Espacios. Vol. 34 (7) 2013. Pg. 4 5n3v5d |
Abordagem em Sade e Segurana do Trabalho: Estudo do Perfil dos Servidores de um Hospital Universitrio 1i2n4jApproach to Health and Safety work: Study of the Profile of Servers in a University Hospital 732d4kMarlene Kreutz RODRIGUES 1, Leoni Pentiado GODOY 2, Daniel Benitti LORENZETT, dio Patric GUARIENTI, Odete Teresinha PORTELA y Lucas Kreutz RODRIGUES Recibido: 25-04-2013 - Aprobado: 23-06-2013 |
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RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. Introduo 272e9Nos ltimos anos, as organizaes hospitalares aram a preocupar-se com a qualidade dos servios, focando principalmente na satisfao e at mesmo na superao das expectativas dos clientes. Neste contexto, as organizaes hospitalares buscam diversas aes com o intento de melhorar continuamente a qualidade dos servios prestados. O profissional da rea de sade pode ser chamado de um condutor a auto realizao do homem moderno que encontra dificuldades em dar sentido a vida, se no pelo trabalho. E por ser no local de trabalho que o homem concentra grande parte da sua vida, as condies laborais am a ser fundamentais para o bem-estar fsico e mental do trabalhador. Portanto, a instituio deve investir na qualidade de vida dos funcionrios durante a sua jornada de trabalho, ou seja, na sade e segurana, no desenvolvimento e na satisfao do trabalhador, e no s na tecnologia, atravs de um processo de educao contnua, fornecimento de EPIs, e avaliao de riscos. Acidente de trabalho “o evento sbito ocorrido no exerccio de atividade laboral, independentemente da situao empregatcia e previdenciria do trabalhador acidentado” (Brasil - Ministrio da Sade, 2006). Neste sentido, fundamental que as organizaes hospitalares busquem aperfeioar a qualidade dos servios hospitalares, portanto, o atendimento deve ser flexvel, adaptando-se s necessidades especficas de cada cliente, desde a sua chegada at a sua recuperao. O acidente pode acarretar dano sade potencial ou imediato, provocando leso corporal ou perturbao funcional que pode causar direta ou indiretamente, a morte ou a perda ou reduo permanente ou temporria da capacidade para o trabalho. Inclui-se tambm, o acidente ocorrido em qualquer situao em que o trabalhador esteja representando os interesses da empresa ou agindo em defesa de seu patrimnio, assim como, aquele ocorrido no trajeto da residncia para o trabalho ou do trabalho para a sua residncia (Brasil - Ministrio da Sade, 2006). So inmeros os riscos aos quais os profissionais que atuam em instituies hospitalares so expostos, decorrentes da assistncia direta prestada aos pacientes com diversos tipos de doenas infecciosas de variados graus de gravidade e complexidade. A assistncia implica no manuseio de equipamentos pesados e materiais perfurantes e/ou cortantes muitas vezes contaminados por sangue, fluidos e quimioterpicos. A ocorrncia dos acidentes do trabalho atribuda muitas vezes ao no seguimento dos padres definidos o no uso de Equipamentos de Proteo Individual, entre outros. No entanto, h muitas outras variveis que contribuem para as ocorrncias de falhas como: falta de treinamento; inexperincia; indisponibilidade de equipamentos de segurana; fadiga; repetitividade de tarefas; dupla jornada de trabalho; distrbios emocionais; excesso de autoconfiana; pouca qualificao profissional; desorganizao do servio; despreparo emocional para situaes de emergncia; negligncia; falta de definio clara dos padres de qualidade da instituio, fluxos de trabalho, definio de responsabilidades; capacitaes peridicas e auditorias de avaliao. Apesar da nfase que vem sendo dada nos ltimos anos no Brasil em relao Os acidentes de trabalho que acometem os profissionais que atuam nos servios de sade derivam de complexas inter-relaes e no devem ser analisados de forma isolada. O que realmente deve acontecer uma anlise do contexto dos processos de trabalho e produo, das formas como o trabalho organizado e realizado, das condies de vida dos profissionais expostos, enfim, das cargas de trabalho presentes no dia-a-dia dos trabalhadores. Apesar da existncia da norma de Servios Especializados de Segurana e Medicina do Trabalho (SESMT), estabelecida na Portaria no 3.214/78, nem sempre suas orientaes so seguidas pelo campo. Os espaos de interveno e ateno em sade do trabalhador seguem uma tendncia mundial dos pases que aram por movimentos de Reformas Sanitrias semelhantes. Sabendo que, o grande patrimnio das instituies so as pessoas, justifica-se conhecer a caracterstica de seus profissionais e o meio que os circunda no ambiente de trabalho para poder direcionar os investimentos em prol da melhoria contnua dos processos e servios. Justifica-se, assim, a realizao deste estudo para caracterizar os profissionais da sade do Hospital Universitrio de forma a identificar o perfil do trabalhador nos quesitos sade, qualidade de vida, e atualizao profissional. Realizado este diagnstico pretende-se propor estratgias que num segundo momento, sero colocadas em prtica para melhoria da qualidade de vida das pessoas na instituio, da qualidade dos servios e da satisfao e comprometimento dos servidores tornando o Hospital mais produtivo. 