Espacios. Vol. 33 (7) 2012. Pg. 5 u6l3w |
Integrao de preos entre o Rio Grande do Sul, Uruguai, Brasil e Austrlia nos mercados da carne ovina e da l 5p6o4gIntegration of prices between Rio Grande do Sul, Uruguay, Brazil and Australia in the markets of lamb meat and wool r5v3gIsabela Barchet 1 y Clailton Atades de Freitas 2 Recibido: 20-11-2011- Aprobado:01-04-2012 |
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RESUMO: |
ABSTRACT: |
1. Introduo 563dvA ovinocultura no Rio Grande do Sul teve papel fundamental no progresso da pecuria gacha. Durante o sculo XX a atividade evoluiu promovendo desenvolvimento econmico e social e posicionando o estado como um dos maiores produtores do pas. No entanto, ao longo das ltimas trs dcadas a atividade foi marcada por perodos de fortes oscilaes na produo de l e carne ovina. A crise internacional da l causou reduo drstica no rebanho, comprometendo sobremaneira a estrutura da oferta de carne e l. Os rebanhos de raas laneiras foram os mais atingidos e acabaram dando espao para a entrada de raas especializadas em carne. O perodo de crise na atividade surgiu no final da dcada de 1980, em consequncia dos altos estoques australianos de l e do incio da comercializao de tecidos sintticos no mercado txtil internacional. A crise que se estendeu durante a dcada de 1990, desestimulou a atividade e desestruturou toda a cadeia produtiva da ovinocultura, reduzindo significantemente o rebanho comercial. Com esse cenrio, os ovinos deslanados surgiram como alternativa vivel e permitiram o desenvolvimento da ovinocultura em regies que, at ento, no tinha expresso econmica, como por exemplo, o nordeste brasileiro. Segundo Viana (2008) o aumento do poder aquisitivo da populao, a estabilidade monetria conquistada a partir do Plano Real, a abertura da economia brasileira competitividade internacional e o incremento do abate de animais jovens trouxeram um novo mercado para a ovinocultura. A carne ovina comeou a ser apreciada, levando ao incremento de demanda. Esse novo cenrio possibilitou o incio da reestruturao da ovinocultura no Rio Grande do Sul, com a transio do sistema produtivo laneiro para o sistema de produo de cordeiros para abate. Dessa forma, a carne tornou-se o principal produto da ovinocultura. Apesar de existir um potencial mercado para a ovinocultura no Brasil. A inexistncia de um mercado fiel, a exigncia de uma oferta regular de animais, a necessidade de escala para comercializao e a busca por animais jovens por parte dos frigorficos so dificuldades enfrentadas pelo segmento de carne ovina no Brasil. Em consequncia, ganham espao no mercado interno gacho as importaes de carne ovina, apresentadas como uma ferramenta para irrigar esse deficitrio mercado e, assim, possibilitar aos consumidores uma carne com um preo mais vel economicamente. Nos ltimos dez anos, no menos de 50% do total consumido de carne ovina no Brasil foi importado. O Uruguai o principal parceiro comercial do pas na importao de carne ovina, alm de ser o maior player das Amricas no agronegcio da carne ovina. No perodo de 2002 a 2009 o Brasil importou do pas vizinho algo em torno de 90% do total das importaes de carne ovina anual realizada. Considerando a importncia e o potencial da cadeia produtiva ovina para o Brasil e, em especial para o Rio Grande do Sul, e os seus dois principais parceiros comerciais, o Uruguai e a Austrlia, espera-se que as oscilaes de preos da carne ovina e da l, respectivamente, desses pases afetem a dinmica do mercado brasileiro desses produtos. Os trabalhos empricos realizados na tentativa de averiguar se h transmisso de preos em determinados mercados, ou seja, se estes so espacialmente integrados, caracterizam que a integrao de mercado um processo pelo qual preos de commodities idnticas no se comportam de forma independente. Nesse sentido, integrao espacial de mercados se refere medida do grau de integrao de mercados, ou seja, por um lado, existem mercados completamente isolados e, por outro, aqueles perfeitamente integrados, sendo importante na medida em que pode ocorrer transmisso de preos indiretamente, ou seja, no necessrio que duas regies sejam parceiras diretas de comrcio para existir alto grau de integrao entre elas. Quando os preos so determinados de