Espacios. Vol. 33 (11) 2012. Pg. 6 5o2ur


Disclosure social como estratgia de legitimao: evidncias no balano social iBase 6b4f6e

Disclosure social como estrategia de legitimacin: evidencias en el balance social iBase 4y1h5b

Mrcio Telles Portal 1, Margarete Luisa Arbugeri Menegotto, Maria Emilia Camargo 1, Maria Teresa Martiningui Pacheco, Marta Elisete Ventura da Motta, Roberto Renner y Mrcia Rohr da Cruz

Recibido: 05-03-2012 - Aprobado: 28-06-2012


Contenido 293v5k

Gracias a sus donaciones esta pgina seguir siendo gratis para nuestros lectores.
Graas a suas doaes neste site permanecer gratuito para os nossos leitores.
Thanks to your donations this site will remain free to our readers.

RESUMO:
A necessidade das empresas divulgarem o Balano Social tem influenciado o aumento das pesquisas na rea da contabilidade social, mais especificamente direcionado ao disclosure social. Neste sentido o artigo tem como objetivo procurar evidncias de uma perspectiva terica que tem sido usada para explicar porque organizaes realizam disclosure de seu desempenho social: a teoria da legitimidade. Procurou-se evidncias da propenso realizao de disclosure social dada algumas caractersticas corporativas; assim como verificar a capacidade explicativa destas caractersticas se mantm no tempo. O artigo contribui sob trs aspectos para literatura nacional sobre o tema: (a) sugere proxy nova para capturar companhia com propenso a realizar disclosure social como estratgia de legitimao; (b) apresenta evidncias alm dos relatrios tradicionais; e (c) testa a hiptese sugerida por Gray et al. (2001) de que os determinantes de realizar disclosure social variam no tempo. A amostra utilizada compreende companhias com aes negociadas na Bolsa de Valores de So Paulo (BOVESPA) entre os anos de 1997 e 2005. Os dados levantados foram estudados atravs da anlise de Correlao entre variveis do modelo 1997-2005. No modelo utilizado, pode-se supor que por meio de valores mdios pode-se capturar os efeitos individuais das variveis explicativas sobre a deciso de realizar disclosure e foram encontrados uma relao estatisticamente positiva entre divulgao do balano social IBASE e companhias reguladas, estatais e de maior tamanho. Assim, por meio de interao entre rentabilidade e reguladas observou-se que dentre as companhias reguladas aquelas com maior rentabilidade tem maior propenso a divulgao do balano social IBASE.
Palavras–chave: Disclosure social, Balano social, responsabilidade corporativa

RESUMEN:
La necesidad de las empresas en divulgar el Balance Social tiene influenciado en el aumento de las investigaciones en contabilidad social, ms especficamente direccionado al disclosure social. En este sentido, el artculo tiene como objetivo buscar evidencias de una perspectiva terica que se tiene utilizado para explicar por qu organizaciones realizan disclosure de su desempeo social: la teora de la legitimidad. Se procur evidencias de propensin a realizacin de disclosure social a partir de algunas caractersticas corporativas, a sin como verificar si la capacidad explicativa de estas caractersticas se mantiene en el tiempo. El artculo contribuye en tres aspectos para la literatura nacional sobre el tema: (a) sugiere proxy nueva para capturar empresas con propensin a hacer disclosure social como estrategia de legitimacin, (b) presenta evidencias ms all de los informes tradicionales, y (c) prueba la hiptesis propuesta por Gray et al. (2001) de que los determinantes para realizar el disclosure social varan con el tiempo. La muestra utilizada fue compuesta por empresas que cotizan en la Bolsa de Valores de So Paulo (BOVESPA) entre los aos de 1997 y 2005. Los datos apurados fueron estudiados a travs del anlisis de correlacin entre variables del modelo 1997 -2005. En el modelo utilizado, se puede suponer que a travs de los valores medios se puede capturar los efectos individuales de las variables explicativas sobre la decisin de hacer disclosure y fue encontrada una relacin estadsticamente positiva entre divulgacin del balance social IBASE y empresas reguladas, estatales y de mayor tamao. De este modo, a travs de interaccin entre rentabilidad y reguladas, se observ que entre las empresas reguladas, aquellas con mayor rentabilidad tienen mayor propensin a la divulgacin del balance social IBASE.
Palabras-clave: Disclosure social, Balance Social, Responsabilidad corporativa.


1. Introduo 563dv

As pesquisas sobre contabilidade social so desenvolvidas h mais de sete dcadas (Deegan, 2002). Atualmente percebe-se a crescente ateno de governos, classe contbil e corporativa a este tema, o que torna a rea eferverscente dada s novas questes de pesquisa motivadas por este interesse. Especificamente no campo do disclosure no h consenso em questes como: os objetivos da divulgao; as caractersticas qualitativas da informao; a audincia da divulgao; a “melhor” forma de apresentao. Entretanto, uma questo que tem recebido crescente ateno pelos pesquisadores tem sido a tentativa de explicar o disclosure social por meio de caractersticas organizacionas observveis (GRAY et al., 2001).

Deegan (2002) cita algumas questes de pesquisas relacionadas ao disclosure social, de carter tanto normativo, descritivo quanto positivo, que vem tomando a ateno dos empiricistas: (a) quais so as companhias que divulgam; (b) o disclosure social pode estar associado a atributos tais como desempenho social e econmico, ou a fatores como setor e pas de origem, ou ainda tamanho; (c) como um stakeholder particular reage ao disclosure social; (d) como a educao contbil abrange esta rea, e quais so os impedimentos para incluir as questes sociais nos programas de educao contbil e na classe contbil; (e) quais teorias melhor explicam este fenmeno; (f) como a informao contbil pode ser reportada; (g) como as questes sociais podem ser adicionadas ao sistema de contabilidade gerencial; (h) quais as motivaes gerenciais para o disclosure social; (i) qual o alcance, ou papel, das auditorias sociais; (j) as prticas de disclosure social beneficiam a mais ampla comunidade, ou agem somente para legitimar a estrutura social existente e beneficiar um pequeno grupo a custas de toda a comunidade.