2. A importncia da prestao dos servios em sade pblica pelos Hospitais Universitrios 6v5q3gMundialmente, a tendncia em gesto reforar a ideia da qualidade como instrumento-chave na busca da sobrevivncia em um mercado competitivo. Neste contexto, o ser humano volta a ser elemento essencial para que as empresas obtenham resultados com qualidade e em consequncia a produtividade. Durante vrias dcadas o foco estava mais voltado para incorporao tecnolgica. Hoje se sabe que necessrio um equilbrio onde o profissional tem um papel vital para o sucesso da empresa. Razo pela qual cada vez mais esto sendo definidas estratgias de valorizao e segurana das pessoas na empresa. Tomando por base a importncia dos servios prestados pelo Hospital Universitrio em estudo, a sua variedade de especializaes no atendimento ao cliente, alm de sua importncia para a qualidade de vida da populao da regio central do estado do Rio Grande do Sul, beneficiados com esse atendimento. Portanto, reconheceu-se a necessidade de um estudo sobre a caracterizao do perfil scio-profissional de servidores de um hospital universitrio localizado no sul do Brasil. O hospital no se entende sem a comunidade que ele serve, sendo nessa que encontra justificativa de sua prpria existncia. Hospital e comunidade necessitam-se reciprocamente, so interdependentes, um para se sentir amparado o outro para cumprir uma misso de solidariedade. Na verdade, se pensarmos em sade e vida, entende-se que o hospital um instrumento que garante e promove a sade da comunidade, desempenhando uma srie de atividades que exigem qualidade. Mas, para que isso acontea necessrio que a equipe de atendimento aos clientes esteja satisfeita no trabalho e tambm com o ambiente para poderem desenvolver seus potenciais para a plena realizao como profissional. Conforme Berndt e Coimbra (1995), a raiz da qualidade de vida envolve a concepo pluralista do trabalho. O hospital em estudo de grande porte e alta complexidade. Conta com cerca de, 1.824 funcionrios (pblicos 1348, terceirizados 363 e contrato determinado 113), que esto expostos a vrios tipos de riscos: biolgicos, qumicos, fsicos, mecnicos e ergonmicos. Tambm preocupante o nmero de atestados/afastamentos concedidos por acidente de trabalho, acidentes de trajeto, Leses por esforo repetitivo (LER)/ Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), depresso, estresse entre outros. Em mdia, no ano de 2008 mantiveram-se afastados 77 pessoas (servidores pblicos) por dia do seu ambiente de trabalho correspondendo a 5,59% da fora de trabalho, sendo que a mdia no Brasil est em torno de 1,6%. Por isso realizar um estudo que faa um diagnstico e possa apontar possveis estratgias de resoluo de muita valia e importncia para a prpria instituio. 2.1 Gesto em servios de sade 5z5r19O comportamento humano nas organizaes bastante imprevisvel, isso ocorre porque ele nasce de necessidades humanas e dos sistemas de valores. Todavia ele pode ser parcialmente compreendido em termos de pressupostos das cincias do comportamento da istrao e outras disciplinas. Diante de tantas variaes de comportamento humano, como a empresa obtm os melhores resultados de seus profissionais? No existem frmulas simples para se trabalhar com pessoas. No existe uma soluo perfeita aos problemas da organizao. Tudo o que pode ser feito aumentar o nosso conhecimento e habilidades de tal forma que os relacionamentos no trabalho possam ser mais bem avaliados. Assim, identificar e valorizar as potencialidades de cada profissional. Quando as pessoas entram numa organizao, trazem consigo certas foras e necessidades que afetam seu desempenho na situao de trabalho. Algumas vezes, “so facilmente perceptveis, mas frequentemente tais foras e necessidades so difceis de determinar e satisfazer, alm de variarem enormemente de uma pessoa para outra”. (Feldman, 2008) O ponto vital que a estrutura organizacional “ um arranjo das relaes de trabalho de indivduos e no simplesmente um processo impessoal de unir tijolos para construir um edifcio”. Sendo um sistema de ordenao de seres humanos complexos, est sujeita, em determinados casos, as modificaes que as possveis combinaes de personalidades possam exigir. (Boog, 2002) A capacidade de liderana de um gestor consiste no poder de motivar, dirigir, influenciar e comunicar-se com seus subordinados. Os es s podem liderar se os subordinados estiverem motivados para segui-los. Os gestores trabalham com as pessoas e por intermdio delas. A motivao curiosa porque os motivos no podem ser observados ou medidos diretamente, tem que ser inferidos do comportamento das pessoas. As reaes das pessoas satisfao ou a no satisfao de uma necessidade variam. Quanto mais conseguirmos conhecer as pessoas que nos cercam e a ns mesmos, mais capazes seremos de entender suas necessidades e o que as motivar. Todavia, o comportamento humano depende de tantas variveis e alternativas que somos obrigados a fazer previses incorretas num bom nmero de vezes. Pesquisa como a que est sendo proposta ajuda a minimizar erros por apresentar a opinio direta dos profissionais e pacientes. 2.2 Sade e Segurana no trabalho l2k61O hospital, de maneira geral, reconhecido como um ambiente insalubre, penoso e perigoso para os que ali trabalham, estudos anteriores aponta que, neste local h favorecimento para o adoecimento. Alm dos riscos de acidentes e doenas de ordem fsica aos quais, os trabalhadores hospitalares esto expostos, o sofrimento psquico tambm bastante comum e parece estar em crescimento, diante da alta presso social e psicolgica a que esto submetidos queles trabalhadores, tanto na esfera do trabalho quanto fora dela. As difceis condies de trabalho e de vida podem estar relacionadas com a ocorrncia de transtornos mentais, como a ansiedade e a depresso, frequentes entre os profissionais da sade. A diviso do trabalho no hospital reproduz em seu interior a evoluo e a diviso do trabalho no modo de produo capitalista, sendo preservadas, no entanto, as caractersticas caritativo-religiosas. O hospital carrega o nus da dor, da doena e da morte desde sua criao. O processo de trabalho hospitalar parcelado e reproduz as caractersticas da