Espacios. Vol. 33 (11) 2012. Pg. 1 2a5e5a |
A insero de inovao e o novo padro de produo da agroindstria canavieira: estudo de caso na usina Goiasa – Gois 4se2lInserting new standard of innovation and production of sugarcane industry: a case study in plant Goiasa. Goias 3z5llDivina Aparecida Leonel Lunas Lima 1, Jnior Ruiz Garcia 2, Adriana Carvalho Pinto Viera 3 y Jos Maria Ferreira Jardim da Silveira 4 Recibido: 09-03-2012 - Aprobado: 30-06-2012 |
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RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. Introduo 563dvO setor sucroalcooleiro brasileiro destaca-se como uma das atividades econmicas com as maiores taxas de investimentos. Mesmo com a diminuio dos investimentos a partir de 2008, com a crise internacional, este setor ainda caracteriza-se por um grande nmero de empresas com investimentos projetos e em instalao no pas. As empresas na sua maioria so de grupos tradicionais do setor e de grandes investidores do segmento de energia. Outra caracterstica que a maioria dos projetos concentra-se na produo de lcool, com projees aps a implantao de efetuarem a produo de acar e de energia eltrica. A produo do acar naturalmente uma etapa de evoluo de uma destilaria. Os investimentos para a produo industrial do acar so maiores do que do lcool, por isso uma caracterstica de evoluo das empresas deste setor a entrada primeiro no mercado de lcool e aps um perodo de rentabilidade da atividade a entrada na produo do acar. A produo da energia eltrica foi uma atividade organizada para garantir a autoabastecimento da empresa, no entanto, com o crescimento das atividades produtivas da prpria usina e o aquecimento da economia nacional, a energia eltrica tornou-se um importante produto para o mercado consumidor. Esta nova conjuntura de demanda alta e escassez de energia eltrica possibilitaram uma nova rota tecnolgica na produo do setor sucroalcooleiro em direo a produo empresarial de energia eltrica para o fornecimento para consumidores externos. Este artigo apresenta a discusso desta nova rota tecnolgica na produo do setor sucroalcooleiro: a produo de energia eltrica a partir da utilizao dos resduos do bagao e da palha da cana-de-acar. A produo de cana-de-acar no Brasil tem uma expanso acentuada alicerada no crescimento da demanda por etanol devido a sua utilizao como uma das alternativas mais viveis para a diminuio da presso sobre a oferta de gasolina. A questo que norteia os estudos desta investigao qual a viabilidade econmica e tcnica da produo de energia eltrica a partir da utilizao do bagao e da palha de cana-de-acar. O objetivo geral analisar a partir do estudo de caso na Usina Goiasa o processo de incorporao da produo da energia eltrica na matriz produtiva da empresa e a contribuio deste novo produto para a rentabilidade da empresa. O artigo est estruturado em cinco partes principais. A introduo discute e contextualiza a produo de bioeletricidade e os objetivos deste estudo. O segundo item discute a produo de energia eltrica no setor sucroalcooleiro e as caractersticas e potencialidades desta nova rota tecnolgica para este setor. A terceira seo aborda o crescimento do setor sucroalcoleiro em Gois, destacando o crescimento da produo de cana-de-acar e os investimentos deste setor no Estado. A quarta seo descreve os dados do estudo de caso na Usina Goiasa apresentando a estrutura produtiva da empresa, a sua evoluo, participao no mercado estadual e a produo de energia eltrica realizada por esta empresa. A ltima seo apresenta as consideraes finais com as principais anlises deste estudo. 2. A nova rota tecnolgica do setor sucroalcooleiro: a produo de energia eltrica 2z771A produo de energia eltrica no Brasil considerada um dos modelos mais sustentveis no mundo por sua concentrao em fontes renovveis de energia apresenta possibilidades de incorporar uma nova rota tecnolgica com a produo de energia eltrica a partir da utilizao de bagao e da palha de cana-de-acar. A expanso da cana-de-acar caracterizada no Brasil pela entrada de carros flex fuel em 2005 no mercado brasileiro possibilitou a existncia de novas possibilidades de produo no setor sucroalcooleiro. A produo de energia de fontes renovveis uma caracterstica do novo modelo produtivo que tem sido defendido por vrias instituies. Na Figura 1 apresenta-se a oferta de interna de energia eltrica por fonte para o ano de 2009. Observa-se que o Brasil tem concentrado a oferta de energia renovvel na fonte de energia hidrulica que representa 76,9% do total da oferta de energia. A importao que apresenta a segunda maior parcela da oferta tambm originria de fontes renovveis de energia representa 8,1%. A biomassa com 5,4% destaca-se como a terceira fonte de oferta mais importante para o pas. As demais fontes de energia tm as seguintes participaes: derivados de petrleo 2,9%, nuclear 2,5%, gs natural 2,6%, carvo e derivados 1,3% e elica 0,2%.