Este artigo procura evidncias de uma perspectiva terica que tem sido usada para explicar os objetivos das organizaes realizarem disclosure de seu desempenho social: a teoria da legitimidade. Procura-se evidncias da propenso realizao de disclosure social dada algumas caractersticas corporativas; assim como busca-se verificar a capacidade explicativas destas caractersticas se mantm no tempo. H pesquisas indicando que o disclosure social motivado pelo desejo gerencial de legitimar vrios aspectos de sua organizao (Dowling e Pfeffer, 1975; Deegan et al., 2002; ODonovan, 1999, 2002). Para Deegan (2002), o disclosure pode ser uma estratgia de legitimao quando a organizao est sujeita a presses sociais constantes, ou eventuais, que so percebidas como ameaas reputao organizacional e sua sobrevivncia.

O artigo contribui sob trs aspectos para literatura nacional sobre o tema: (a) sugere proxy nova para capturar companhia com propenso a realizar disclosure social como estratgia de legitimao; (b) apresenta evidncias alm dos relatrios tradicionais; e (c) testa a hiptese sugerida por Gray et al. (2001) de que os determinantes de realizar disclosure social variam no tempo.

Este artigo segue apresenta na segunda seo uma breve reviso das principais questes de pesquisa envolvendo disclosure social, assim como trs a teoria da legitimidade como uma explicao alternativa para o disclosure. Ainda relata os principais achados de evidncias no uso do disclosure social como uma estratgia de legitimao social; a terceira seo apresenta as hipteses que so apresentadas como sugesto para capturar evidncias do disclosure social como estratgia de legitimao; na quarta seo so relatados os metodos usados para examinar os dados; a quinta seo apresenta os principais resultados que levam a ar as hipotses e; a seo final apresenta as concluses.

2. Referencial terico 4p3e1m

2.1 Disclosure social 2l5f1d

A performance econmico-financeiro era o nico desgnio de uma empresa nas vises tradicionais. Todavia surge o interesse de diversos grupos da sociedade no desempenho social da empresa, os stakeholders, como so denominados grupos de interesse com certa legitimidade que exercem influncias junto empresa.

A viso clssica da empresa recomenda gerar os retornos econmicos-fianceiros para os seus investidores, ou tambm chamados de stockholders. Essa funo social da empresa corresponde aos princpios da economia tradicional, apresentados na Figura 1.

Figura 1: Viso Econmica Clssica da Empresa.
Fonte: Oliveira, 2008, p.96

Entretanto as instituies vem sofrendo questionamentos sobre o desempenho social desta alm do retorno financeiro (OLIVEIRA, 2008, p.94). Desde o inicio dos anos 1970, o capital vem experimentando uma crise estrutural, que se distingue das crises anteriores por ser uma fasede durao excepcionalmente longa e por demonstrar caractersticas de uma crise mais ou menos permanente e crnica, com a perspectiva de uma profunda crise estrutural que tem origem na lgica destrutiva e na incontrolabilidade do sistema sociometablico do capital (ASHLEY, 2001,pg.7).

De acordo com Srour (1998, p. 293), o que direciona as empresas para o lucro com responsabilidade, em detrimento da pura maximizao do lucro, o fato de que, como “as relaes que amarram empresa e contrapartes so relaes de poder”, os stakeholders podem se mobilizar e retaliar a empresa que desrespeite normas bsicas do trato com a sociedade. O aumento crescente da complexidade dos negcios, advindo do processo de globalizao e da velocidade das inovaes tecnolgicas e da informao, impe ao empresariado uma nova maneira de realizar suas transaes. (ASHLEY, 2002, p. 3).

O entendimento da relao complexa que existe entre as empresas e a sociedade, incluindo comunidades, empregados, governos, e at outras empresas, concerne ao estudo da responsabilidade social de empresas. (OLIVEIRA, 2008, p. 2). Cada vez mais se percebe empresas privadas procurando atuar como agentes de desenvolvimento. Alm de vender bens e servios, preocupam-se em mostrar responsabilidade pelo contexto social e ambiental em que realizam suas atividades, mantendo um bom relacionamento com os seus stakeholders. (GOLDSTEIN, 2007, p. 7). Observa-se esse entrosamento na figura 2 onde relaciona-se alguns exemplos de stakeholders.

Figura 2: Empresa pela Viso da Gesto com Stakeholders
Fonte: Oliveira, 2008, p. 97

A questo da responsabilidade social empresarial tema recente, polmico e dinmico, envolvendo desde a gerao de lucros pelos empresrios, em viso bastante simplificada, at a implementao de aes sociais no plano de negcios das companhias, em contexto abrangente e complexo. (TENRIO, 2006, p. 13).

A idia da exposio de prticas de negcios a um nmero maior de interessados vem ocorrendo desde a Grande Depresso Americana de 1930. Porm, foi em 1899 que a primeira abordagem referente responsabilidade social das grandes empresas surgiu.

Em 1919, a questo da tica, da responsabilidade e da discricionariedade dos dirigentes de empresas abertas veio a pblico com o julgamento do caso Dodge versus Ford, nos EUA, que tratava da competncia de Henry Ford, presidente a acionista majoritrio da empresa, para tomar decises que contrariavam interesses dos acionistas John e Horace Dodge. [...] A Suprema Corte de Michigan foi favorvel aos Dodges, justificando que a corporao existe para o benefcio de seus acionistas e que diretores corporativos tm livre arbtrio apenas quanto aos meios para alcanar tal fim, no podendo usar os lucros para outros objetivos. (ASHLEY, 2002, p. 18 e 19).

Foi somente nos anos 1950 e 1960 que reiniciaram as pesquisas e as discusses da responsabilidade social vigente e expandir seus horizontes nos Estados Unidos, a partir da guerra do Vietn. Nesta poca, a sociedade repudiou a utilizao de armamentos blicos produzidos por empresas norte-americanas, prejudiciais ao meio ambiente e ao homem. (KARKOTLI; ARAGO, 2004, p. 50).

Com isto, uma nova concepo de responsabilidade social emergiu e pautou-se pelo reflexo dos objetivos e valores sociais. Houve o entendimento de que as companhias esto inseridas em ambiente complexo, onde suas atividades influenciam ou tm impacto sobre diversos agentes sociais, comunidade e sociedade. (TENRIO, 2006, p. 20). A nova moral das empresas ou por uma mudana, havendo um limite para o que produzam e vendam, criando um novo paradigma da responsabilidade social ps guerra do Vietn. (KARKOTLI; ARAGO, 2004, p. 50).