organizao do trabalho industrial, o que produz trabalhadores ora compromissados, ora desesperanados. Eles frequentemente repetem a lgica do trabalho taylorizado, muitas vezes oculto pelo discurso do trabalho em equipe. (Silva, 1998). A incorporao de novas tecnologias no significa, nesse setor, o alvio da labuta humana, ao contrrio, o setor essencialmente de trabalho intensivo. Na literatura cientfica cresce o nmero de relatos referentes a agravos psquicos, a medicalizaes e a suicdios de mdicos, enfermeiros e porteiros de hospitais. (Pitta, 1991) As estatsticas mundiais de acidentes de trabalho, apesar de serem subnotificadas, so alarmantes. Mundialmente os acidentes so responsveis por mais de 120 milhes de ferimentos e pelo menos 220 milhes de mortes por ano. Ocorre cerca de 160 milhes de doenas ocasionais por ano. (Pessini, 2000). As atividades dos profissionais de sade so fortemente tensigenas, devido s prolongadas jornadas de trabalho, ao nmero limitado de profissionais e ao desgaste psicoemocional nas tarefas realizadas em ambiente hospitalar (Guimaraes, 1999). O ambiente hospitalar apresenta aspectos muito especficos como excessiva carga de trabalho, o contato direto com situaes limite, o elevado nvel de tenso e os altos riscos para si e para os outros. A necessidade de funcionamento diuturno, que implica na existncia de regime de turnos e plantes, permite a ocorrncia de duplos empregos e longas jornadas de trabalho, comuns entre os trabalhadores da sade, especialmente quando os salrios so insuficientes para a manuteno de uma vida digna. Tal prtica potencializa a ao daqueles fatores que, por si s, danificam suas integridades fsica e psquica. (Segurana e medicina do trabalho, 2000). Diante desse complexo e diferenciado ambiente de trabalho, o governo federal implantou em 2004, a Poltica Nacional de Sade do Trabalhador do Ministrio da Sade a qual visa reduo dos acidentes e doenas relacionadas ao trabalho, mediante a execuo de aes de promoo, reabilitao e vigilncia na rea de sade. Suas diretrizes, descritas na Portaria n 1.125 de 6 de julho de 2005, compreendem a ateno integral sade, a articulao intra e intersetorial, a estruturao da rede de informaes em Sade do Trabalhador, o apoio a estudos e pesquisas, a capacitao de recursos humanos e a participao da comunidade na gesto dessas aes. Alm disso, em esfera interinstitucional, o Ministrio da Sade desenvolve uma poltica de ao integrada com os ministrios do Trabalho e Emprego e da Previdncia Social, a Poltica Nacional sobre Sade e Segurana do Trabalho (PNSST), cujas diretrizes compreendem: I - Ampliao das aes, visando a incluso de todos os trabalhadores brasileiros no sistema de promoo e proteo da sade; II - Harmonizao das normas e articulao das aes de promoo, proteo e reparao da sade do trabalhador; III - Precedncia das aes de preveno sobre as de reparao; IV -Estruturao de rede integrada de informaes em Sade do Trabalhador; VI -Promoo de agenda integrada de estudos e pesquisas em segurana e Sade do Trabalhador. Neste contexto, a istrao dos servios de sade deve ser reorganizada para oferecer a eficcia necessria para assim os sistemas e servios mostrarem efetividade. A proteo do trabalhador das organizaes hospitalares, no momento que executam as atividades vem sendo uma das maiores preocupaes na rea da sade. Os esforos desenvolvidos pelos sistemas de sade permitiram sensvel reduo no nmero de acidentes, assim como efetiva proteo do acidentado e seus dependentes (SILVA, 2011). Para Paoleschi (2009) A CIPA deve abordar as relaes entre homem e o trabalho, objetivando a constante melhoria das condies de trabalho para preveno de acidentes e doenas decorrentes do trabalho. A sade do trabalhador tradicionalmente manchada por conjunturas de empregadores negligentes e corporaes que sacrificam tudo pelo lucro. Segundo Falco e Rousselet (1999), os acidentes de trabalho, em sua maioria, poderiam ser evitados, se houvesse uma maior ateno ao fenmeno, desde o planejamento e o gerenciamento, at os processos de execuo das prticas em Sade e Segurana no Trabalho. A citao dos autores confirmada pelo Aquino (1992) destacando que por meio do treinamento que o empregado melhora o exerccio de sua funo e sua conduta dentro da organizao. Dessa forma, essas tecnologias sofisticadas exigem como garantia ao funcionrio da sade, treinamento para executar as operaes do equipamento com adequada segurana. O processo da segurana no trabalho fundamental no setor de sade, pois o trabalhador da rea de sade responsvel pela vida dos clientes que entram nesse processo. 2.3 Acidentes de trabalho 1dt3jPara Hemritas (1994) acidente uma ocorrncia no programada, inesperada, que interfere no progresso ordenado do trabalho ou interrompe-o. Os acidentes tambm so vistos como fenmenos individuais ou s a um dos componentes do sistema sociotcnico aberto envolvido na atividade que era desenvolvida. Para Silva (2011), os acidentes podem ser previstos, se so previstos podem ser evitados, sendo que, os acidentes em geral so o resultado de uma combinao de fatores. Portanto, entre esses fatores esto s falhas humanas e falhas de materiais. Sendo os fatores indutores de acidentes, o tempo, os equipamentos, as mquinas, o tempo os homens e materiais. Analisando os fatores. Levando-se em considerao a especificidade da definio legal, Zcchio (1971); Cutuli et al. (1977); UNESP (1994); e Schlosser & Debiasi (2001) propam um conceito tcnico de acidentes, mais amplo, com um objetivo prevencionista. No entanto para esses autores, acidente de trabalho so todas as ocorrncias programadas que modificam a rotina normal de trabalho, podendo resultar em perdas de tempo e danos materiais ou fsicos ao trabalhador. Os tipos de acidentes em sua maioria provm de condies inseguras, por exemplo, mquinas sem proteo, piso escorregadio, arranjo fsico perigoso e ambiente imprprio. Atos inseguros so aqueles tais como, dispositivo de segurana inoperante, utilizar equipamento inseguro, brincar em servio, no utilizar equipamento de proteo individual (EPI). Pode-se dizer tambm que atos inseguros so devidos ao elemento humano, compreendem caractersticas fsica e mental. 