Fonte: Balano Energtico Nacional (2010). Figura 1 – Oferta Interna de Energia Eltrica por Fonte – 2009. Alguns estudos brasileiros apontam para a necessidade de reduo desta participao em fontes hidrulicas com os respectivos aproveitamentos de fontes alternativas principalmente a elica que tem uma baixa participao na matriz eltrica brasileira e para otimizao da energia da biomassa. No caso da biomassa destaca-se a produo atravs do bagao e da palha de cana-de-acar, objeto deste estudo. O setor sucroalcooleiro brasileiro caracterizado pela concentrao na produo de acar como seu principal produto com a produo do etanol gerou grandes expectativas para a produo sustentvel de energia. Na Tabela 1 apresentam-se dados sobre a produo do setor sucroalcooleiro brasileiro. Estes dados indicam que o crescimento projetado para a produo de cana-de-acar entre a safra de 2008/09 e a safra 2020/21 de 84,70%. Esta expanso da cultura deve-se aos incentivos para a produo de etanol como uma alternativa para substituio e mistura da gasolina para o mercado interno e expectativa da criao do mercado internacional para este produto. A produo de acar tem uma taxa projetada de crescimento entre o perodo analisado de 44,23% e o consumo interno tem uma expectativa de 18,63%, enquanto as exportaes deste produto tm a maior taxa de crescimento neste segmento de 56,67%. A produo de etanol apresenta a segunda maior taxa de crescimento projetada de 141,85%. Este dado indica que o setor sucroalcooleiro tem direcionado seus investimentos para a produo deste combustvel renovvel. Salienta-se que com a crise financeira internacional em 2008 houve uma reduo do ritmo de investimentos neste setor provocando em 2011 uma alta de preos do etano no perodo de entressafra provocando uma mudana nas diretrizes de regulao deste produto pelo Governo Federal. H indicaes de diversos segmentos que a produo de etanol necessita apresentar taxas de expanso mais elevadas para atender o mercado interno. Na Tabela 1 o consumo interno apresenta uma taxa de crescimento entre o perodo analisado de 123,42% e as exportaes de 227,08%. Quanto ao potencial da bioeletricidade a que apresenta a maior taxa de crescimento de 631% entre o perodo inicial e o final. A participao desta energia na matriz eltrica brasileira tem uma expectativa de evoluir para 14% no final do perodo. Apresentando um crescimento de 366,67%. Tabela 1 – Perspectivas para a produo do setor sucroalcooleiro no Brasil.