maneira interdependente no sentido de que as alteraes de preos em um mercado so transmitidas aos preos em outros mercados, tem-se caracterizado os chamados mercados integrados, o qual tem como fundamento terico a Lei do Preo nico (LPU). Diante do que foi relatado acima, pode-se encerrar a problemtica com o seguinte questionamento: ocorre transmisso de preos entre os mercados de carne ovina e da l entre o Rio Grande do sul, Uruguai, Brasil e Austrlia? De maneira especfica, o presente estudo questiona se as oscilaes nos preos da carne ovina uruguaia, na l brasileira e na l australiana iro repercutir nos preos internos recebidos pelos produtores do Rio Grande do Sul, e qual a velocidade de transmisso entre estes preos? Para responder a essa problemtica, o presente trabalho tem como objetivo precpuo verificar se h integrao entre os preos da carne ovina no Rio Grande do Sul, no Uruguai, da l no Brasil e da l na Austrlia buscando, assim, identificar um comportamento comum de longo prazo. 2. Referencial terico 4p3e1mO referencial terico utilizado neste estudo teve como base a teoria de integrao de mercados, na forma como foi apresentada em Fackler e Goodwin (2000) e Gonzlez-Rivera e Helfand (2001), e a Lei de Preo nico. Segundo Fackler e Goodwin (2000), a integrao de mercados refere-se interdependncia entre os preos em diferentes regies, ao longo do tempo. Por compartilharem informaes de longo prazo semelhantes, os preos de um mercado integrado sofrero influncia no apenas das condies de oferta e demandas locais, mas tambm das condies das demais localidades. Neste sentido, os testes estatsticos so empregados para indicar o grau de integrao dos mercados. Para Barrett (2001), se dois mercados esto integrados, ento, choques de preo em um deles devem ser sentidos em outros mercados para o mesmo bem. Entretanto, Faminow e Benson (1990), salientam que a arbitragem garante que os preos em locais espacialmente diferentes no diferiro mais do que o custo do transporte de enviar o produto de um lugar para outro. A base da anlise da integrao dos mercados encontra-se na LPU, garantida pela arbitragem dos mercadores. Por isso, a LPU uma relao que se cumpre no longo prazo, sem excluir a possibilidade de desajustes de preos no curto prazo (COSTA e FERREIRA FILHO, 2000). Arbitragem espacial, “Lei do Preo nico” e integrao espacial de mercados so termos que se confundem e se inter-relacionam. No entanto, o que diferencia integrao espacial de mercados dos demais termos que este se refere medida do grau de integrao de mercados, ou seja, por um lado, existem mercados completamente isolados e, por outro, aqueles perfeitamente integrados (em que a LPU observada). De forma sucinta, integrao espacial de mercado diz respeito ao grau de co-movimentao dos preos em diferentes locais, sendo medido pela correlao entre os preos (FACKLER e GOODWIN, 2000). Fackler e Goodwin (2001 apud CUNHA, 2008) definem trs diferentes verses para a LPU. A primeira conhecida como verso fraca dessa Lei e estabelece que a diferena entre os preos e um bem em dois locais deve ser menor ou igual ao custo de mover este bem da regio com menor preo para a regio com preo maior. A verso forte da LPU estabelece que esta condio conhecida como condio de arbitragem espacial, deve se manter como uma igualdade. Embora, este seja um conceito de equilbrio, os preos podem diferir desta relao, mas a ao de arbitragem levar a diferena de preos a se igualar ao valor dos custos de transao. A terceira e ltima est relacionada verso agregada ou Paridade do Poder de Compra definida em termos de ndices de preos, indica que a taxa de troca entre bens comercializveis proporcional relao dos nveis de preos em dois pases. A validade da Lei do Preo nico est diretamente relacionada ao processo de arbitragem internacional, o qual, no longo prazo, tende a igualar os preos nos dois mercados (domstico e externo). A arbitragem induz a elevao do preo no pas com preo baixo, em funo do aumento da quantidade demandada, enquanto implica em queda de preo no pas com preo alto, devido ao excesso da quantidade ofertada. O processo de arbitragem continua at o momento em que os preos nos dois pases sejam igualados. No entanto, Cunha (2008) alerta para o fato de que o processo de arbitragem