2.4 Qualidade de vida no trabalho 254a5A expresso qualidade de vida no trabalho foi introduzida, publicamente no incio da dcada de 70, pelo professor Louis Davis (UCLA, Los Angeles). A literatura sobre a QVT tem sua origem da disciplina de Relaes do Trabalho Industrial (Hsu & Kernohan, 2006). Surge um movimento pela Qualidade de Vida no Trabalho, QVT, principalmente nos EUA, devido preocupao com a competitividade internacional e o grande sucesso dos estilos e tcnicas gerenciais dos programas de produtividade japonesa, centrado nos empregados. Esta foi a primeira sugesto de que a QVT pode causar efeito sobre a produtividade (Nayeri & Noghabi, 2011). Tanto a Qualidade de Vida no Trabalho, QVT, quanto um processo e QVT como um resultado parecem inconsistentes, tornando-se difcil a defino de QVT (Cheung & Tang, 2009). Existia uma tentativa de integrar os interesses dos empregados e empregadores atravs de prticas gerenciais capazes de reduzir os conflitos. Outra tentativa era a de tentar maior motivao dos empregados, embasado suas filosofias nos trabalhos dos autores da escola de Relaes Humanas, como Maslow, Herzberg e outros. O termo qualidade de vida tem sido usado com crescente frequncia para descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avano tecnolgico, da produtividade e do crescimento econmico (Feigenbaum, 2007). A qualidade tem a ver, essencialmente com a cultura da organizao. So fundamentalmente “os valores, a filosofia da empresa, sua misso, o clima participativo, o gosto por pertencer a ela e as perspectivas concretas de desenvolvimento pessoal que criam a identificao empresa – empregado”. (Matos, 1997, p.40). Seguindo a afirmao do autor “a qualidade antes de tudo uma questo de atitude, feita e garantida pelas pessoas, muito mais do que o sistema, as ferramentas e os mtodos de trabalho” (p.24). O ser humano traz consigo sentimento, ambies, cria expectativas, envolve-se, busca o crescimento dentro daquilo que desenvolve e realiza. Assim, o homem no trabalha somente em funo de obteno de salrio, se frustra com a falta de crescimento, se aborrece com o descaso de seus gestores que apenas lhe cobram a tarefa e no o integram s estratgias da empresa que lhe negam o o s informaes, que o tratam apenas como uma pea a mais no processo de produo. A tecnologia de Qualidade de Vida no Trabalho pode ser utilizada para que as organizaes renovem suas formas de organizao no trabalho, de modo que, ao mesmo tempo em que se eleva o nvel de satisfao do pessoal, eleve-se tambm a produtividade das empresas como resultado de maior participao dos empregados nos processos relacionados ao seu trabalho. A qualidade total teve influncia para o desenvolvimento da qualidade de vida no trabalho, principalmente em funo da maior participao dos funcionrios nos processos de trabalho. Uma tentativa de eliminao da separao entre planejamento, execuo, promovida principalmente pelos sistemas tayloristas e fordistas, descentralizao das decises, reduo de nveis hierrquicos, superviso democrtica, ambiente fsico seguro e confortvel, alm das condies de trabalho capazes de gerar satisfao, oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal. Davis e Newstron (1991, p.47) afirmam que “embora no haja respostas simples para a questo da motivao, um importante ponto de partida reside na compreenso das necessidades do empregado”. No entanto hoje esto disponveis na literatura inmeros estudos sobre motivao e nos permitem implantar estratgias atuais com comprovada aplicao dos resultados organizacionais. Atualmente, devido ao avano da inovao tecnolgica na rea da sade, busca-se novas estratgias para induzir as pessoas a serem criativas para poder assumir uma postura transformadora diante da velocidade constante de mudanas. Para Hackman e Oldham (1975), a qualidade de vida no trabalho est relacionada s atividades exercidas e envolvem tanto caractersticas objetivas das tarefas como a avaliao que o indivduo faz das mltiplas determinaes de seu contexto de trabalho. Nesse sentido pode-se afirmar que, os recursos humanos so os principais agentes inovadores desde que estejam satisfeitos com seu trabalho, atravs da valorizao da qualidade de vida. Para Martins (2002) a qualidade de vida requer satisfao no trabalho, motivao para a execuo das tarefas, o aperfeioamento constante e a valorizao do ser humano. Neste mesmo sentido Quellas & Morgado (1993) a qualidade de vida no trabalho pode ser entendida como bem estar relacionado ao emprego do indivduo e a extenso em que sua experincia de trabalho compensadora, satisfatria despojada de estresse e outras consequncias negativas. A revoluo atual, que insere o trabalhador na era do conhecimento, requer dele desenvolvimento de habilidade para lidar com um mundo extremamente complexo, incerto e instvel. Todo o sistema de foras que atuam sobre o empregado tem que ser levado em considerao para que a motivao do mesmo possa ser adequadamente compreendida. Este sistema consiste em trs variveis que afetam a motivao nas organizaes: as caractersticas individuais, as caractersticas do trabalho e as caractersticas da situao do trabalho. 