Fonte: Silvestrin (2009, p.4). A energia eltrica dentro deste sistema produtivo mais uma oportunidade de rentabilidade para as indstrias, contudo, esta produo diferente da produo de etanol que tem suas prticas conhecidas e de amplo domnio pelas usinas, a produo de energia eltrica um novo mercado quanto a sua comercializao. Outro incremento que ter a produo de energia eltrica a utilizao da palha em maior proporo devido a diminuio das queimadas nas lavouras de cana-de-acar que beneficiar esta utilizao no processo de gerao de energia. Os dados da safra de 2008/09 segundo a Unica (2011) a porcentagem de utilizao de palha de 5%, a projeo que possa atingir 70% na safra de 2018/2019. De acordo com a CONAB (2011, p. 9):
Nitidamente percebe-se que os desafios para a utilizao eficiente desta nova oportunidade no setor sucroalcooleiro dependem de investimentos em reas especficas que no so consideradas tradicionais neste setor, como a engenharia eltrica. Outro desafio que o mercado de produo de energia eltrica concentrado em grandes empresas e com alto controle do Estado, demandando por isso a existncia de profissionais que possam gerir os processos de transmisso e negociao com as empresas de distribuio do Sistema Eltrico Nacional (SEN). A produo de energia eltrica a partir do bagao da cana-de-acar de amplo domnio deste setor h vrias dcadas. As usinas de acar e lcool so reconhecidas pela sua autosuficincia na produo de energia eltrica pela disponibilidade do bagao em abundncia na empresa e em volume acentuado durante as safras desta cultura. A mudana que se apresenta neste novo cenrio a gerao de excedentes de energia eltrica que possam ser comercializados. A adaptao necessria se faz na questo da distribuio desta energia e na capacidade de negociao das empresas atravs de contratos que incorporem as caractersticas desta produo. No h como incorporar ao neste novo mercado as taxas de rentabilidades que as atividades produtivas de etanol e acar, por isso a necessidade que as atividades de comercializao de energia sejam mais um componente da receita que possa ser gerada no setor sucroalcooleiro. De acordo com a CONAB (2011, p.20):
Segundo Castro (2009) a produo de energia eltrica no setor sucroalcooleiro poder beneficiar o setor eltrico nacional. H uma necessidade de complementao do parque hdrico no perodo da seca que ocorre na mesma poca da safra da cana-de-acar. Ou seja, quando o setor hidreltrico apresenta reduo na produo de energia eltrica as usinas de acar e lcool poderia atuar na produo deste complemento. Para Castro (2009, p. 198) “ao trazer a bioeletricidade para a matriz, tenderamos a reduzir esse risco de desabastecimento que existe no perodo seco”. Aes de financiamento para dotao de tecnologia para as usinas implantarem um programa eficiente de distribuio de energia eltrica tem sido tomadas pelo Governo Federal atravs de linhas de emprstimos para o setor, principalmente via BNDES. Entende-se que a produo de bioeletricidade uma oportunidade para a criao de um mercado que contribuir para a diversificao da matriz energtica brasileira e para o fortalecimento dos projetos de MDL (mecanismo de desenvolvimento limpo). O setor sucroalcooleiro brasileiro tem caractersticas especficas diferentemente dos demais pases que tem uma produo sustentada pelo fornecimento de produtores autnomos a produo brasileira tem na integrao vertical sua principal caracterstica. A usina a produtora de sua matria-prima seja em terras prprias ou arrendadas. Esta caracterstica garante um maior controle da empresa sobre o processo produtivo diminuindo os riscos de falta da matria-prima e favorecendo um planejamento mais eficiente da utilizao da matria-prima no processo produtivo. Por isso considera-se que com a consolidao da necessidade de fontes alternativas de energia eltrica o setor sucroalcooleiro brasileiro teria condies de atender estas demandas e gerar um novo produto para compor sua rentabilidade. No entanto, os dados indicam h um baixo aproveitamento das potencialidades deste mercado pelas usinas brasileiras. De acordo com o estudo da CONAB (2011) a destinao do bagao para queima como combustvel nas usinas brasileiras que vendem energia a terceiros em torno de 35,4% indicando que ainda existe um amplo espao para o crescimento do agronegcio da bioeletricidade. O nmero total de usinas que comercializam energia eltrica no