poder ser dificilmente eficiente em razo de barreiras comerciais, informao imperfeita e averso ao risco. Alm disso, o autor destaca que a maioria das firmas possui algum poder de mercado j que em grande parte dos mercados a pressuposio de competio perfeita no se verifica. Para Nogueira et. al (2005), o processo de arbitragem leva algum tempo para se efetivar em decorrncia de sua ao lenta o que conota no curto prazo a ineficincia da LPU. De acordo com Kimura (2003) tambm existe uma limitao da arbitragem no mercado financeiro, uma vez que as possibilidades de arbitragem no so totalmente eliminadas devido estrutura do mercado e ento provveis distrbios no mercado podem causar desequilbrios persistentes de preo. 3. Metodologia 4a4j213.1 Fonte e base de dados 5nk1zOs dados utilizados no estudo so as sries mensais de preos da carne ovina do Rio Grande do Sul (PCRS) e do Uruguai (PCUR) e as sries de preo da l do Brasil (PLBR) e da Austrlia (PLA), todas no perodo de janeiro de 2002 a julho de 2009. As sries histricas de preo do Rio Grande do Sul foram obtidas na EMATER/RS – via sistema interno de dados – e as do Uruguai foram obtidos no Instituto Nacional de Carnes do Uruguai (INAC). As sries de preos mensais da l do Brasil foram obtidas na FGVDADOS e da l para a Austrlia no Index Mundi. O software utilizado para estimar o modelo foi o Microfit 4.0. 3.2 O modelo economtrico l76tO modelo terico a ser utilizado neste trabalho mostra como variaes nos preos externos refletem-se em variaes nos preos internos. Tendo como base a LPU pode-se escrever o preo interno do produto analisado como funo do preo externo da seguinte forma: em que, Pi o preo interno do produto i no pas x no perodo t e refere-se ao preo do produto i no perodo t nas regies y, os coeficientes α e β’s, so o intercepto da funo e as elasticidades dos preos internos em relao ao preo externo, respectivamente; u o vetor de resduo. Assim, Pcrs : representa o preo da carne ovina no Rio Grande do Sul; Pcur : representa o preo da carne ovina no Rio Grande do Sul; Plbr : representa o preo da l no Brasil Pla : representa o preo da l na Austrlia Este modelo parte do pressuposto que o preo do produto em determinado pas funo do preo do mesmo produto em outra regio e do termo de erro. O coeficiente de inclinao a elasticidade de transmisso de preo. Quando o seu valor igual a 1 significa que variaes no preo externo so plenamente transmitidas ao preo domstico; por outro lado, quando o valor de β igual a zero isso implica que variaes do preo externo no conduzem a qualquer tipo de resposta do preo interno. Nesse caso, portanto, considera-se que o mercado analisado seja fechado. O caso mais comum que o valor de β se encontre entre 0 e 1, mostrando que as inter-relaes comerciais dos pases afetam de alguma forma os preos dos produtos comercializados por eles. Espera-se a priori que os preos da carne ovina no Uruguai e da l na Austrlia afetem de forma negativa e positiva, respectivamente, os preos da carne ovina no Rio Grande do Sul e de certa forma, que aumentos de preos nestes produtos sejam transmitidos ao mercado interno considerando as peculiaridades do mercado de carne ovina. 3.3 Procedimentos Economtricos 386y4oNo estudo sero realizados os testes de estacionariedade atravs dos procedimentos clssicos, como a funo de autocorrelao (FAC) e os Testes de DF, DFA e PP, bem como, o teste de causalidade de Granger e o teste de co-integrao de Johansen, a decomposio da varincia, o mecanismo de correo dos erros e, de forma complementar, as estimativas da funo impulso-resposta e do perfil de persistncias. A seguir so detalhados os dois ltimos procedimentos, para os demais ver Gujarati (2006), Coelho (2002), Enders (1995), Rosado (2006), Arajo Filho (2005), Cunha (2008), entre outros autores que abordam procedimentos economtricos. 