3. Metodologia da pesquisa 2f5b5oEstudo do tipo descritivo com abordagem quantitativa. Como estratgia de pesquisa, optou-se pelo estudo de caso (Giomo et al., 2009). As categorias abordadas foram: auxiliares e tcnicos em enfermagem, enfermeiros, mdicos, fisioterapeutas, nutricionistas, farmacuticos, farmacuticos bioqumicos, psiclogos, tcnicos em radiologia e tcnicos e auxiliares de laboratrio. O campo de estudo foi um hospital universitrio federal localizado na regio sul do Brasil. Trata-se de uma instituio de grande porte, atende mdia e alta complexidade, e referncia para 43 municpios da regio (1.100.000 hab.), em diversas especialidades, na formao de recursos humanos na rea da sade e no desenvolvimento de prticas acadmicas multidisciplinares. Conta com cerca de 1.824 profissionais. A amostra da populao deste estudo foi selecionada de forma aleatria entre os profissionais da sade do hospital. Para a estimativa do nmero de participantes na pesquisa, foram considerados os seguintes critrios de incluso:
Procedida a , o o seguinte foi decidir o critrio de excluso onde abrangeu: os profissionais em frias, em atestados mdicos, em licenas e aqueles que no concordaram em participar da pesquisa. Aps a concesso da permisso para a realizao da pesquisa pela Direo de Ensino e Pesquisa do Hospital, o projeto foi encaminhado ao Comit de tica e Pesquisa de uma Instituio de Ensino Superior pblica federal para anlise, atendendo-se ao recomendado pela Resoluo n 196/96, do Conselho Nacional de Sade, tendo sido aprovado, sob-registro de Certificado de Apresentao para Apreciao tica (CAAE): 0129.0.243.000-09. Obedecidos tais critrios, obteve-se uma amostra de 349 profissionais, estratificado por categoria profissional. Nas categorias que existem menos de dez profissionais utilizou-se toda a populao. O instrumento de coleta de dados foi validado aps ser aplicado para 10 profissionais, constando-se a necessidade de adequao de alguns itens. Procedeu-se a coleta de dados no perodo de maio a junho de 2011. As informaes coletadas foram digitadas em banco de dados apropriado, criado a partir do Programa MS Excel. Aps a alimentao deste banco de dados e conferncia das informaes, procedeu-se a sua anlise. O tratamento dos dados ocorreu por meio da estatstica descritiva. Os resultados encontrados foram discutidos com os dados da literatura sobre o tema e sero apresentados a seguir. 4. Resultados e discusses 685t4xA populao estudada composta por 270 pessoas do sexo feminino e 79 do sexo masculino e esto distribudos em 10 categorias profissionais conforme Figura 1. Figura 1. Distribuio da populao quanto categoria profissional
Os dados evidenciam um contingente maior de pessoal na categoria de Auxiliar e Tcnicos de Enfermagem, seguido por mdicos e enfermeiros. Na categoria, mdicos, esto inclusos os bolsistas residentes, o que justifica o nmero de profissionais maior do que enfermeiros, porm quando analisado sob o ponto de vista de equipe, a enfermagem tem uma representatividade maior do que os demais (62,2%). Em relao ao gnero, sob a tica de equipe, observa-se que a enfermagem uma profisso predominantemente feminina do total entrevistado 77,4%, apenas 22,6% so do sexo masculino. Segundo os padres da diviso do trabalho, a predominncia da mulher na enfermagem, historicamente, est relacionada atividade de cuidar dos doentes com caractersticas tecnolgicas prprias de assistir, alimentar, higienizar, prover elementos indispensveis ao bom desenvolvimento do enfermo (Spindola, 2000), observe a Figura 5. Entre os profissionais da sade do hospital, a mdia de idade de 40 anos, sendo a mnima 23 e a mxima 66 anos (Figura 2). Figura 2. Faixa etria e genero Os funcionrios, na sua maioria so casados, o que coincide com resultados de outros estudos (Spindola, 2000). Em relao ao nmero de filhos houve uma variao entre nenhum at cinco filhos, predominando um ou dois filhos por profissionais. Em um estudo realizado no Rio de Janeiro, em hospital pblico versando sobre ser mulher, me e trabalhadora de enfermagem, as participantes, em seus discursos, evidenciaram a dificuldade em conciliar os diversos papis assumidos pela mulher com a rotina domstica que absorve o seu cotidiano porque tudo o que ocorre em casa requer sua ateno, seu envolvimento. No trabalho, assumem suas atribuies de rotina como os demais trabalhadores contribuindo para a sobrecarga no trabalho. Assim, o cansao com a dupla jornada muitas vezes um fator que interfere em suas opes na vida familiar em relao ao nmero de filhos, j que a sobrecarga maior de responsabilidade sobre os filhos e as rotinas domsticas ainda recaem sobre elas (Brasil - Ministrio da Sade, 2001). Analisando os dados referentes ao grau de instruo (Figura 3), verificou-se que a maioria dos participantes da pesquisa possui nvel mdio, superior e grande parcela, especializao. Figura 3. Escolaridade e estado civil Ao relacionar os profissionais entrevistados com o nmero de ocupaes, tem-se: 72,9% possuem uma; 22,8% duas; 3,4% trs; 0,6% quatro; e 0,3%, cinco empregos (Figura 4). Figura 4. Nmero de filhos e de empregos Para avaliar a sade do trabalhador e os acidentes de trabalho junto aos profissionais da sade do hospital abordaram-se os aspectos relacionados ao uso de Equipamento de Proteo Individual (EPI), a identificao de doenas que afastaram os profissionais do trabalho nos ltimos dois anos, a incidncia de doenas crnicas e hbitos saudveis de vida, a fim de propor estratgias para a promoo da sade. 4.1 Acidentes de trabalho 5z306aA concepo de acidente de trabalho, nesta pesquisa, qualquer evento que ocorre durante o desempenho laboral ou durante o deslocamento entre a residncia e o local de trabalho. A doena profissional a que foi produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho inerente