Brasil na safra 2009/2010 foi de 111 unidades em todo Brasil. De acordo com o nmero total de usinas que segundo a nica (2011) de 436 na safra 2010/2011, estes dados demonstram a baixa participao e integrao da produo da bioeletricidade na rede de distribuio brasileira. Este nmero representa apenas 25% de todas as empresas do setor sucroalcooleiro. A expectativa que com a expanso dos empreendimentos do setor sucroalcooleiro e a necessidade de gerao de energia eltrica para o pas haver uma melhoria dos indicadores tecnolgicos do setor na bioeletricidade. Esta melhoria est condicionada a criao de uma legislao que incentive a insero na matriz energtica brasileira da bioeletricidade visando minimizar os riscos dos investimentos na implantao das linhas de transmisso. 3. O setor sucroalcooleiro em Gois 19l30O Estado de Gois est localizado na regio Centro-Oeste um dos principais estados desta regio na produo agrcola e industrial. Sua economia alicerada no agronegcio com uma produo integrada para seu beneficiamento atravs de vrias agroindstrias. A produo de cana-de-acar a partir de 2005 apresentou neste estado altas taxas de crescimento. Esta expanso foi comandada principalmente pela expanso horizontal, ou seja, a ocupao de reas agricultveis. Os dados indicam que em Gois a expanso da cultura deveu-se ao aquecimento da produo de etanol para oferta no mercado interno. A maioria dos empreendimentos do setor sucroalcooleiro so exclusivamente destilarias 6 para a produo de etanol. Na Figura 2 e 3 optou-se por demonstrar a expanso da cultura da cana-de-acar no Estado de Gois em dois perodos o ano de 1990 e 2007.
Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados do sistema IBGE-Sidra (2011). Observa-se que o nmero de municpios que a cana-de-acar representava entre 65% a 92% da rea plantada total era apenas de 1. A maioria dos municpios goianos apresenta no perodo um participao entre 1% a 5%. Este perodo considerado na literatura especializada do setor uma fase de estagnao do crescimento do setor sucroalcooleiro devido s crises de abastecimento do etanol na dcada de 80. Esta crise provocou uma desacelerao dos investimentos no setor o que diminui a presso pelo cultivo da cana-de-acar. A Figura 3 apresenta os dados para o perodo de 2007.
Fonte: Elaborao prpria a partir dos dados do sistema IBGE-Sidra (2011). A comparao espacial entre os dois perodos no mapa de Gois indica que o nmero de municpios tem uma participao da cana-de-acar entre 65% a 92% eleva-se para 10. No intervalo de 35% a 65% o nmero de 18. O aumento de municpios que tem a cultura da cana-de-acar com principal cultura deve-se ao nmero de empresas do setor que foram implantadas no perodo analisado entre 1990 a 2007. Na Figura 4 abaixo apresenta-se o mapa das usinas em operao no Estado de Gois para o ano de 2009.
Fonte: Lima (2010, p.83). No mapa destaca-se a regio Sudoeste Goiano. Esta regio concentra os principais investimentos do setor sucroalcooleiro e ainda agrega as maiores agroindstrias do setor de gros e de carnes, especificamente de sunos e aves. A concentrao dos investimentos nesta regio justifica-se pela logstica da regio ser considerada um das melhores do Estado e pela qualidade da terra disponvel para as atividades produtivas. Lima (2010) apresenta um quadro de competio entre as principais culturas na regio e uma distribuio espacial com a cana-de-acar expandido sobre as reas de produo de gros e de pecuria. Os indicativos que esta expanso no longo prazo mudar a configurao espacial das culturas em Gois e impactar na oferta de gros na regio. Para a safra 2009/2010 os dados indicam o funcionamento de 36 empresas do setor sucroalcooleiro na produo de acar e etanol. Deste nmero apenas 6 usinas comercializam o excedente de energia eltrica. Repetindo-se em Gois, o cenrio brasileiro de baixo aproveitamento das potencialidades de gerao de energia eltrica para a comercializao. A participao das empresas que comercializam energia eltrica em torno de 16%. A anlise do setor sucroalcooleiro em Gois indica uma concentrao na produo industrial de acar e uma distribuio mais igualitria na produo de etanol conforme pode ser verificado na Tabela 2 que apresenta o ranking das cinco principais empresas produtores de acar do Estado de Gois para a safra 2009/2010. Tabela 2 – Produo de acar (t) do Estado de Gois e das cinco maiores usinas, safra 2009/2010.
