosse considerado esse aspecto, verifica-se a partir dos dados reais que na opo “A” seriam necessrias 78 remessas entre a fbrica e o cliente, sendo que na condio “B” o total de remessas seria de 16 entre a fbrica (armazm central) e os armazns regionais mais as remessas entre os armazns regionais e os clientes. Esse exemplo demonstra que caso a empresa em questo pretenda avaliar a opo “B”, necessria a elaborao de um modelo bem mais detalhado do que o at ento descrito. Neste modelo deveriam constar parmetros tais como: quantidade de transportes entre a fbrica e os armazns centrais, custos de cada trecho de transporte, etc. A nica dificuldade prevista, que representaria de fato uma mudana significativa, seria obter os dados dirios do ponto de consumo. A dificuldade no est na tecnologia de se fazer isso, mas no interesse dos clientes. Atravs de ofertas interessantes, como o pagamento de multas no caso de atrasos, acredita-se que possa existir um maior interesse por parte deles. Analisando as diferenas de giro de estoque entre diferentes produtos da empresa, sugere-se avaliar a possibilidade de manter estoque de produtos prontos apenas de itens com alto giro e exigncia maior quanto ao prazo de entrega. Para itens com giro mdio manter estoque apenas de componentes. J que alguns componentes so usados para mais que um tipo de produto, isso tambm ajudaria a reduzir ainda mais a variabilidade do consumo. Cabe tambm ressaltar que os dados obtidos, assim como dados adicionais que se poderia obter atravs de uma quantidade mais significativa de produtos, mesmo que indique o tamanho mdio dos estoques que se espera obter, no possvel compar-lo com as quantidades atuais de estoque. Isso ocorre porque a empresa no possui um controle efetivo do estoque; em outras palavras as quantidades atuais no so conhecidas. Antes da implementao dos conceitos da TOC em distribuio nessa empresa, fundamental garantir que os estoques fsicos sejam conhecidos e que exista uma acuracidade em relao aos estoques indicados no sistema de informtica. Pelo que pode ser analisado no estudo de caso em questo, conclui-se o seguinte: a) A implementao dos conceitos de TOC em distribuio seria um o no muito difcil e com grande potencial de ganhos, tendo em vista que ela j possui um armazm central e produz para repor os estoques desse armazm. b) Em primeiro lugar a empresa necessita ter um controle efetivo de seu estoque, incluindo um adequando nvel de acuracidade de inventrio. c) Atravs de uma ferramenta computacional, ser possvel ter um controle efetivo dos nveis de estoque desejados, melhorando de forma substancial o controle atual que feito de maneira visual e a partir de quantidades obtidas de forma emprica. d) Caso a empresa tenha o interesse em avaliar a implementao de armazns regionais, ser necessrio criar um modelo mais completo, podendo ser em planilha eletrnica, para simular os custos e benefcios dessa opo. e) Sugere-se que para os itens com menor giro de estoque, seja mantido apenas um estoque de componentes, tendo em vista que o tempo de reposio a partir da montagem baixo. f) No h dados disponveis para poder indicar empresa qual a reduo prevista dos nveis de estoque, porm fica evidente a diferena de robustez entre a forma atual de definir a reposio dos estoques e a forma como seria com a implementao de uma ferramenta informatizada que utilize os conceitos da TOC em distribuio. Concluses 1y6k4dEste artigo delineou uma das problemticas atuais onde as indstrias esto inseridas e apresentou uma reviso bibliogrfica da Teoria da Restrio aplicada gesto da distribuio, assim como outros temas relacionados. A constatao inicial que estimulou o desenvolvimento deste trabalho (limitada quantidade de trabalhos cientficos nessa rea), confirmou-se a partir de uma busca bibliogrfica mais extensa. Conclui-se que ainda h bastante espao para o desenvolvimento de trabalhos nessa rea, inclusive com estudos de caso avaliando os resultados prticos obtidos. Neste sentido, uma das lacunas que se buscou ajudar a preencher foi o desenvolvimento de um mtodo par avaliar a viabilidade de implementao dos conceitos. Em outras palavras, um artefato que sirva de transio entre a teoria e a prtica. Alm da reviso bibliogrfica que foi apresentada e da proposio de um modelo de aplicao, este artigo buscou, atravs da realidade de uma empresa, discutir as dificuldades prticas na utilizao dos conceitos. Ao comparar os mtodos utilizados pela empresa, que foram criados de forma intuitiva, com os conceitos da TOC em distribuio, teve-se uma grata surpresa de ver que as diferenas no so muito significativas. Talvez justamente pela forma simples como o mtodo atual foi sendo desenvolvido na empresa. As adequaes s prticas atuais para os conceitos da TOC em distribuio parece ser uma seqncia natural para a empresa avaliada. A natureza simples e intuitiva da TOC em distribuio indica que uma grande expanso do seu uso no meio empresarial dever ser uma questo de tempo. Ao mesmo tempo, podes-se dizer que sem a tecnologia da informao no h como tirar proveito das tcnicas apresentadas. Por outro lado, por serem tcnicas relativamente simples, o maior desafio est em configurar adequadamente os parmetros do sistema de distribuio. Alm disso, necessrio desenvolver relaes fortes de parceria nos canais de distribuio e clientes, para que as informaes que iro alimentar o sistema possam ser confiveis. Conforme mencionado anteriormente, existe um espao muito grande para desenvolver trabalhos adicionais nessa rea. Algumas sugestes para trabalhos futuros: um estudo para determinar qual o nvel de penetrao do buffer que deve disparar o aumento do tamanho das faixas; desenvolvimento de um modelo mais completo que o apresentado neste trabalho, para avaliar de forma quantitativa os custos de transporte, distribuio, etc; estudos de caso em empresas de portes e segmentos variados; avaliao de ganhos potenciais enfocando o market share e os resultados da empresa; discusso dos indicadores de “ganho-dinheiro-dia”, que no fez parte do escopo deste trabalho; relaes entre os conceitos da TOC e os conceitos sobre de redes de cooperao. Referncias 4n26zAlvarez, R. R.. Anlise Comparativa de Metodologias para Anlise, Identificao e soluo de Problemas. Dissertao de mestrado, Porto Alegre: Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, Universidade do Rio Grande do Sul, 1995. Antunes Jr., J. A.V. et al. Sistemas de Produo: Conceitos e Prticas para Projeto e Gesto da Produo Enxuta. 1. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008. 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