Espacios. Vol. 34 (5) 2013. Pg. 13 703s21 |
Impacto do Processo de Pensamento da Teoria das Restries na tomada de deciso em pequenas empresas s1x5tImpact of Process Thinking Theory of Constraints in decision making in small business 4w4u69Giancarlo Luis NONNEMACHER 1 y Diego Augusto de Jesus PACHECO 2 Recibido: 10-02-2013 - Aprobado: 04-04-2013 |
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RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. Introduo 272e9A cadeia txtil no Brasil a segunda maior empregadora da indstria da transformao, responsvel por 16,4% dos empregos e 5,5% do faturamento, cerca US$ 60,5 bilhes segundo a ABIT – Associao Brasileira das Indstrias Txteis e de Confeco – para o ano de 2011. O Brasil tem o quarto maior parque produtivo de confeco do mundo, com aproximadamente 30 mil empresas. No entanto, o setor vem sofrendo ameaas com as crescentes importaes asiticas, que cresceram 455% entre os anos 2005 e 2010 segundo pesquisas publicadas pela ABIT. O momento competitivo atual exige que as empresas busquem alternativas para continuarem crescendo no mercado. Neste processo, a gesto dos recursos fundamental indiferentemente do foco competitivo da organizao e nisto inclui-se a gesto da capacidade. Nesse sentido, essa pesquisa busca, analisar o impacto e possveis potencialidades de adotar o Processo de Pensamento da Teoria das Restries na tomada de deciso no contexto empresarial das pequenas empresas brasileiras. Desse modo, o presente estudo buscar diagnosticar as principais dificuldades e, sobretudo tenta apontar um foco de ao para a empresa. A empresa investigada uma confeco de pequeno porte localizada na cidade de Igrejinha, no vale do Paranhana, estado do Rio Grande do Sul. Pode-se dizer, a priori, que o diferencial competitivo da empresa est na flexibilidade e na qualidade dos produtos que fabrica, razo pela qual o volume de pedidos tem crescido nos ltimos anos. O aumento do volume de pedidos com prazos menores de entrega fez a empresa investir na aquisio de novos recursos e na ampliao da sua capacidade produtiva. No entanto, a falta de um gerenciamento adequado dos recursos e do entendimento das dinmicas do negcio fez surgir uma srie de problemas que tm comprometido o desempenho operacional. Para conduzir essa investigao, esse artigo est estruturado conforme segue: a seo dois apresenta brevemente o referencial terico sobre o tema; a seo trs a descrio da metodologia adotada; a seo quatro apresenta os resultados do desenvolvimento e na seo cinso descrita as concluses e as sugestes de trabalhos futuros. 2. Referencial terico 4p3e1m2.1 A Teoria das Restries 421p3kSegundo a viso de Antunes (1998) a Teoria das Restries pode ser entendida a partir dos seguintes componentes: (i) uma abordagem Logstica e de Operaes, que envolve os seguintes mtodos: os cinco os envolvendo o foco na melhoria dos processos, o processo de programao da produo envolvendo o gerenciamento via a lgica TPC (Tambor, Pulmo e Corda) e o gerenciamento dos pulmes no sistema produtivo e a anlise dos sistemas produtivos adotando a classificao V-A-T; (ii) um Sistema de Indicadores de Performance, que a: pela definio dos Ganhos, Inventrios e Despesas Operacionais da Empresa, definio do mix de produtos que dever ser produzido visando maximizar os resultados e a lgica dos Ganhos por dia e dos Inventrios por dia; (iii) um Processo de Pensamento visando soluo de problemas, que envolve as seguintes tcnicas: os diagramas de efeito-causa-efeito, que so: a rvore da Realidade Atual, o mtodo da Evaporao das Nuvens, rvore da Realidade Futura, rvore dos Pr-Requisitos e rvore de Transio. 