Percebe-se que h uma preocupao com a responsabilidade social, contudo, foi somente a partir dos anos 1960, nos Estados Unidos da Amrica e no incio da dcada de 1970 na Europa, particularmente na Frana, com a divulgao dos chamados balanos ou relatrios sociais.

No Brasil essas mudanas de postura empresarial puderam ser notados desde 1965, com a publicao da carta de princpios do dirigente cristo de empresas pela Associao de Dirigentes Cristos de Empresas do Brasil -ADCE Brasil. Ramanathan (1976, p. 518) destaca que desde a dcada de 1950 j havia um considervel debate sobre as aes corporativas, se constituiriam ou no um comportamento corporativo socialmente responsvel. Em seu estudo Ramanathan (1976, p.519) definiu “a proposta da contabilidade social, como a de ajudar a estimar quo bem a firma est cumprindo com sua parte no contrato social”.

As empresas esto cada vez mais atentas ao que dizem os stakeholders e a interagir com a sociedade. Deve-se, portanto, abordar alguns conceitos importantes: moral, tica e legitimidade (OLIVEIRA, 2008, p. 97).

No meio empresarial, na comunidade ou grupos sociais os costumes e normas moldam comportamentos e so referencias para julgar. Estes costumes e normas so formados ao longo do tempo e sofrem alteraes , e pode-se afirmar que no h apenas um s conjunto de normas e costumes, mas existem padres que so inaceitveis em uma sociedade em determinado momento (OLIVEIRA, 2008, p.98)

Outro fator que se deve levar em considerao a tica. Transporta-se a tica para as organizaes, que, apesar de no terem a capacidade de pensar, discernir, as pessoas da qual fazem parte tem, o que acarreta numa viso da empresa perante aos stakeholders.

A legitimidade a qualidade ou estado de ser legtimo perante a sociedade ou um grupo social. Quando indivduos ou organizaes ganham legitimidade perante um grupo ou sociedade, ganham credibilidade, o qual facilita seu reconhecimento social e a ao na sociedade (OLIVEIRA, 2008, p. 98).

Pode-se concluir que a empresa comea a ganhar legitimidade medida que os anseios dos stakeholders so analisados nas decises e aes da empresa. Com isso a legitimidade cresce diante dos stakeholders, facilitando as aes de mdio a longo prazo.

Surge ento a importncia das ferramentas de comunicao para auxiliar a mediar as relaes entre uma organizao e os stakeholders. A idia que os benefcios e os custos de se divulgar uma informao de forma voluntria podem levar a um disclosure total, parcial ou nulo (HOSSAIN, 2008). A ausncia de custos de divulgao pressupe completa evidenciao mas medida que os custos aumentam, o disclosure tende a se reduzir. Desse modo pode-se constatar que o gerenciamento de informaes crucial para a gesto dos stakeholders.

O disclosure pode ser definido como a divulgao de informaes contbeis quantitativas (expressa atravs de nmeros) ou qualitativas (expressa atravs de sentenas) comunicada pela empresa pelos canais formais (Ex: demonstraes contbeis) ou informais (site da empresa), que tem como objetivo fornecer informaes teis aos usurios. Ressalta-se que, para o presente trabalho, os termos ‘evidenciao’, ‘divulgao’, ‘disseminao’ e ‘disclosure’ significam tornar algo evidente, pblico (no caso, as informaes contbeis), e sero tratados como sinnimos.

Percebe-se que o conceito de disclosure est relacionado ao conceito de transparncia corporativa, como a disseminao de informao relevante e confivel acerca da performance operacional, performance financeira, oportunidades de investimento, governana, valores, e risco. O raciocnio de que empresas com melhor disclosure so mais transparentes.

2.2 Balano social 25688

O Balano Social se caracteriza pela demonstrao das prticas de responsabilidade social, ou seja, por meio desse instrumento a empresa torna pblico as aes sociais que empreende com os seus diversos parceiros: empregados, comunidade, meio ambiente, entre outros.

Explica Tinoco (2001, p. 34), que

O Balano Social tem por objetivo ser eqitativo e comunicarinformao que satisfaa necessidade de quem dela precisa. Essa a misso da contabilidade como cincia de reportarinformao contbil, financeira, econmica, social, fsica, de produtividade e de qualidade.

O Balano Social um documento publicado anualmente, reunindo um conjunto de informaes sobre as atividades desenvolvidas por uma empresa, em promoo humana e social, dirigidas aos seus empregados e comunidade onde est inserida.

Esse instrumento de informao representa a demonstrao dos gastos e das influncias recebidas e transmitidas pelas entidades na promoo humana, social e ecolgica. Os efeitos dessa interao dirigem-se aos gestores, aos empregados e a comunidade, no espao temporal ado/presente/futuro, tornando-se parte integrante da Contabilidade Social, configurando-se numa demonstrao para a sociedade.

Entende-se que, o Balano Social pode ser considerado um instrumento gerencial constitudo por um processo que abrange planejamento, execuo, acompanhamento e avaliao das aes sociais de cada empresa, de forma a sistematizar a sua gesto social. A expresso ‘Balano Social’ tem sido definida de vrias formas. No entanto, com pouca divergncia quanto ao carter de prestao de contas das aes sociais. Para a sociedade, o Balano Social um demonstrativo que informa as aes das organizaes que esto contribuindo para a melhoria da qualidade de vida da populao, evidenciando os impactos sociais e ambientais resultantes principalmente das atividades empresariais.

O Balano Social se apresenta como um demonstrativo fundamental para a avaliao dos elementos integrantes do contexto de desenvolvimento local. Fazendo uso da metodologia, a empresa avalia seus investimentos na rea social, ao mesmo tempo que a para a populao esses resultados.

Nesta perspectiva, de acordo com Taylor (1980, p. 38), o Balano Social pode assumir diversos objetivos de acordo com o envolvimento da empresa na rea social, podendo ser resumidos em:

a) Instrumento de Dilogo e Comunicao: a empresa, quando assume suas responsabilidades sociais, desenvolve um processo de comunicao contnua e permanente com os componentes da sua inter-relao interna e externa.

b) Instrumento de Relaes Pblicas das Organizaes: uma publicidade boa, usada pela empresa para divulgar os resultados efetivos no mbito da sua ao social e no com a finalidade de persuadir a populao, mostrando fatos isolados que pouca importncia apresentam no conjunto das suas aes com os seus parceiros. O Balano Social deve retratar o todo e no as partes.

c) Instrumento de Gesto Social: quando a empresa decide atuar no plano social empresarial, porque compreende a importncia que tem, o interesse humano vai acompanhar todas as suas aes. A anlise, o planejamento e o controle da gesto social sero constantes.