3.3.1 Funo impulso-resposta e perfil de persistncia 2u6a4uA funo impulso-resposta (FIR) uma tcnica que permite avaliar os efeitos de um choque numa srie temporal sobre a outra. Conforme Fackler e Goodwin (2001 apud CUNHA, 2008) um mtodo utilizado para medir o grau de integrao de um mercado, assim, a FIR mede a resposta das variveis includas num VAR a choques exgenos sobre uma das variveis do modelo, ao longo do tempo. Essa metodologia usada nos estudos de integrao de mercados para avaliar a dinmica do ajustamento entre os preos, pois este procedimento permite traar os efeitos do desvio padro de um choque relativo a uma inovao nos valores presentes e futuros das variveis endgenas. Esse fato transmitido por uma estrutura dinmica de um vetor auto-regressivo. A metodologia de clculo dos perfis de persistncia, foi inicialmente sugerida por Pesaran e Shin (1996) e empregada por Gonzlez-Rivera e Helfand (2001), Pereira (2005) e Nogueira et al. (2005). Os perfis de persistncia visam sintetizar as estimativas dos parmetros do VEC em uma medida nica, que defina o grau de integrao; servem para qualquer ordenamento das variveis no sistema; e caracteriza a resposta de uma relao co-integrante a um choque em um sistema amplo, ao invs de um sistema individual. Ele mede o tempo de reao de cada relao de equilbrio de longo prazo para absorver um choque em um sistema amplo. 4. Anlise de resultados 691sA anlise de sries temporais requer que se adotem alguns procedimentos padres, como os tratados na seo anterior. O primeiro o nessas anlises verificar a presena de raiz unitria, e para tal finalidade o presente estudo recorre-se aos testes do correlograma, DF e ADF e Phillips-Perron (PP). Os correlogramas das sries estudadas revelam que os coeficientes de autocorrelao iniciam com valores altos e decaem lentamente com o aumento do nmero de defasagens, caracterizando um padro tpico de eio aleatrio. Uma vez detectado indcios de que as sries parecem ser no estacionrias, a-se a realizar testes mais formais como o Teste ADF e PP, o qual pode ser observado na Tabela 1. As sries em estudos mostram-se influenciadas pela tendncia, no caso da carne ovina Uruguaia e l Brasil e sem tendncia, no caso das demais. Fonte: dados da pesquisa Como verificado pelos correlogramas, as sries apresentam um padro de autocorrelao, isto , as sries temporais em estudo so no estacionrias. Assim, utilizam-se as estatticas DFA, que contemplam a presena da autocorrelao no processo em questo. Assim, a partir dos valores dos Testes ADF se verifica que os processos PCRS, PCUR e PLA so, em termos estatsticos, no estacionrias em nvel, a 5% de significncia. E que a srie PLBR estacionria ao nvel de 5% de significncia, sendo, portanto, integrada de ordem zero – I(0). O teste Phillips-Perron mostrou-se contraditrio com algumas estatsticas apontadas pelo teste ADF. O teste PP apontou como estacionria em nvel a varivel PCUR e, no estacionria em nvel a varivel PLBR contradizendo, assim, as estatsticas ADF discutidas acima. Deste modo, este estudo desconsidera tal contradio, a fim de no perder informaes anteriores e, ainda, observa-se que h indcios de no estacionariedade, no caso de PCUR e, estacionariedade, no caso de PLBR, como j revelado pelos correlogramas e ratificado pelo teste ADF. Em relao ao vetor de resduos a srie estacionria em nvel sendo, portanto I(0). Nesse caso, o teste apropriado para o termo de erro DF, dada pressuposio de que esta varivel no apresenta autocorrelao. Dessa forma, j se tm o primeiro indcio de que as variveis em estudo guardam relao de equilbrio de longo prazo. Destaca-se que o vetor de resduos no se apresenta influenciado pela tendncia. Um novo padro de estacionariedade pode ser observado nos correlogramas obtidos a partir da primeira diferena das sries PCRS, PCUR e PLA, os coeficientes de autocorrelao diminuem acentuadamente aps uma defasagem, oscilando em torno de zero, sugerindo a ausncia de raiz unitria. Tal padro confirmado pelos testes DF em primeira diferena da Tabela 1, na qual ao nvel de significncia de 95%, os valores calculados das estatsticas de DF so superiores ao valor crtico. Deste modo, se aceita a hiptese de que todas as sries so estacionarias aps a diferenciao, ou seja, as sries so integradas de ordem um –I(1). Aps concluir que os mercados so integrados, ou-se ao teste para verificar a causalidade no sentido de Granger entre os preos nos mercados em estudo, que foi executado com 1 defasagem segundo o critrio AIC e SBC. Os resultados do Teste de Causalidade de Granger so apresentados na Tabela 2. Fonte: dados da pesquisa. Valor crtico: 7,815. Lags: 3 Os resultados expostos na Tabela 2 confirmam em parte as expectativas. Dada a hiptese