2.2 Processo de Pensamento da Teoria das Restries 6r515qPara Cox e Spencer (2002), o processo de raciocnio um conjunto de ferramentas que podem ser utilizadas de forma individual ou de forma lgica para a determinao dos problemas centrais e suas solues. Basicamente, so sustentadas em dois pontos: viso crtica da realidade e anlise efeito-causa-efeito, procurando saber por que as coisas acontecem e no como elas acontecem. O Processo de Raciocnio daTOCutiliza uma abordagem cientfica que permite diagnosticar um problema central, formular uma soluo e preparar um plano de ao respondendo a trs questes bsicas: O que mudar? Para o que mudar? Como mudar? Os processos de Raciocnio da Teoria das Restries podem ser aplicados s restries fsicas (capacidade, logsticas, estoques, etc) e no fsicas (gerenciamento, demanda de mercado e comportamental) de acordo com a natureza dos problemas a serem solucionados (GOLDRATT; COX, 1992). Essa pesquisa ir investigar o uso da rvore de Realidade Atual (ARA) para a determinao do problema no contexto da organizao em anlise. A rvore de Realidade Atual tem por objetivo auxiliar na resposta questo “O que mudar?”. Esta etapa fundamental porque contribui para a construo de um diagnstico a respeito da organizao, apontando para o problema central a ser resolvido. importante que as aes sejam dirigidas sempre ao problema-raiz para que seus efeitos sejam eliminados definitivamente. A ARA uma ferramenta lgica que analisa os problemas de forma global atravs de uma relao efeito-causa-efeito para encontrar o problema raiz ou problema central. Os problemas centrais so aqueles efeitos indesejados (EI) que no possuem nenhuma entrada, ou seja, no so causados por nenhum outro e que levam ao maior nmero de efeitos indesejados. Os problemas centrais so as restries do sistema que impedem a organizao de atingir suas metas. Noreen et al.(1996) desenvolveram um conjunto de proposies que auxiliam na construo da ARA. No Quadro 1, abaixo, so listados os dez os a serem seguidos: Quadro 1 – os para elaborar a ARA
Fonte: Noreen et al. (1996). O correto cumprimento das etapas pretende levar a descoberta de alguns EIs que, a princpio, no so causados por nenhum outro EI no sistema. Estes EIs “sem causa” vo diferir-se uns dos outros pelo impacto que geram no sistema, sendo classificados em causas razes e problemas centrais. As causas razes so aqueles EIs que no tm nenhuma entrada, enquanto que os problemas centrais so aqueles que levam ao maior nmero de efeitos indesejados (HILGERT, 2000). Se ao final, o problema central ainda no tenha sido identificado, podemos aprofundar a anlise entre as causas razes estabelecendo novas conexes e estabelecendo uma causa comum a estas. 3. Metodologia de pesquisa 96u15Essa seo faz a caracterizao do mtodo de pesquisa quanto natureza, objetivo, abordagem e procedimento. Quanto natureza, o projeto classificado como pesquisa aplicada, porque tem o intuito proporcionar a descoberta e a aplicao de novos conhecimentos em mbito particular (JUNG, 2010). Nesse caso, na empresa em questo, sero implantadas algumas abordagens que atualmente no so usadas na sua gesto. A pesquisa valer-se- da coleta de dados e de anlises de abordagem quantitativa e qualitativa, a partir das quais sero estabelecidas hipteses e relaes de causa e efeito (JUNG, 2010). Segundo Martins (2008), as anlises qualitativas so caracterizadas pela descrio, compreenso e interpretao de fatos e fenmenos, enquanto que as anlises quantitativas pela mensurao. Na presente pesquisa, a anlise qualitativa foi feita com o auxlio da ARA, atravs da qual foram definidos os objetivos da pesquisa. As avaliaes quantitativas consistiram no levantamento de dados que pudessem validar as proposies da ARA atravs do uso de informaes gerencias da empresa como quadro de indicadores, grficos e tabelas de dados ou relatrios. Quanto ao procedimento adotou-se o estudo de caso. Para Yin (2001), o estudo de caso uma investigao emprica e um mtodo abrangente de planejamento, coleta e anlise de dados, cujo objetivo compreender fenmenos organizacionais, polticos e sociais de forma complexa. Na pesquisa, os processos organizacionais e istrativos da empresa sero investigados e descritos para a compresso integral dos fenmenos constados na ARA. As varveis de interesse sero evidenciadas atravs da pesquisa e coleta de dados. 