Elaborao dos autores. Os dados da Tabela 2 indicam que as cincos maiores empresas deste setor produzem 57,01% de todo acar do Estado de Gois. Destaca-se neste ramo industrial a participao da Usina So Francisco que tem uma participao de 20,15%. Esta empresa originria de capitais paulistas do setor sucroalcooleiro, do Grupo So Joo, um dos maiores do Estado de So Paulo. Esta empresa uma das entrantes do setor em Gois. O incio de suas operaes foi no ano de 2006. (LIMA, 2010). A Tabela 3 apresenta dos dados da produo de etanol do Estado de Gois e o ranking das cinco maiores empresas. A comparao entre as Tabelas 2 e 3 indicam que algumas empresas so as maiores na produo industrial dos dois principais produtos do setor sucroalcooleiro. Tabela 3 – Produo de etanol (mil litros) do Estado de Gois e das cinco maiores usinas, safra 2009/2010.
Elaborao dos autores. A produo de etanol em Gois mais desconcentrada que a produo de acar. As cincos maiores empresas deste produto representam 29,66% da produo total do Estado de Gois. A Usina Boa Vista, Vale Verde Empreendimentos Agrcolas e Usina Porto das guas atuam apenas na produo de etanol. Na Figura 5 pode ser observada a evoluo da rea plantada de cana-de-acar no Estado de Gois para o atendimento das demandas das agroindstrias canavieiras. No ano de 2005 a rea plantada com cana-de-acar no Estado era de 216.025 ha. Este ano marca o incio do novo ciclo de crescimento dos investimentos no setor sucroalcooleiro no Brasil. Conforme salientado anteriormente o Estado de Gois devido as suas caractersticas naturais apresenta uma das maiores taxas de expanso deste setor a nvel nacional. Em 2010 a rea com cana-de-acar foi de 655.201 ha.
Fonte: Canasat (2011). Os dados do Estado de Gois indicam que o setor sucroalcooleiro apresenta um ritmo de expanso e consolidao. O principal produto deste setor o etanol. As expectativas da continuidade do novo modelo produtivo baseado na utilizao de fontes alternativas e renovveis de energia beneficiaram os empreendimentos goianos e favorecia a maior profissionalizao destas empresas para o aproveitamento de oportunidades de negcios, como a comercializao de excedentes de energia eltrica. Quanto ao setor sucroalcooleiro goiano percebe-se um crescimento acentuado da produo de etanol, conforme pode ser visualizado na Figura 6.
Fonte: Seplan (2011) A prxima seo apresenta-se o estudo de caso da Usina Goiasa. Esta empresa considerada um das tradicionais do setor sucroalcooleiro em Gois encontra-se na quarta posio do ranking da produo de acar e etanol (Tabela 2 e 3). 4. Resultados e discusses do estudo de caso – usina Goiasa 2q6x21A Usina Goiasa fica sediada no municpio de Goiatuba. Esta empresa originria de capitais paulistas que atuavam no setor de construo civil – Grupo Construcap. Os motivos que favoreceram a entrada desta empresa no setor sucroalcooleiro em Gois foi o Prolcool. A primeira safra da empresa foi em 1991 com a produo de lcool com a moagem de 14,44 milhes. A empresa produz acar convencional e orgnico, lcool hidratado e anidro e energia eltrica. A primeira safra de acar convencional foi em 1996 e em 1999 foi produzida a primeira safra de acar orgnico. A produo da cana-de-acar para o setor de produo do acar orgnico feita em torno da indstria. A Tabela 4 apresenta os dados produtivos da empresa para as duas ltimas safras e a estimativa para a safra 2010/2011. Tabela 4 – Indicadores produtivos da Goiasa, safras 2008/09 a 2010/11.
Fonte: Goiasa (2009). A empresa tem adotado uma postura de expanso e consolidao na regio com investimentos de reestruturao produtiva e melhoria dos indicadores de produtividade da usina. Alm de contar com a expanso para duas novas unidades industriais. Uma, a Goiasa 2, tem previso de funcionamento em 2013 e fica na Microrregio Meia Ponte e a outra, Unidade So Domingos, tem a previso de funcionamento em 2014. Para demonstrar a importncia da empresa na regio optou-se por apresentar os dados do municpio de Goiatuba quanto rea cultivada com cana-de-acar na Figura 7.