atividade. Todo acidente de trabalho deve ser registrado na instncia previdenciria competente, utilizando-se a Comunicao de Acidentes de Trabalho (CAT) para este fim (Spindola, 2000). Em relao aos fatores de riscos para a sade do trabalhador, a Organizao Pan-Americana da Sade (OPAS), define risco presentes ou relacionados ao trabalho e, classifica em cinco grandes grupos: riscos biolgicos, fsicos, qumicos, ergonmicos e psicossociais (Blsamo e Felli, 2006). Cerca de 46,8% dos profissionais entrevistados afirmaram ter sofrido algum acidente de trabalho. Quanto ao tipo (Figura 5), destaca-se o perfuro cortante (32,7%), seguido de respingo (14,8%). Vale ressaltar que acidentes com respingo, geralmente ocorre por falta de uso do Equipamento de Proteo Individual (EPI), principalmente culos, em procedimentos que os expe ao contato com o sangue. Ainda, foram relatados acidentes de percurso, contato com doena contagiosa, inalatrios, mordida de pacientes, traumatismo. Figura 5. Principais causas de acidentes de trabalho Em relao ao uso de EPI, 49,8% (n=165) dos participantes responderam que sempre utilizam Equipamento de Proteo Individual (EPI) recomendado; 46,5% (n=154) s vezes 2,7% (n=9) no se aplicam e 0,9% (n=3) nunca usa. Do total da amostra 5,2% (n=18) no responderam a questo. As justificativas para no utilizar o equipamento de proteo individual foram: falta de material (n=13), esquecimento, descuido ou negligncia (n=12), em emergncia e por falta de tempo (n=5), diminui a sensibilidade (n=4) e ser desconfortvel (n=2). Este fato relevante, na medida em que, estudos realizados (Zenkner, 2006) mostraram que a exposio a materiais biolgicos constitui preocupao de todos os profissionais em relao aos fatores de riscos decorrentes do contato direto ou indireto com sangue e outros fluidos corporais. Isto especialmente, no que se refere Sndrome da Imunodeficincia Adquirida (AIDS) e s Hepatites B ou C, doenas, cujos agravos trazem consequncias nocivas sade dos trabalhadores (Oliveira, 2003). Ocorrem de uma a quatro soros converses positiva por HIV (Vrus da Imunodeficincia Humana) a cada 1.000 punes acidentais. A contaminao de trabalhadores da sade por vrus da Hepatite B , porm, bastante alta, devido sua alta capacidade infectante (risco mdio de infeco de cerca de 3%). Por vrus da hepatite C um pouco mais baixa, estando em cerca de 1%. Neste sentido, Shimizu e Ribeiro (2002) aponta a capacitao do trabalhador para a segurana no trabalho como uma estratgia na preveno de acidentes, o que produz excelentes resultados quando associado melhoria contnua dos ambientes e da organizao do trabalho0. Este autor ressalta ainda que, o servio deve oferecer abertura ao funcionrio para que ele possa discutir ponderar e propor medidas de melhorias, tanto no ambiente quanto na organizao dos processos de trabalho. Apesar dos profissionais serem conhecedores dos riscos, estudos mostra que mesmo aps treinamento sobre o uso das precaues-padro, os estudantes e trabalhadores da sade de um hospital no Rio de Janeiro, no adotavam a lavagem das mos antes e aps a realizao de procedimentos, bem como continuavam reencapando as agulhas utilizadas. A maioria dos profissionais da sade conhece a importncia do seu uso, porm no tem o cuidado de us-los ao prestar assistncia aos pacientes. Certamente os profissionais tm dificuldade em incorporar as medidas preventivas contidas nas precaues-padro, porque requer nova aprendizagem e, principalmente, mudana de hbitos (Scco et al., 2003). Registrar adequadamente os acidentes de trabalho responsabilidade tanto do profissional quanto do hospital, pois as informaes contidas no formulrio da CAT so de grande contribuio no apenas para o setor previdencirio, estatstico e epidemiolgico, mas tambm para os setores trabalhistas e sociais (Ribeiro e Shimizu, 2007). A no notificao de acidentes uma prtica usual entre os trabalhadores brasileiros, tanto devido ao desconhecimento da necessidade desse tipo de registro, quanto ao excesso de procedimentos burocrticos. A subnotificao dos acidentes causados por materiais prfuro-cortantes e fluidos biolgicos bastante alta porque os profissionais da sade do pouca importncia para esse tipo de acidente, apesar do constante risco de adquirir doenas. Dentre os motivos apresentados, destacam-se: a percepo de que a leso pequena e a crena de que no ir causar danos para a sade (Scco et al., 2003) e ainda, a complexidade do fluxograma da notificao, o medo dos resultados das sorologias para HIV, HBV e HBC, e a indevida importncia ao fato (Spindola, 2000). Neste estudo, a categoria profissional que teve o maior nmero de acidentes de trabalho foi a dos auxiliares e tcnicos de enfermagem 48,1% (n=78), seguida pelos enfermeiros 21,6% (n=35) e mdicos 16,7% (n=27). Farmacuticos e tcnicos de laboratrio, ambos, com seis acidentes, farmacutico bioqumico e tcnico de radiologia, ambos, com trs acidentes; fisioterapeuta e tcnico de farmcia com dois acidentes em cada categoria; psiclogo com um acidente e a categoria que no apresentou acidente de trabalho foi a de nutricionista. Possivelmente, esta maior frequncia de acidentes entre os trabalhadores da enfermagem, quando comparada a outras categorias profissionais, decorre da complexidade do processo de trabalho da enfermagem, pois so esses profissionais que convivem mais tempo com os pacientes, realizam cuidados diretos e ininterruptos nas 24 horas do dia. Procedimentos que os expem ao risco de acidentes, tais como: preparo e istrao de medicao, coleta de sangue, puno venosa e realizao de glicemia capilar. O nmero de profissionais reduzido aliado a gravidade do quadro clnico dos pacientes, a complexidade dos cuidados e a