4. Desenvolvimento 4u534fA produo da empresa destinada para um nico cliente desde o incio de suas atividades. Os modelos so desenvolvidos internamente pelo setor de modelagem e apresentados ao cliente para aprovao. Para os modelos aprovados, o cliente envia um pedido de compra com entregas programadas de seis semanas, podendo a quantidade ser aumentada conforme o ritmo das vendas. A empresa produz permanentemente estas trs famlias de produtos, porque suas linhas de produo foram planejadas para esta finalidade. Atravs da rvore de Realidade Atual (ARA) foram analisados a partir de um estudo dirigido com os gestores da organizao, diversos efeitos indesejados (EI) numa relao sistmica de efeito-causa-efeito. Pode-se afirmar que o resultado obtido foi a descoberta da causa raiz sistmica para os vrios efeitos observados. O mtodo de soluo baseado na TOC diz que a causa raiz a restrio do sistema que impede a organizao de atingir um desempenho superior em relao a sua meta de ganhar dinheiro hoje e no futuro. Sendo assim, toda ateno deve ser dirigida causa raiz para que os efeitos possam ser eliminados definitivamente. A rvore foi construda com a participao do time gestor da empresa envolvendo: gerente geral, gerente financeiro, gerente de compras e um moderador. Aps a aplicao das etapas de desenvolvimento da ARA segundo Noreen et al.(1996), bem como aps diversos encontros de discusses interdisciplinares na empresa, o grupo concluiu que a causa raiz de todos os sintomas observados est no desequilbrio entre demanda e capacidade (14). Os principais efeitos ligados a ela so os investimentos alm do previsto realizados pela empresa (12) nos ltimos perodos, o no cumprimento das metas de faturamento (13) e a falta de capital de giro (2). A Figura 1 apresenta o resultado da ARA utilizada na construo do diagnstico da organizao. A concluso parcial da principal causa, bem com os demais efeitos indesejveis foram validados a partir dos indicadores Ganho e Inventrio proposto pela TOC, conforme apresentado no Quadro 2, como direcionador de tomada de deciso. Tambm usou-se dados internos e confidencias empresa. Figura 1 – Resultado final da ARA. Fonte: autores (2012). O aumento dos investimentos alm do previsto um efeito indesejado que mostra que a empresa no tem um planejamento adequado da capacidade. Este efeito pode ser evidenciado atravs do indicador giro de inventrio apurado no ano de 2011, conforme verifica-se no Quadro 2 a seguir. Este indicador faz uma relao entre o que a empresa ganha com resultado de suas vendas e o quanto ela investe na aquisio de materiais e formao de estoque.
Quadro 2 – Relao entre ganho e inventrio ( 2011). Fonte: autores (2012). A anlise crtica durante o diagnstico interno do time multidisciplinar da empresa, evidenciou falhas no planejamento da capacidade que resultam em planos de produo que no condizem com a real capacidade produtiva dos recursos. Consequentemente, as metas de produo e faturamento podem ser difceis de serem alcanadas e, muitas vezes, at impossveis no dia-a-dia da organizao. Por outro lado, quando as metas de produo e faturamento no so alcanadas, os investimentos que deveriam retornar sob a forma de ganho no se realizam e o capital de giro fica comprometido. A falta de capital de giro apontada no diagnstico como a causa direta dos frequentes atrasos nas compras e falhas de abastecimento. A compreenso dessas concluses e percepes foram julgadas pelo grupo como sendo os principais benefcios ao se usar a ARA como ferramenta de diagnstico empresarial, dentro do contexto da pequena empresa. Nesse caso em particular uma pequena empresa com lacunas em metodologias de diagnstico e gesto. E a partir dessas percepes diversas aes internas foram encaminhadas e esto, no presente momento, em pleno processo de implantao. 