A funo principal do Balano Social da empresa tornar pblico as aes realizadas sob a tica da responsabilidade social, mostrando com transparncia ao pblico em geral, aos atentos consumidores, acionistas e investidores o que a empresa est fazendo na rea social. Empresa que cumpre seu papel social atrai mais consumidores e est investindo na sociedade e no seu prprio futuro.

No Brasil, de acordo com Rioli (1997) somente em 1984 se tem notcia da publicao do primeiro Balano Social (BS); da empresa NITROFRTIL. Seguiu-se o BS do Sistema Telebrs, tambm na dcada de 80 e em 1992 o BS do Banespa. Estes foram os precursores.

Mas foi somente no incio da dcada de 90 que o tema Balano Social comeou a ser discutido no meio empresarial de forma ampla e efetiva, graas s atividades sociais e artigos publicados pelo socilogo Herbert de Souza “Betinho”, evocando a responsabilidade social para as empresas, surgindo ento o modelo IBASE. Cabe ressaltar que este no o nico modelo, mas o que as empresas tem utilizado de parmetro para a estruturao do seu modelo de Balano Social. Os valores mencionados no Balano Social devero ser apresentados relacionando-se o percentual de cada item em relao folha de pagamento e ao lucro operacional da empresa.

As organizaes possuem outros demonstrativos que esto correlacionados ao Balano Social, como exemplo o Demonstrativo de Valor Adicionado (DVA), onde vrios dados seriam comuns, pois a fonte a mesma. Cabe salientar da importncia no sentido de credibilidade para os dados publicados no Balano Social, visto que estes teriam que ser auditados no DVA.

2.3 Demonstrao do valor adicionado 1y4is

De acordo com De Luca (1991), a Demonstrao do Valor Adicionado (DVA) um conjunto de informaes de carter econmico, apresentado em geral com as informaes do Balano Social. Trata-se de um relatrio contbil que objetiva demonstrar o valor da riqueza gerada pela empresa e a sua distribuio.

Do ponto de vista contbil, numa empresa, o valor adicionado resulta da diferena entre o valor da produo/faturamento e os consumos intermedirios (compras a outras empresas) num determinado perodo.

A avaliao do desempenho de uma empresa obtida atravs da DRE, onde se apura se a empresa teve lucro ou prejuzo. Esse resultado, no entanto, revela somente a parte da riqueza gerada que pertence aos scios ou acionistas. A DVA revela a riqueza gerada pelas atividades da empresa e apresenta de forma separada a parte devida a cada um dos componentes que participam da criao dessa riqueza; scios/acionistas, empregados, financiadores e governo.

A Demonstrao do Valor Adicionado, que tambm pode integrar o Balano Social, constitui desse modo, uma importante fonte de informaes medida que apresenta esse conjunto de elementos que permitem a anlise do desempenho econmico da empresa, evidenciando a gerao de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pela distribuio dessa riqueza

A despeito do interesse dos agentes econmicos sobre os determinantes do disclosure social, os modelos tericos adotados para ar as pesquisas no esto suficicientemente desenvolvidos, apresentado significativa sobreposio. Os modelos tericos comumente evocados na literatura esto relacionados teoria da agncia (ou teoria positiva da contabilidade), teoria da legitimidade e teoria dos stakeholders (REVERTE, 2008; DEEGAN, 2002). Para Reverte (2008) a teoria da agncia v a firma como um nexo de contratos entre agentes economicos que agem oportunistamente, ento o disclosure social pode ser importante na determinao de contratos de dvida, mecanimos de compensao executiva, entre outras relaes contratuais.

Para Deegan (2002), entretanto, a teoria da agncia tem uma abordagem restrita relativamente a abordagem orientada para sistemas, caractersticas das teorias que possuem sua origem na teoria da economia poltica, ou seja, a teoria da legitimidade e dos stakeholders. Enquanto a primeira aborda um curto espectro de nexus contratuais (credores, acionistas e gestores) e de contedo informacional (informaes monetrias), as duas ltimas tm um orientao mais aberta tanto aos agentes, e consequentemente tambm quanto ao contedo informacional de seu disclosure. Ainda, diferentemente da teoria da agncia, estas duas teorias no adotam o pressuposto da racional maximizao da riqueza individual.

Conforme Deegan (2002), sob a perspectiva da teoria da economia poltica, existem inmeros conflitos entre grupos da sociedade. Assumindo a existncia destes conflitos, para a teoria da economia poltica, e, portanto, para a teoria da legitimidade, sociedade, poltica e economia so inseparveis. Assim, sob esta perspectiva o disclosure visto como um fenmeno econmico, poltico e social, servindo como instrumentos a favor da legitimao das aes que sustentam os interesses privados das organizaes.

Teoria dos stakeholders reconhece que diferentes grupos tm distintas vises sobre como organizaes devem conduzir suas operaes, e tem diferentes habilidades para afetar as organizaes na sua capacidade de operar (DEEGAN, 2002). Para Reverte (2008), a tese central que o disclosure corporativo um instrumento para gerenciar a necessidade informacional dos grupos de stakeholders que possuem interesses confluentes a fim de obter o e necessrio para a sobrevivncia da organizao. Nesta teoria, portanto, o disclosure social seria usado medida que ocorresse transferncia da gravidade exercida pelos agentes atendidos pela teoria da agncia para os demais agentes, tais como empregados, consumidores, ONG’s, autoridades pblicas, etc.

Na perspectiva da teoria da legitimidade as organizaes no tm o direito inerente sobre o uso dos recursos, ou seja, para existir e operar, assim como no possui direito inerente sobre os benefcios de suas aes. A sociedade confere s organizaes um estado de legitimidade quando seu sistema (input-processamento-otput) gera mais benefcios do que custos para toda a sociedade, e no somente para grupos especficos. Considerando que o estado de legitimidade assenta-se sobre a idia de contrato social, onde se estabelece as expectativas da sociedade com relao contribuio da organizao. Esta legitimidade pode ser revogada quando a organizao deixar de atingir as expectativas sociais, ou quando a sociedade muda de tal forma que suas expectativas prvias em relao organizao alteram-se, exigindo desta organizao um ajustamento (DEEGAN, 2002).