nula (H.N) de que PCUR e PLA causam, individualmente, no sentido de Granger a varivel PCRS, verifica-se que os valores calculados das variveis so maiores que os valores tabelados, logo, infere-se que as variveis citadas so Granger-Causal. Fato este esperado, pois, no caso da carne uruguaia se confirma a teoria de que no comrcio internacional desse produto os preos praticados em um pas so influenciados por preos praticados em outros pases que comercializam entre si. J no caso da l australiana, a mesma ser Granger causa preos carne ovina Rio Grande do Sul est em conformidade com as caractersticas do mercado de carne ovina gacha e mundial, uma vez que, com a crise internacional da l no fim da dcada de 80, desencadeada nos principais mercados produtores, entre eles a Austrlia, o rebanho de ovinos foi drasticamente reduzido e sua recuperao est condicionada a adoo de raas produtoras de carne e l. No entanto, a varivel preo l para o Brasil no causa no sentido de Granger os preos da carne ovina no Rio Grande do Sul, fato que gerou surpresa. No entanto, em situao semelhante vivenciada por Arajo Filho (2005), o autor coloca que o teste de Granger sensvel a escolha do tamanho da defasagem – a varivel em estudo s se mostrou significativa com 8 defasagens – e que a causalidade de Granger tem sido utilizada nas anlises de integrao de mercado como uma ferramenta auxiliar, em associao com os modelos de co-integrao, pois, embora o teste, num contexto de integrao de mercados, permita algumas inferncias sobre relaes de preos regionais, ele bastante limitado. Por indicar apenas se o relacionamento entre preos defasados e contemporneos estatisticamente diferente de zero, nada pode ser dito a respeito natureza real das relaes; uma causalidade estatisticamente significativa pode ser totalmente inconsistente com as noes convencionais de integrao. Por estes motivos optou-se por permanecer com a varivel preo l em nvel de Brasil no modelo. A fim de verificar se os preos possuem tendncia semelhante de comportamento, realizado o teste de co-integrao das sries de preos estudadas atravs do mtodo proposto por Johansen, porm, antes de realizar o teste de co-integrao, necessrio determinar o nmero de defasagens a serem utilizadas – ordem do vetor autoregressivo. A ordem determinada de acordo com os critrios de seleo de AIC e SBC. De acordo com a Tabela 3, ambos os critrios AIC E SBC apresentaram maior valor das estatsticas para defasagem de ordem um. Assim, adota-se um VAR = 1. Tabela 3– Critrios de seleo para a escolha da ordem de defasagem do modelo Fonte: dados da pesquisa A definio do nmero de vetores co-integrados se d pela escolha do rank da matriz (r) com base nos autovalores e no trao da matriz estocstica. Para o presente trabalho foi escolhido, como modelo representativo, aquele sem intercepto ou tendncia temporal utilizado por Lopes (2008) e Arajo Filho (2005), as demais especificaes foram testadas, mas no apresentaram mudanas estatsticas significativas nos ajustamentos dos processos. A Tabela 4 mostra o Teste de Co-integrao de Johansen, levando-se em considerao os critrios de mximo autovalor e trao na qual se testa a existncia de (k – 1) vetores de co-integrao, considerando a totalidade das sries. Tabela 4 – Teste de co-integrao de Johansen Nota: Teste de co-integrao sem intercepto e sem tendncia, com ordem VAR = 1. Fonte:dados da pesquisa Conforme a tabela acima, o nmero de vetores de co-integrao foi testado sequencialmente. Sob hiptese nula (H.N) da no existncia de posto co-integrante contra a hiptese alternativa (H.A) de existir um posto, testa-se ao nvel de significncia de 95% e 90%, o valor crtico calculado contra os tabelados, usando a estatstica do mximo autovalor. A partir disso, percebe-se a aceitao da hiptese alternativa para ambos os casos, uma vez que as estatsticas calculadas (τmax e τtrace) foram maiores que os valores tabelados. Assim, parte-se para a verificao da segunda hiptese alternativa (r = 2). Sob a mesma argumentao anterior, chega-se a concluso, a partir dos Testes de Autovalor e do Trao, de que esta hiptese no deve ser rejeitada. Assim, tanto o teste trao quanto o de mximo autovalor, indicaram a existncia de dois vetores de co-integrao estatisticamente diferente de zero, logo, h