5. Concluses e trabalhos futuros g2g14Esse estudo pretendeu investigar as implicaes e possveis potencialidades de se adotar o Processo de Pensamento proposto pela Teoria das Restries na tomada de deciso empresarial em pequenas empresas. A partir do estudo de caso em uma empresa de pequeno porte do segmento txtil aplicaram-se todas as etapas da ARA. Os resultados da pesquisa permitiram evidenciar que a ARA contribui significativamente para o diagnstico dos principais problemas encontrados na organizao de pequeno porte, possibilitando apontar aes gerenciais de melhoria do desempenho da empresa. Todavia, tais concluses no podem ser generalizadas, dado que o estudo de caso foi realizado em uma nica organizao. Nesse caso, evidenciou-se que os problemas derivam do principal efeito indesejvel (14): desequilbrio entre demanda e capacidade produtiva. A partir dessa concluso a empresa ou a organizar aes para tornar mais robusto o processo de anlise capacidade e de demanda interna para planejar suas decises segundo a proposta de Antunes et al. (2008). Uma possvel explicao para a contribuio da ARA no contexto da pequena empresa investigada, foi que, via de regra, as pequenas empresas brasileiras possuem carncia de metodologias de gesto incorporadas efetivamente no escopo do negcio. E nesse caso, como instrumento de diagnstico empresarial, a ARA satisfatoriamente foi usada. Entretanto, pode-se dizer que outras metodologias poderiam melhorar esse processo de anlise. Assim sendo, como ampliao da presente pesquisa e sugesto de trabalhos futuros sugerem-se que: (i) pesquisas de estudos de casos mltiplos sejam realizadas em empresas de pequeno porte usando a ARA num primeiro momento e analisando comparativamente os resultados finais; (ii) pesquisas focadas em mapear quais outras abordagens veis de serem adotadas no contexto de oramento e processos de gesto s comuns ao contexto das pequenas empresas brasileiras podem ser usados para potencializar os resultados da anlise. Esse estudo apresentou os resultados parciais da pesquisa em pleno andamento do trabalho de concluso de curso em Engenharia de Produo e os resultados finais sero posteriormente divulgados. Referncias 1n5j14Antunes Jr.; J.A.V. Em direo a uma teoria geral do processo na istrao da produo: uma discusso sobre a possibilidade de unificao da teoria das restries e a teoria que sustenta a construo dos sistemas de produo com estoque zero. 1998. Tese (Doutorado). Programa de Ps-Graduao em istrao, Escola de istrao, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 1998. Antunes Jr. et al. Sistemas de Produo: conceitos e prticas para projeto e gesto da produo enxuta. Porto Alegre: Bookman, 2008. ASSOCIAO BRASILEIRA DA INDSTRIA TXTIL E DE CONFECO. ABIT. Perfil do Setor. Disponvel em:<http://www.abit.org.br/site/navegacao.asp?id_menu=1&id_sub=4&idioma=PT>. o em 01/2012. Cox, J.; Spencer, M. S. Manual da teoria das restries. Porto Alegre: Bookman, 2002. Goldratt, E. M.; Cox, J. A Sndrome do Palheiro: Garimpando Informaes num Oceano de Dados. So Paulo: Educator Editora, 1992. Hilgert, C. M. T. Proposta de Desenvolvimento de um Mtodo de Tomada de Deciso usando a Teoria das Restries para Sistemas de Produo. Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. Porto Alegre: UFRGS, 2000. Jung, C. F. Elaborao de projetos de pesquisa aplicados a engenharia de produo. Taquara: FACCAT, 2010. Disponvel em: <http://www.metodologia.net.br> o em: 03/2012. Martins, G. A. Estudo de caso: uma estratgia de pesquisa. 2. ed. So Paulo: Atlas, 2008. Noreen, E.; Smith, D.; Mackey, J. T. A teoria das restries e suas implicaes na contabilidade gerencial. So Paulo: Educator, 1996. Slack, N. Vantagem competitiva em manufatura: atingindo competitividade nas operaes industriais. So Paulo: Atlas, 2002. Yin, R. K. Estudo de caso: planejamento e mtodos. 2. ed. Porto Alegre: Bookmann, 2001. |
1 Departamento de Engenharia de Produo, Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT) -Brasil. [email protected] |
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