Teoria da Legitimidade

Para Lindblom (1994, p.2) apud Deegan (2002), legitimidade

“uma condio ou status que existe quando o sistema de valores da entidade est congruente com o sistema de valores do sistema social da qual a entidade faz parte. Quando desalinhados, atual ou potencialmente, existe entre os dois sistemas uma ameaa legitimidade da entidade”.

Para Deegan (2002), diferentemente da teoria institucional onde o isomorfismo tem importncia central para a manuteno da organizao, e considerando suas sobreposies, a teoria da legitimidade reconhece a habilidade de gestores para alterarem percepes de legitimidade, o que pode ocorrer por meio de disclosure. A Figura 3 ilustra a relao entre o processo de legitimao e o disclosure corporativo. Dos aspectos relacionados viabilizao econmica, expectativas scio-culturais e do condicionamento poltico legal surgem entre a organizao e a sociedade um contrato que satisfaz as expectativas das partes. Dado o carter dinmico das relaes sociais, a organizao desafiada a se ajustar, o que pode ocorrer reagindo ou por meio de aes pr-ativas. O tipo de atitude ser determinado pela estratgia de legitimao adotada, onde um delas o disclosure social.

Figura 3: Relao entre Teoria da Legitimidade e Disclosure Corporativo

Ainda segundo Deegan (2002), a estratgia de legitimao surge da necessidade de criar, ajustar-se ou recuperar o estado de legitimidade. A motivao para adoo de uma estratgia de legitimao, portanto, surge quando: (a) as expectativas da comunidade mudaram, ento um comportamento corporativo aceitvel no se torna mais; (b) eventos particulares tenham provocado a degenerao da reputao ou da legitimidade da organizao; (c) e do julgamento relativo do gestor quanto ao gap percebido entre o aceitvel e o desempenho atual ou potencial.

Autores como Dowling e Pfeffer (1975) e Lindblom (1994) apud Deegan (2002) sugerem quatro estratgias para adotar, obter e manter a legitimidade. Conforme a Figura 4, as estratgias possuem um vis pr ativo, exigindo das organizaes articulao poltica para alterar, manipular e modificar as percepes e expectativas da sociedade.

Figura 4: Estratgias de Legitimao Organizacional
Adaptado dos trabalhos de (Dowling e Pfeffer , 1975; Lindblom, 1994)

Para promover a mudana de percepes e expectativas, a organizao pode fazer uso de informao. Da mesma forma, quando a organizao se adapta, ou seja, no busca modificar o ambiente externo, esta ao somente eficaz quando informa os pblicos interessados, o que costuma ocorrer por meio do disclosure social. O disclosure corporativo tem sido relacionado s intenes de legitimao nos estudos de Patten (1992, 1995), Gray et al.(1995a), Deegan e Rankin (1996), Deegan e Gordon (1996), Wilden e Shwartz (1997), Brown e Deegan (1998), ODonovan (1999,2002), Deegan et al. (2000) e Deegan et al. (2002), Milne e Patten (2002) e ODwyer (2002).

3. Hipteses 3v3b2h

Para Reverte (2008), sob a perspectiva da teoria da legitimidade a presso publica derivada do interesse pblico sobre a organizao e, consequentemente, o governo intervm nas atividades da organizao onde consideram o contrato social violado. A teoria positiva da contabilidade, trs uma viso paralela, relacionada hiptese dos custos polticos, onde companhias maiores estariam mais expostas ao escrutnio pblico. Assim, companhias maiores tenderiam a ser visveis para o pblico, ter mais poder de mercado, e so mais suscetveis a exposio na mdia. Assim, esto mais propensas a sofrerem ressentimento pblico, hostilidade do consumidor, conflitos trabalhistas, e ateno das agncias regulatrias.

Conforme Reverte (2008), o disclosure voluntrio pode ser explicado como um esforo para evitar a regulao e os custos polticos. Organizaes maiores so politicamente mais visveis, ento esperado que elas se engajem mais em comportamento de legitimao. Inmeros estudos tem encontrado uma relao positiva entre disclosure social ou visibilidade poltica (Adams et al.; Cullen e Christopher, 2002; Hamid, 2004; Haniffa e Cooke, 2005; Hossain et al., 1995; Neu et al., 1998; Patten, 1991).

Para Gray et. al (2001) e Reverte (2008), indstria sensvel a varivel mais comum para explicar o contedo e extenso do disclosure social (Adams et al., 1998; Cowen et al. 1987; Gray et al., 1995).

Reverte cita estudos, principalmente baseados na teoria do stakeholder, que pressupe uma relao positiva entre poltica de disclosure social e lucratividade (Belkaouri e Karpik, 2005), mas nem sempre os resultados empricos confirmam esta relao positiva (Archel, 2003). Na perspectiva da teoria da legitimidade, a lucratividade pode estar relacionada tanto positiva quanto negativamente ao disclosure social (Neu et al., 1998). Pois quando a companhia no est sendo lucrativa, o disclosure pode ser usado para convencer stakeholders financeiros que os investimentos sociais correntes resultaro em vantagens competitivas no longo prazo, ou ainda para distrair a ateno quanto aos resultados financeiros.

Para Gray et al. (2001), a literatura tem explorado as relaes entre disclosure social e caractersticas corporativas – notadamente tamanho, lucratividade/rentabilidade e indstria. As pesquisas tm sido, entretanto, largamente inconclusivas. Este artigo tenta sistematicamente estender os resultados dentro do contexto brasileiro: (a) emprega-se dados de nove anos para examinar alguma relao suposta atravs do tempo; e (b) refina as proxies que capturam os efeitos da legitimao considerando companhias reguladas e estatais e empresas socialmente sensveis.

Mais formalmente, este artigo tem seguinte srie de hipteses:

H1: as caractersticas organizacionais/setoriais que determinam o disclosure social por meio do Balano Social do IBASE so uma funo DS = f(tamanho, rentabilidade, estatal, regulada, sensvel, ISE) tendoefeito positivo e estatisticamente significante no nvel individual e/ou conjunto.