Fonte: Canasat (2011). Os dados do municpio indicam que quase a totalidade de cana-de-acar cultivada na regio para o abastecimento da Usina Goiasa. No setor sucroalcooleiro o transporte acima de 30 km aumenta exponencialmente o custo da cana, por isso uma das caractersticas desta atividade a pequena distncia entre os canaviais e a unidade industrial. Devido a essa limitao tcnica deduz-se que a quase totalidade de cana cultivada no municpio de Goiatuba para o abastecimento da Usina Goiasa. Os investimentos para a entrada da empresa no mercado de distribuio de energia foi feito em 2003. O valor total estimado dos investimentos foi de R$ 49,88 milhes. Deste valor a empresa teve um projeto aprovado pelo BNDES de R$39,9 milhes, correspondente a 80% do total do investimento. Este projeto previu que a capacidade de produo de energia seria de 36 MW, sendo que 26 MW foram previstos para a comercializao externa. A capacidade em 2003 da empresa para a produo de energia era de apenas 6 MW. Para a produo de energia eltrica a empresa implantou uma rede de distribuio de 40 km. A comercializao dos excedentes de energia feita desde 2005. Em 2009, a empresa indicou que 10% do lucro da empresa foi derivado da comercializao de energia eltrica. Entende-se que este dado indica a viabilidade da atividade, pois apesar do curto espao de tempo de implantao da comercializao de excedentes de energia, esta atividade j representa em 4 anos 10% dos lucros da empresas. A expanso da produo de energia um processo derivado do crescimento produtivo da empresa, conforme pode ser observado na Tabela 2. A disponibilidade de quantidades de bagao e palha para as caldeiras da usina uma condio essencial para a viabilidade tcnica deste tipo de empreendimento. De acordo com a Tabela 5 destaca-se a produtividade da empresa quanto a produo de toneladas e nmero de cortes. Tabela 5 – Produtividade da Usina Goiasa, safras 2008/2009 e 2009/2010.
Fonte: Goiasa (2009). Quanto aos contratos de para o cultivo da cana-de-acar a usina salientou que existem contratos at 2016 que so feitos sobre reas que no favorecem a colheita manual o que impedir a usina de adotar 100% da colheita mecanizada. A empresa est se estruturando para conseguir que sua produo seja totalmente colhida mecanizada. Esta opo ir aumentar consideravelmente a oferta de outro importante componente para a produo de energia eltrica que a palha da cana-de-acar. Contudo em visita realizada em 2011 foi confirmado que a usina j tem sua colheita toda feita mecanizada. Os avanos tecnolgicos da Todos os contratos para o plantio da cultura da cana-de-acar para a empresa so de parceria. A mdia de durao destes contratos de parceria de 7 anos. A previso que a empresa efetue a seguinte estrutura de utilizao das reas de parceria da seguinte maneira: 4 cortes + 1 + 1 sendo estas possibilidade de acordo com a qualidade do canavial e 01 ano para o plantio da soja, que a cultura utilizada para a renovao do canavial. A Figura 7 destaca em 2009/2010 a estrutura da rea da usina.