dois vetores de co-integrao para as quatro variveis em estudo, o que significa a existncia de um vetor de co-integrao para cada subconjunto de trs variveis e que qualquer combinao linear destes dois vetores tambm um vetor de co-integrao. No entanto, optou-se por utilizar somente um dos vetores, uma vez que, a normalizao do PCRS j consegue atender aos objetivos do presente trabalho. E, em um segundo momento, o uso de dois vetores gerou um problema tcnico, de modo que, a restrio de uma varivel enfraqueceria um dos vetores. O fato de terem sido obtidos dois vetores de co-integrao no condio suficiente para garantir a participao de cada um dos preos no equilbrio de longo prazo do mercado de carne ovina do Rio Grande do Sul. Por esse motivo, foram testadas as hipteses de que o parmetro β seja estatisticamente significativo. Dessa maneira, a anlise do padro de interdependncia entre os processos a seguinte: Tabela 5 – Resultados da estimao da regresso Notas: Estatstica t0,05 = 1,98; t0,10 = 1,65.Fonte: dados da pesquisa Como colocado na tabela acima, o teste t para os parmetros, ao nvel de significncia de 5%, indica que a varivel preo da carne ovina do Uruguai estatisticamente significativa na estimao da equao. No entanto, com um nvel de 10% de significncia a varivel preo da l australiana, tambm, se mostra significativa, indicando que ambas participam efetivamente do equilbrio de longo prazo do mercado de carne ovina no Rio Grande do Sul. Os resultados apontam que no longo prazo, os preos da carne ovina uruguaia tm relao negativa com os preos da carne ovina no Rio Grande do sul, de modo que, uma elevao de 1% no preo da carne ovina uruguaia ocasionaria reduo em torno de 0,60% nos preos da carne ovina no Rio Grande do Sul, resultado coerente com Silva (2002). Segundo esse autor, no Rio Grande do Sul os preos pagos aos produtores uruguaios fazem uma presso para baixo na remunerao dos produtores gachos. J o preo da l australiana apresenta uma relao positiva. Assim, plausvel esperar que um aumento de preo da l na Austrlia influencie, diretamente, o nvel de preos da carne ovina no Rio Grande do Sul. Infere-se com 90% de confiana que uma elevao de 1% no preo da l australiana incrementaria o preo da carne ovina no Rio Grande do Sul em 0,12%. Resultados que tornam compreensveis os efeitos da crise internacional da l e ratificam o desenvolvimento de estratgias e polticas para a valorizao da l que conseguintemente possa levar a um incremento positivo na carne. Assim, todos os mercados enumerados acima so relevantes no estabelecimento do padro de equilbrio de longo prazo no mercado de carne ovina no Rio Grande do Sul indicando que choques ocorridos em um mercado so transmitidos aos outros no longo prazo. Em outras palavras, o mercado no segmentado e eficiente na difuso de informaes, contribuindo para o estabelecimento do padro de equilbrio de longo prazo no mercado em estudo. Uma vez identificada integrao entre os preos, procurou-se determinar em quanto tempo as relaes estabelecidas retornariam ao equilbrio aps uma alterao qualquer no mercado por meios dos perfis de persistncia e da funo impulso-resposta ortogonalizada do choque de uma unidade de desvio padro do preo da carne ovina no Rio Grande do Sul. Tomando-se por base a funo impulso-resposta, tem-se que os efeitos provocados por choques externos varivel preo da carne ovina para o Rio Grande do Sul se propagam ao longo dos meses, dissipando-se em torno do 13 ms. possvel analisar que o preo da carne ovina para o Rio Grande do Sul, por exemplo, decorrente de um impulso dos preos de R$ 0,007 kg no Uruguai reequilibrado no primeiro ms mediante um preo de R$ 0,03 kg. No segundo ms, o impacto residual de R$ 0,02 e, assim at que o valor residual total seja eliminado por volta do 13 ms. Para os perfis de persistncia, os clculos foram realizados para cada par de preos, tendo como base os preos da carne ovina para o Rio Grande do Sul. Em geral os resultados obtidos indicaram que os choques no sistema so removidos de modo relativamente rpido. Pode-se verificar que o preo da carne ovina para o Uruguai foi o que retornou ao equilbrio mais rapidamente, com 96% dos ajustamentos ocorrendo no terceiro ms aps o choque. O preo da l australiana apresentou ajuste