H2: As relaes individuais entre o disclosure social por meio do Balano Social do IBASE e as caractersticas corporativas no so estveis no decorrer do perodo {DS1997, DS1998 ... DS2005}.

Nesta pesquisa adotou-se o logaritmo natural do ativo total como proxy para tamanho; o logaritmo natural do retorno sobre o patrimnio lquido como proxy para rentabilidade; e considerou-se indstrias sensveis as indstrias de manufatura e extrao mineral, consideradas pela literatura (Reverte, 2008), aquelas com maior risco de serem criticadas quanto s aes sociais. Optou-se por uma medida contbil ao invs de uma medida de mercado para mensurar o desempenho para no enviesar a medida para os stakeholders financiadores. Adotou-se dummies para companhias reguladas e estatais seguindo o mesmo argumento adotado para a incluso de uma varivel para tamanho. Ou seja, companhias reguladas e estatais teriam maior visibilidade e estariam, tambm, sujeitas ao maior escrutnio pblico.

4. Aspectos metodolgicos 3y5w2x

Atravs do presente estudo, realizou-se uma pesquisa quantitativa sobre disclosure social como estratgia de legitimao: evidncias no balano social IBASE. A pesquisa quantitativa a forma de atribuir nmeros e propriedades a objetos, acontecimentos e materiais, de modo a proporcionar informaes teis (FACHIN, 2003). Para tanto, avaliou-se a implicao da Abordagem de Indicador Bsico proposta pelo Acordo na frmula do capital exigido para caso dos bancos em estudo.

Para elaborao do estudo tomou-se como amostra as companhias com aes negociadas na Bolsa de Valores de So Paulo (BOVESPA) entre os anos de 1997 e 2005. A escolha do perodo deve-se a inteno de capturar desde o incio da criao do Balano Social do IBASE os efeitos das variveis explicativas. O ano de 1996 no foi adicionado tendo em vista o nmero reduzido de companhias com divulgao do Balano Social IBASE. Da mesma forma, no foram adicionados os anos posteriores a 2005 porque a partir deste ano o IBASE iniciou o processo de reformulao do modelo de Balano Social, estes ajustes e interrupes poderiam distorcer os incentivos divulgao do balano social. Efeitos esses, difceis de serem controlados no modelo.

Da amostra foram excludas ano a ano as companhias que no tinham todos os dados completos para a mensurao das variveis explicativas. Assim, a amostra variou tanto pelo ingresso/sada de companhias da Bovespa, mas tambm pela excluso por falta de dados. O tamanho da amostra variou entre 134 e 237 companhias nos modelos ano a ano, e foi de 354 no modelo geral. Da mesma forma, o nmero de companhias listadas na Bovespa que divulgaram o balano social variou entre 11 e 55, neste caso o comportamento foi mais estvel apresentando tendncia crescente, acompanhando a evoluo do prprio instrumento de divulgao (balano IBASE).

Os dados do perodo 1997-2005 foram obtidos da Economtica, informaes sobre controle corporativo e aspectos regulatrios foram confirmadas com o o aos sites de relaes com investidores. As informaes sobre as companhias que publicaram anualmente o balano social do IBASE foram obtidas com o o ao site desta instituio. As informaes sobre as companhias que compem o ndice ISE foram obtidas no site da Bolsa de Valores de So Paulo (BOVESPA).

Uma anlise inicial dos dados revelou que as variveis independentes tamanho do ativo (AT) e retorno sobre o patrimnio lquido (RSPL) no estavam normalmente distribudas, o que levou a sofrerem transformao logartmica. Esta transformao log reduz a influncia sobre os resultados da estimao devido o tamanho das companhias, alm de respeitar os pressupostos da estimao.

Foi estimado um modelo LOGIT para dados individuais, o que permite calcular o coeficiente logstico que compara a probabilidade de uma companhia listada na Bovespa divulgar o Balano Social IBASE com a probabilidade de no divulgar. Para Hair et al. (2005) os coeficientes estimados, log transformados, so medidas das variaes na proporo das probabilidades. Nesta pesquisa no foi considerada a adequao do ajustamento do modelo - onde seria conveniente acrescentar as demais abordagens tericas ao modelo, dada a complexidade do fenmeno - somente os sinais e a significncia estatstica dos coeficientes, o que foi verificado pelos p-values e estatstica Wald. O modelo estimado segue:

Onde = 1, se divulgao o Balano IBASE, = 0, se no divulgou; = tamanho; = rentabilidade; = 1, se companhia regulada, = 0, se no companhia regulada; = 1, se companhia estatal, = 0, se no companhia estatal; = 1, se companhia sensvel, = 0, se no companhia sensvel; = 1, se companhia integrante do ndice, = 0, se no integrante do ndice.

5. Resultados 2t4a4t

As variveis explicativas Estatais e Reguladas apresentaram, conforme Tabela 1, moderada correlao entre si, tanto no modelo 1997-2005 quanto nos anuais. O que seria de se esperar j que as companhias estatais, por via de regra, esto situadas em setores regulados. Esta correlao moderada persistiu no tempo, sinalizando um provvel problema de colinearidade, o qual foi identificado e tratado na estimao do modelo.

Variveis

Tamanho (mdio)

BSI

Estatais

Reguladas

Sensveis

RSPL (mdio)

Tamanho (mdio)

1,000

BSI

0,251

1,000

Estatais

0,215

0,305

1,000

Reguladas

0,228

0,359

0,445

1,000

Sensveis

-0,094

-0,090

-0,186

-0,438

1,000

RSPL (mdio)

0,029

0,021

0,032

0,042

-0,029

1,000

Tabela 1 - Matriz de correlao entre variveis do modelo 1997-2006

No modelo 1997-2005, conforme Tabela 2, procurou-se por meio de valores mdios capturar os efeitos individuais das variveis explicativas sobre a deciso de realizar disclosure foram encontrados nas estimaes (4) e (5) uma relao estatisticamente positiva entre divulgao do balano social IBASE e companhias reguladas (p=0,04), estatais (p=0,04) e de maior tamanho (p=0,00), assim como por meio de interao entre rentabilidade e reguladas observou-se que dentre as companhias reguladas aquelas com maior rentabilidade tem maior propenso a divulgao do balano social IBASE (p=0,08).