Fonte: Goiasa (2009). Conforme pode ser visualizado na Figura 7 a rea prpria da usina representa 10% da sua rea total registrando em valores absolutos 3.120,87 ha. A rea dos fornecedores de 5.198,66, participando com 17% e os contratos de parceria tm uma rea de 21.950,13 ha, ou seja, 73%. A rea total da empresa na safra 2009/2010 foi de 30.269,66 ha. Questionados quanto a questo da terra prpria se a empresa tem interesse em aumentar esta rea a direo da empresa informou que a compra de terras na empresa nunca foi priorizada pois o sistema de parceria tem sido eficiente para suprir a questo do fornecimento da matria-prima. Outro questionamento feito foi quanto a possibilidade de aumento da rea dos fornecedores a usina apontou que esta participao na empresa poder elevar-se at 25%. Ressaltando que segundo as estratgias da empresa um nmero maior que esse considerado arriscado pela usina. Este risco derivado dos problemas que a empresa poder ter caso no haja a entrega da matria-prima para a moagem, por isso, no considerado vivel por este empresa expandir este nmero acima de 25% de participao no fornecimento de cana. A empresa considera que o controle da maior parte da rea produtiva diminuiu os riscos de qualquer eventualidade que prejudique a entrega desta matria-prima por parte da figura dos fornecedores. Entende-se desta maneira que mesmo com os aparatos legais existentes para a construo de contratos as agroindstrias canavieiras optam pelo fornecimento prprio da cana visando dirimir os riscos do negcio. Esta caracterstica comum nas empresas deste setor no Brasil como um todo. A capacidade de produo na safra 2009/2010 da empresa a seguinte: capacidade de moagem 550 tc/h – 13.200 tc/dia. Capacidade de produo de acar de 16.000 sc/dia. A produo de lcool hidratado de 800 m3/dia e lcool anidro de 300 m3/dia. A gerao de energia est em 32 MW/h – 768 MW/dia. Deste total a exportao de energia de 21 MW/h e 504 MW/dia. Pode-se destacar que a empresa ainda no atingiu o limite de comercializao previsto no projeto do BNDES que era de 26 MW. A produtividade da tonelada de cana na usina tem sido para cada tonelada gera 0,98 sacos de acar e 45,42 litros de lcool. Para esta safra foi previsto o trabalho em 245 dias mais a possibilidade de 10 dias dependendo do transcorrer nas etapas produtivas durante o perodo produtivo da usina. A empresa destaca ainda que 60% da sua rea potencialmente irrigada. Sendo que a irrigao utilizada em 6.319,67 ha representando 25%. A fertirrigao feita em 7.448,21 ha, 29,7% e sequeiro em uma rea de 11.303,12 h, ou seja, 45,1% de uma rea total de 25.071 ha. Entre os planos de expanso fora a construo das novas unidades industriais no Estado de Gois a empresa destacou a questo da produo de lcool orgnico. Este processamento industrial por enquanto no seria totalmente desenvolvido dentro da unidade devido a investimentos na parte do processamento industrial. A estratgia a ser adotada seria a transferncia da etapa produtiva final para outra empresa no estado de So Paulo que finalizaria o processamento. Outra mudana na estrutura produtiva da empresa foi a questo do estoque de cana-de-acar ser feita em sob rodas, ou seja, a usina extinguiu a parte no setor industrial para estocar a cana colhida. Atualmente a estratgia a rotatividade dos caminhes carregados de cana nas reas de entrega da cana-de-acar. A empresa tem atuado na busca de estratgias diferenciadas para a sustentabilidade de sua competitividade no mercado sucroalcooleiro nacional. Entende-se que estas prticas atravs da criao e aproveitamento de potencialidades do setor, como a produo de energia eltrica, poder se tornar um importante diferencial para esta empresa. A caracterstica predominante da empresa estudada a expanso de suas atividades produtivas na empresa matriz e a implantao de novas firmas no Estado de Gois. 5. Consideraes finais 6y5u40As novas oportunidades para a gerao de uma matriz energtica sustentvel e diversificada para o Brasil apresentam-se como uma excelente oportunidade de aproveitamento do crescimento do setor sucroalcooleiro que comandado pela produo de etanol. A emergncia de um novo modelo de produo de energia renovvel