carncia de materiais e equipamentos tambm so fatores que contribuem para aumentar o nmero de acidentes entre os auxiliares e tcnicos de enfermagem. Tambm alguns estudos apontam que quanto menor o grau de qualificao profissional maior o risco de sofrer acidente de trabalho (Scco et al., 2003). No caso de acidente, pesquisa (Sarquis e Felli, 2002) sugere que o foco de anlise deve incluir o estudo dos processos de trabalho em que os trabalhadores esto inseridos, bem como, o seu contexto de vida, uma vez que, estes interferem diretamente no desencadeamento destes agravos. A maioria dos acidentes de trabalho, que comprometem a sade do trabalhador, est relacionada diretamente com o instrumento de trabalho utilizado para executar a sua funo, com seu ambiente de trabalho, bem como com a quantidade de servio que esse trabalhador desenvolve. Os autores afirmam que ritmo acelerado de trabalho, a dupla jornada desenvolvida por alguns profissionais so geradoras de acidentes e podem comprometer a sade dos trabalhadores. Esse aumento do ritmo na produo , tambm, gerador de ansiedade e medo no trabalhador, pois estar mais exposto aos riscos e a probabilidade da ocorrncia dos acidentes (Brasil - Ministrio do Trabalho e Emprego, 2007). Ao relacionar a ocorrncia de acidente de trabalho com o nmero de empregos verificou-se que dos profissionais que possuem um emprego 49,4% (n=125) sofreram acidente, os que possuem dois empregos sofreram 41,7% (n=33), com trs empregos sofreram 25% (n=3) e os trabalhadores com quatro empregos sofreram apenas 0,3% (n=1) dos acidentes. Esses dados mostram que no houve uma relao direta entre os acidentes de trabalho e o nmero de empregos que cada profissional possui. A incidncia de acidentes relacionada a erros cometidos no trabalho seja por deficincia tcnica ou cansao, no so pequenas no universo dos acidentes registrados e estudados, cujas causas vo desde a precariedade das condies fsicas do ambiente onde o trabalho se realiza as distores em sua forma de organizao at os comportamentos inadequados dos trabalhadores, na execuo de suas tarefas (Shimizu e Ribeiro, 2002). Diante desta problemtica, o foco buscar estratgias preventivas possveis que possam contribuir para a preveno dos acidentes de trabalho e a promoo sade do trabalhador. Estratgias estas, que devem ser institucionalizadas, e trabalhadas com o fortalecimento das Comisses Internas de Preveno de Acidentes (CIPA, Sociedade Brasileira de Urologia, 2003). Assim como todas as demais estruturas organizacionais que se encarregam de educao e vigilncia em sade e educao permanente. 4.2 Sade do Trabalhador 3n5u10Ao questionar se o trabalhador teve alguma doena durante os dois ltimos anos que o afastasse do trabalho (Figura 6), constatou-se que 29,8% (n=104) afastaram-se e que 70,2% (n=245) no tiveram afastamentos no perodo, e 0,6% (n=2) no responderam. As principais doenas foram: Infeces do aparelho respiratrio (n=21), Doena osteomusculares (n=15), Depresso (n=14), Doenas da coluna vertebral (n=13), Cirurgias (n=11) e Outras (n=53). Figura 6. Figura 6. Ocorrncia de doenas nos profissionais nos ltimos dois anos Em relao realizao de consultas mdicas preventivas peridicas, a maioria afirma que realiza representado por 80,6% (n=278) enquanto que 19,9% (n=67) no realizam. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (Gomes et al., 2008), um em cada seis homens com idade acima de 45 anos pode ter cncer de prstata sem conhecimento. o tipo de neoplasia mais prevalente em homens, com estimativa de 1,5 milho com diagnstico nos ltimos anos. Inclusive j duas vezes mais frequente do que o cncer de mama (Brasil - Ministrio do Trabalho e Emprego, 1978). Dos 79 participantes homens, 39 tinham idade igual ou superior a 40 anos. Destes, 21,5% (n= 17) realizam o exame de prstata periodicamente. Quanto s mulheres, verificou-se que das 270 mulheres, 50% (n= 135) realizam o exame de mamografia e 85,7% (n= 226) realizam o exame preventivo de cncer de colo de tero periodicamente. Do total de profissionais 18,1% (n = 63) no realizam nenhum tipo de exame peridico. 4.3 Imunizaes 40595vEm relao a imunizaes dos profissionais, obteve-se uma frequncia de vacinados para ttano correspondendo a 83,4% (n=291), para hepatite B 91,1% (n=318), para rubola 52,4% (n=183), para febre amarela, 73,1% (n=255) e para gripe 76,8% (n=268). Aspecto positivo e importante, pois, destaca-se a importncia da participao do trabalhador na busca de alternativas de preveno que venham a minimizar os problemas decorrentes da exposio ocupacional e dos acidentes de trabalho (Ribeiro e Shimizu, 2007). A imunizao uma ao que precede os exames ocupacionais, sendo uma interveno especfica para os fatores de risco biolgico imunoprevenveis. Esta ao est implcita (Santos et al., 2011) como atribuio do Servio Especializado de Segurana e Medicina do Trabalho e tambm no modelo de sade do trabalhador de vigilncia em sade para as empresas pblicas, privadas, estabelecimentos e servios de sade e laboratrios (Santos et al., 2011). 4.4 Doenas pr-existentes 4g50rDos participantes da pesquisa 14,3% (n=50) so hipertensos e 3,2% (n=11) diabticos. A Figura 7 mostra a distribuio de doenas pr-existentes por grupos sendo doenas da coluna vertebral, osteomusculares, distrbios metablicos, distrbios psquicos, respiratrios e outras doenas. 45h1fFigura 7. Doenas pr-existentes nos profissionais pesquisados O nvel de preveno primria incide em doenas cujas causas so conhecidas, orientando aes. Nesse sentido, a preveno se volta para uma ao orientada para que o sujeito no adoea e possa desfrutar de melhor qualidade de vida, para tal, necessrio envolv-lo com informaes relevantes para que se insira ativamente e possa incorporar hbitos preventivos (Gomes et al., 2008). 