As estimaes anuais deram e emprico segunda hiptese da inconstncia das variveis explicativas determinantes ano a ano. A nica varivel que se manteve positivamente e estatisticamente significante (p=0,00) foi o tamanho, exceto no ano de 1997. As companhias reguladas apresentaram significncia estatstica nos anos de 1997, 2003, 2004 e 2005. As companhias estatais tiveram uma significncia estatstica positiva nos anos de 2000 (p=0,00) e 2001 (p=0,03). A varivel rentabilidade obteve significncia estatstica positiva nos anos de 2000 (p=0,01), 2001 (p=0,06), 2003 (p=0,06), 2004 (p=0,09) e 2005 (p=0,06). As companhias sensveis no apresentaram significncia estatstica dada alta correlao negativa com as dummies Reguladas e Estatais, o que tornou est varivel redundante nos modelos, mas em regresses auxiliares do modelo 1997-2005 o parmetro apresentou uma relao negativa com significncia estatstica.

x-Variveis

1997-2006

1997

1998

1999

(1)

(2)

(3)

(4)

(5)

(1)

(2)

(3)

(1)

(2)

(1)

(2)

Estatais

0,486

1,658

1,133

2,519

1,720

1,638

p-value

(0,00)

(0,00)

(0,04)

(0,00)

(0,05)

(0,02)

Reguladas

0,555

1,046

0,844

0,904

2,112

2,063

-0,394

p-value

(0,14)

(0,00)

(0,04)

(0,02)

(0,02)

(0,02)

(0,66)

Sensveis

-1,029

-1,043

-1,192

-33,113

-33,448

p-value

(0,33)

(0,32)

(0,26)

(1,00)

(1,00)

Tamanho

0,486

0,500

0,532

0,421

0,425

0,347

0,318

0,315

0,796

0,855

0,875

0,920

p-value

(0,00)

(0,00)

(0,00)

(0,00)

(0,00)

(0,00)

(0,09)

(0,11)

(0,00)

(0,00)

(0,00)

(0,00)

Rentabilidade

0,000

0,000

0,000

0,092

0,000

0,031

0,497

0,163

0,043

0,215

0,074

p-value

(0,77)

(0,65)

(0,78)

(0,50)

(0,78)

(0,22)

(0,32)

0,6453)

(0,89)

(0,43)

(0,78)

Rent*Regul

0,390

p-value

(0,08)

N

354

184

139

143

1

69

11

17

16

0

285

173

122

127

Tabela 2 – Modelos Iniciais e Finais ano a ano

O modelo 1997-2005 d e emprico para possibilidade de existncia de disclosure social ao divulgar o balano social do IBASE para legitimar aes ou condies, mas as estimaes anuais sugerem que esta estratgia pode no estar presente de forma permanente nas aes das companhias, anos de 1998, 1999 e 2002. Nestes anos as variveis reguladas/estatais no apresentam significncia estatstica juntamente com a varivel tamanho/sensveis. O modelo geral, por outro lado, fornece evidncias mais fortes ao apresentar cumulativamente as variveis Estatais/Reguladas/Tamanho com relao positiva e estatisticamente significante, em detrimento da relao fraca da rentabilidade, varivel que quando positiva poderia sugerir e teoria dos stakeholders, dada a sobreposio com a teoria da legitimidade.

x-Variveis

2000

2001

2002

2003

2004

2005

(1)

(2)

(1)

(2)

(1)

(2)

(1)

(2)

(1)

(2)

(1)

(2)

(3)

Estatais

2,278

1,808

1,180

1,167

0,920

0,803

0,624

0,349

1,129

0,740

0,944

p-value

(0,01)

(0,00)

(0,07)

(0,03)

(0,10)

(0,27)

(0,30)

(0,53)

(0,06)

(0,18)

(0,12)

Reguladas

0,626

0,955

1,745

1,176

1,051

1,647

1,072

1,648

1,979

0,945

p-value

(0,49)

(0,25)

(0,01)

(0,11)

(0,01)

(0,01)

(0,01)

(0,01)

(0,00)

(0,04)

Sensveis

1,639

1,265

1,029

0,584

0,781

0,586

1,021

p-value

(0,06)

(0,11)

(0,09)

(0,39)

(0,21)

(0,34)

(0,09)

Tamanho

0,686

0,628

0,682

0,688

0,000

0,728

0,592

0,606

0,622

0,629

0,000

0,000

0,425

p-value

(0,00)

0,00

(0,00)

(0,00)

(0,02)

(0,00)

(0,00)

(0,00)

(0,00)

(0,00)

(0,10)

(0,02)

(0,00)

Rentabilidade

0,544

0,603

0,336

0,403

0,000

-0,089

0,377

0,360

0,015

0,305

0,435

0,502

0,454

p-value

(0,03)

(0,01)

(0,13)

(0,06)

(0,81)

(0,74)

(0,06)

(0,06)

(0,08)

(0,09)

(0,05)

(0,02)

(0,06)

ISE

1,363

0,895

p-value

(0,00)

(0,06)

N

161

159

134

176

237

202

1

26

38

30

47

55

47

0

135

121

104

129

182

155

Tabela 2 – Modelos Iniciais e Finais ano a ano (continuao)

Os estudos foram aplicados com base na divulgao dos dados at o ano de 2005. Sugere-se para os prximos estudos que seja replicado com os anos consequentes para que se possa comparar a evoluo do nmero de empresas que efetuam o disclosure social bem como as caractersticas dessas empresas.

6. Concluso 6j2b4l

O Balano Social um meio da empresa divulgar e prestar contas a sociedade como um todo de sua conduta social. A divulgao dos resultados do Balano Social o resultado da evoluo de um comportamento empresarial que a da preocupao econmica e financeira para tambm do compromisso com o bem estar da sociedade na qual a empresa est inserida. O Balano Social vem se consolidando como a grande prestao de contas das empresas na demonstrao de seu compromisso tico e social para com a sociedade.

Percebe-se uma crescente preocupao das empresas, que genuinamente preocupadas com a sua responsabilidade perante os diversos pblicos com os quais se relacionam, agem de forma participativa e o seu Balano Social consiste em medir o grau em que a sua estratgia de ao no campo social atende as expectativas destes a cada ano.