com o mercado de combustveis alternativos e renovveis favoreceu que o Brasil que j detinha tecnologia para a oferta de etanol apresenta-se com o mais importante pas dentro desta nova matriz energtica. A expanso da atividade produtiva no setor sucroalcooleiro e o crescimento da economia brasileira com a necessidade de garantia de oferta de energia eltrica criaram a possibilidade de aproveitamento dos subprodutos deste setor (bagao e palha) para a utilizao eficiente para a produo de excedentes para a venda para o Sistema Eltrico Brasileiro. A criao deste novo mercado ainda necessita de uma maior regulao para a venda nos leiles de energia e incentivos para investimentos nas usinas para a obteno de eficincia tcnica e econmica nesta atividade. O Governo Federal tem indicado atravs de suas polticas que ir favorecer este crescimento com de linhas de crdito especficos para financiamentos para as usinas que atuarem na transmisso de energia dos excedentes gerados. O Estado de Gois devido ao nmero de empresas entrantes no setor sucroalcooleiro com objetivos especficos de atuarem na produo de etanol tem se beneficiado destes incentivos para a implantao de empresas j com capacidade de gerao de energia eltrica para o mercado consumidor. Outro fator que beneficia esta produo que todos empreendimentos aprovados em Gois no podem utilizar a queimada o que gera um maior oferta do subproduto da palha da cana-de-acar. A grande quantidade de subprodutos gerados viabiliza sua utilizao nas cadeiras das usinas e na gerao de uma maior quantidade de energia. A Usina Goiasa considerada uma das empresas tradicionais no Estado de Gois. Sua produo industrial diversificada em produtos com mercados especficos e com caractersticas prprias como o acar orgnico, conforme destacado anteriormente. A atuao na transmisso de energia eltrica foi um marco para o aumento da rentabilidade da empresa. Os emprstimos do Governo Federal para a montagem das linhas de transmisso da empresa foram importantes impulsionadores para o aproveitamento de sua capacidade produtiva. Estes investimentos tem demonstrado a lucratividade da atividade pois a receita da venda de energia eltrica participa na mdia com 10% do lucro total da empresa. Considerando a potencialidade desta atividade tm-se a expectativa de que esta participao cresa com a consolidao deste mercado na regio. 6. Referncias bibliogrficas 5e6i6BALANO Energtico Nacional 2010: Ano base 2009. Empresa de Pesquisa Energtica. Rio de Janeiro: EPE, 2010. 276p. CANASAT. Mapeamento da cana via imagens de satlite de observao da Terra. Dados estatsticos. Disponvel em<http://www.dsr.inpe.br/laf/canasat/mapa.html> ado em 21 de junho de 2011. CASTRO, Nivalde Jose de. Bioetricidade de cana-de-acar: reduzindo emisses, agregando valor. ANAIS OFICIAIS DO Ethanol Summit 2009. p. 195-200, 1 a 3 de Junho de 2009, So Paulo, Brasil, nica. CONAB. A Gerao Termoeltrica com a Queima do Bagao de Cana-de-Acar no Brasil: Anlise do Desempenho da Safra 2009-2010. Maro de 2011. CONAB: Braslia, 2011.160p. IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA. Produo agrcola Municipal, Sistema IBGE de Recuperao Automtica – SIDRA. Disponvel em <http://www.sidra.ibge.gov.br/>. o em 20 de abril de 2011. LIMA, Divina Aparecida Leonel Lunas. Estrutura e expanso da agroindstria canavieira no Sudoeste Goiano: impactos no uso do solo e na estrutura fundiria a partir de 1990. 2010. 248 f. Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2010 SILVESTRIN, Carlos R. Bioeletricidade: Reduzindo Emisses e Agregando Valor ao Sistema Eltrico Nacional. PALESTRA DO Ethanol Summit 2009. 20p. So Paulo. SEPLAN. Gois em dados. Disponvel em <http://www.seplan.go.gov.br/sepin/> ado em 10 de maro de 2011. UNICA. Dados estatsticos. Disponvel em <http://www.unica.com.br/dadosCotacao/estatistica/> ado em 10 de abril de 2011. USINA Goiasa. Visita e coleta de dados. FAEG, Goiatuba, outubro de 2009. (Visita organizada pela Comisso de Bioenergia da FAEG, 2009). |
1 Universidade Estadual de Gois – UEG e Universidade de Rio Verde - FESURV E-mail: [email protected] |
Vol. 33 (11) 2012 [En caso de encontrar algn error en este website favor enviar email a ] |