4.5 Atividades fsicas 1wo43Ao questionar quanto realizao de atividade fsica semanal 45,6% (n=159) dos trabalhadores relatam realizar algum tipo de atividade fsica, enquanto 53,3% (n=186) no realizam. Dos praticantes de atividade fsica, 21,5% (n=75) realizam mais de duas vezes por semana e 14,5% (n=51) at duas vezes por semana. Os demais participantes realizam atividade fsica uma vez por semana ou esporadicamente. Assim, os profissionais que realizam regularmente atividade fsica totalizam 36% (n = 126). 4.6 Alimentao 3985sEm relao alimentao sadia, verificou-se que 58,5% (n= 204) controlam gorduras, 42,1% (n = 147) doces e 39,3% (n = 137) o uso do sal, 0,3% (n = 1) controlam o uso do gltem e na mesma percentagem so vegetarianos. Contudo, constatou-se que 32,4% (n = 113) no realizam nenhum tipo de cuidado alimentar. 4.7 Uso de medicamentos 444d2lConstatou-se que 48,4% (n=169) dos trabalhadores usam algum tipo de medicamento em que, se incluem antidepressivos (16%), anti-hipertensivos (14,3%), hipoglicemiantes (3,2%), dislipidemiantes (5,2%), anti-inflamatrios (5,4%) e 4,3% referem usar outros tipos de medicamentos. Em relao indicao para uso do medicamento, a maioria (n=155), 91,7% segue indicao mdica. Um modelo de ateno integral sade dos trabalhadores implica em qualificar as prticas de sade, envolvendo o atendimento dos acidentados do trabalho, dos trabalhadores doentes, das urgncias e emergncias, s aes de promoo e proteo da sade e de vigilncia, orientadas por critrio epidemiolgico. Para que isto ocorra de modo efetivo, exige abordagem interdisciplinar e a utilizao de instrumentos, saberes, tecnologias originadas de diferentes reas do conhecimento colocadas a servio das necessidades dos trabalhadores (Brasil - Ministrio da Sade, 2004). Tradicionalmente, no Brasil, as polticas de desenvolvimento tm se restringido aos aspectos econmicos e vm sendo delineadas de maneira pouco articulada com as polticas sociais, que so responsabilizadas pelo nus dos possveis danos gerados sobre a sade da populao, dos trabalhadores em particular e a degradao ambiental. Para que o governo cumpra seu papel, a fim de garantir esses direitos, fundamental a formulao e a implementao de polticas e aes, que prope a Poltica Nacional de Segurana e Sade do Trabalhador – PNSST (Gomes e Lacaz, 2005). Esta poltica por sua vez, define as diretrizes, responsabilidades institucionais e mecanismos de financiamento, gesto, acompanhamento e controle social, que devero orientar os planos de trabalho e aes intra e intersetoriais. Segundo o Ministrio do Trabalho e Emprego (2008), Autores defendem que a formulao de uma poltica de sade do trabalhador deve contemplar algumas condies que possam intervir diretamente sobre o processo de sade e doena, e especificamente para o setor pblico de sade, do mbito municipal ao federal, sendo necessrio consolidar aes de sade do trabalhador que abranjam da vigilncia assistncia, em seu sentido amplo. Estas condies so contempladas na Norma Regulamentadora n 32 e tem por finalidade estabelecer as diretrizes bsicas para a implementao de medidas de proteo segurana e sade dos trabalhadores dos servios de sade, bem como daqueles que exercem atividades de promoo e assistncia sade em geral21. 5. Consideraes Finais 1m21xA anlise dos dados, na perspectiva sade do trabalhador e acidentes de trabalho entre profissionais da sade de um hospital universitrio do interior do Sul do Brasil, permitiu o conhecimento relacionado aos aspectos scio-demogrficos, as questes inerentes a sade do trabalhador, aos acidentes de trabalho, ao uso de EPI. Informaes importantes tanto para as decises gerenciais na rea da gesto de pessoas como para a gesto da instituio. Assim possvel conhecer as caractersticas dos profissionais atuantes nesse hospital e, a partir dos resultados desse estudo, identificar oportunidades que devem ser trabalhadas, a fim de melhorar a qualidade de vida e sade do trabalhador na instituio, gerando sade e satisfao. Ao final do estudo, pode-se afirmar que dos trabalhadores do hospital entrevistados a maioria so do sexo feminino, casados, com idade mdia de 40 anos, com IMC no limite superior da normalidade e, na sua maioria, no so praticantes regulares de atividade fsica. Quanto s variveis laborais, a maioria tem apenas um emprego e esto motivados no trabalho. No que se referem s variveis, sade e hbitos de vida, a maioria dos participantes realizam alguma atividade de lazer em suas horas livres. Considervel percentagem dos pesquisados so portadores de doenas crnicas, tiveram acidentes de trabalho e afastamentos por licena mdica nos ltimos anos. Em relao ao sono, constata-se que a maioria dorme menos do que os ndices recomendados pela OMS e, uma pequena parcela necessita medicao indutora do sono. O grande desafio, a partir deste estudo, est relacionado elaborao de estratgias que atendam as expectativas de desenvolvimento e valorizao do trabalhador, com o intuito de melhorar o desempenho da instituio. As informaes levantadas so relevantes para se investir nos trabalhadores da sade nas diversas categorias profissionais. Como limitao do estudo, menciona-se o fato de ter sido realizado em um nico Hospital Universitrio do Rio Grande do Sul, o que remete a necessidade de considerar os resultados em sua singularidade, bem como a necessidade de realizarem novos estudos em outros Hospitais Universitrios de outras regies do pas no intuito de caracterizar os trabalhadores da rea da sade de forma mais abrangente. Referncias 4n26zALMEIDA I.M.; JACKSON FILHO, J.M. (2007). “Acidentes e sua preveno”. 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