O disclosure voluntrio pode ser explicado como um esforo para evitar a regulao e os custos polticos. Organizaes maiores so politicamente mais visveis, ento esperado que elas se engajem mais em comportamento de legitimao.

No modelo utilizado, podemos supor que por meio de valores mdios pode-se capturar os efeitos individuais das variveis explicativas sobre a deciso de realizar disclosure e foram encontrados uma relao estatisticamente positiva entre divulgao do balano social IBASE e companhias reguladas, estatais e de maior tamanho. Assim por meio de interao entre rentabilidade e reguladas observou-se que dentre as companhias reguladas aquelas com maior rentabilidade tem maior propenso a divulgao do balano social IBASE.

Referncias 1n5j14

ASHLEY, P.; MACEDO-SOARES, T. D. In: Encontro Nacional da Associao Nacional dos Programas de Ps-Graduao e Pesquisa em istrao, 26. 2001, Campinas. Relao de trabalhos. Campinas: ENANPAD, 2001.

ASHELY P.A. (coord.),2002. tica e Responsabilidade Social nos Negcios.So Paulo, Saraiva, 2002.

BEBBINGTON, Jan; LARRINAGA, Carlos; MONEVA, Jos Maria M. Corporate social reporting and reputation risk management. ing, Auditing and ability. V. 21, N. 3, 2008.

BOVESPA – Bolsa de Valores de So Paulo.

DE LUCA, Marcia Martins Mendes. Demonstrao do Valor Adicionado. Dissertao de Mestrado. So Paulo, FEA/USP, 1991

DEEGAN, Craig. The legitimising effect of social and enviromental disclosures – a theorical foundation. ing, Auditing & ability Journal, V. 15, n. 3, 2002.

FACHIN, Odlia. Fundamentos de Metodologia. 4.ed. So Paulo: Saraiva, 2003.

FRIEDMAN, Milton. The Social Responsibility of Business is to Increase its Profits. The New York Times Magazine, September 13, 1970.

GRAY, Rob; JAVAD, Mohammed; POWER, David M.; SINCLAIR, C. Donald. Social and Enviromental Disclosure and Corporate Characteristics: A Research Note and Extension. Journal of Business Finance & ing, V. 28, nr. 3 & 4, April/May 2001.

GOLDSTEIN, Ilana. Responsabilidade social: das grandes corporaes ao terceiro setor. So Paulo: tica, 2007.

HACKSTON, David; MILNE, Markus J. Some determinants of social and enviromental disclosures in New Zealand companies. ing, Auditing & ability Journal, V. 9, N. 1, p. 77-108, 1996.

HAIR JR, Joseph F.; ANDERSON, Rolph E.; TATHAM, Ronald L.; BLACK, William C. Anlise multivariada de dados. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

IBASE, Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e Econmicas. Disponvel em <www.ibase.org.br>. o em 12 julho 2009.

KARKOTLI, Gilson; ARAGO, Sueli Duarte. Responsabilidade social: uma contribuio gesto transformadora das organizaes. 1. ed. Petrpolis: Vozes, 2004

LOPES, Alexsandro Broedel; MARTINS, Eliseu. Teoria da contabilidade: uma nova abordagem. So Paulo: Atlas, 2007.

MATHEWS, M. R. Twenty-five years of social and environmental ing research: is there a silver jubilee to celebrate? ing, Audining & ability Journal, Vol. 10, nr. 4, 1997.

MATHEWS, M. R. ing for macro-social impacts: a new research agenda. ing Forum, V. 24, N. 2, 2000.

MICHELON, Giovanna. Sustainability disclosure and reputation: a comparative study. Universit Degli Studi di Padova. Marco Fanno” working paper. Sep/2007. Disponvel em: http://www.decon.unipd.it/assets/pdf/wp/20070044.pdf

MORAES, Romildo de Oliveira; SLOMSKI, Valor; JUNQUEIRA, Emanuel Rodrigues. Anlise do retorno sobre o patrimnio lquido (ROE) das empresas que publicaram o balano social no modelo Ibase no perodo de 2001 a 2005 a partir da abordagem da Teoria Institucional. ABCustos, V. 2, nr. 3, set/dez 2007.

NASCIMENTO, Artur Roberto do; SANTOS, Ariovaldo dos; SALOTTI, Bruno; MRCIA, Fernando Dal-Ri. Disclosure social e ambiental: a produo cientfica veiculada em peridicos de lngua inglesa entre 1997 e 2007. II IAAER ANPCONT, 2008, Salvador. Anais.

MURCIA, F. D. R. ; SANTOS, A. ; CRUZ, F . Social and Environmental Disclosure Practices of Brazilian Corporations. In: III IAAER ANPCONT, 2009, So Paulo. Anais.

MURCIA, F. D. R. ; CRUZ, F . Discretionary-Based Disclosure: The Case of Social and Environmental Reporting in Brazil. In: 9 Congresso de Controladoria e Contabilidade, 2009, So Paulo. Anais.

NETO, Francisco P. de Melo; FROES, Csar. Gesto da responsabilidade social corporativa: o caso brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004

O’DONOVAN, G. Managing legitimacy though increased corporate environmental reporting: na exploratory study. Interdisciplinary Environmental Review, V. 1, N.1, 1999.

O’DONOVAN, G. Environmental disclosures in the annual report: extending the applicability and predictive Power of legitimacy theory. ing, Auditing & ability Journal, V. 15, N. 3, 2002.

OLIVEIRA, Jose Antonio Puppim de. Empresas na Sociedade: sustentabilidade e responsabilidade social. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

RAMANATHAN, Kavasseri V. Toward a theory of corporate social ing. The ing Review . USA. v.51. n. 3, 1976. p. 516-528.

RIOLI, Vladimir Antnio et. al. Balano Social. FIPECAFI/FEA/USP

REVERTE, Carmelo. Determinants of Corporate Social Responsibility Disclosure Ratings by Spanish Listed Firms. Journal of Business Ethics, October 2008.

SROUR, R. H. Poder, cultura e tica nas organizaes. Rio de Janeiro: Campus, 1998.


1 Programa de Mestrado em istrao – UCS, Caxias do Sul, RS, Brasil e-mail: [email protected]


Vol. 33 (11) 2012
[ndice]

[En caso de encontrar algn error en este website favor enviar email a ]