mais lento, cerca de 92% no oitavo ms. A Figura 1 exibe o grfico dos perfis de persistncia, indicando que, por volta de 13 meses aps o choque, os pares de preos praticamente retornam ao equilbrio. Figura 1 – Ajustamento das relaes de co-integrao, tomando-se como base PCRS.Fonte: Dados da pesquisa Com o objetivo de resumir os ajustamentos discutidos numa medida que representasse o grau de integrao entre os mercados, foi calculado o perfil de persistncia mediano (ou meia-vida)3, definido como o tempo necessrio para que ocorram 50% dos ajustes entre cada preo e aquele que foi tomado como base. Na Tabela 6 encontram-se as estimativas. Fonte: Dados da pesquisa A carne ovina uruguaia foi a mais integrada do mercado, pois, a qualquer choque, verifica-se uma reao de forma mais rpida, dado que sua vida mdia inferior a um ms (0,87), ou seja, para esta varivel 50% dos ajustamentos ocorreram at o vigsimo sexto dia posterior ao choque no sistema como um todo, no perodo analisado. Em geral, o grau de integrao esteve relacionado com a expressividade de cada mercado com o mercado de carne ovina no Rio Grande do Sul, como o caso da menor integrao da l australiana. Esta tambm a explicao para a maior integrao da carne uruguaia. A decomposio da varincia, em termos percentuais, dos erros de previso mostra a evoluo do comportamento dinmico apresentado pelas variveis, ao longo do tempo, isto , permitem separar a varincia dos erros de previso para cada varivel em componentes que podem ser atribudos por ela prpria e pelas demais variveis endgenas, isoladamente. Assim, qual o efeito que um choque no antecipado sobre determinada varivel tem sobre ela prpria e as demais variveis pertencentes ao vetor co-integrvel. Os resultados da decomposio da varincia dos erros de previso para o preo da carne ovina no Rio Grande do Sul esto descritos na Tabela 7. Observa-se que, decorridos 13 meses, aps um choque no antecipado sobre essa varivel, aproximadamente, 56,5% de seu comportamento decorre dela prpria, isto , a varincia dos erros de previso sendo atribudas prpria dinmica do mercado de carne ovina do Rio Grande do Sul. O restante atribudo, principalmente, varivel preo carne ovina no Uruguai (PCUR), participando com 42% na decomposio da varincia. O mercado de l australiano contribuiu com 1,1% no 13 perodo. Portanto, verifica-se que os erros de previso so explicados em grande maioria pela prpria varivel PCRS. Fonte: dados da pesquisa As relaes de longo prazo estabelecidas entre os preos so asseguradas por um mecanismo de correo de erros que as conduz ao equilbrio. Assim, o termo de erro liga o comportamento da varivel em curto prazo ao seu valor em longo prazo e, com isso, o mecanismo de correo de erros a a evidenciar o quanto da trajetria de longo prazo da srie em questo corrigido a cada ms. Tabela 8 – Modelo vetorial de correo de erros. Notas: estatstica t0,05 = 1,98; t0,10 = 1,65. Rio Grande do Sul como varivel explicada. Fonte: dados da pesquisa possvel verificar que o vetor de erro, em um intervalo de 95% de confiana, significativo e apresenta-se negativo, como esperado. Isso significa que os preos da carne ovina no Rio Grande do Sul esto acima do equilbrio no curto prazo entre os perodos t e t-1. O coeficiente obtido demonstra que a discrepncia de 33,14% entre os preos da carne ovina no Rio Grande do Sul e nos outros mercados integrados est sendo corrigida a cada ms. No caso do preo da l brasileira, os resultados apontaram coeficiente positivo e significativo, o que indica que responde aos choques de preos no curto prazo, apesar de no participar do equilbrio de longo prazo. Deve-se ressaltar que a integrao identificada permite afirmar apenas que os preos possuem trajetrias temporais semelhantes e convergem para um equilbrio no longo prazo, porm mantendo-se em magnitudes distintas. 5. Concluso 4l5vnEm razo da importncia do setor ovinocultor no contexto socioeconmico do Rio Grande do Sul, do papel desempenhado pela integrao de mercado no crescimento econmico, e considerando que nenhum estudo para o setor tinha sido realizado com o intuito de analisar a integrao deste mercado, faz-se relevante saber como os vrios mercados se relacionam. A partir do procedimento de Johansen foi detectada a presena de dois vetores de co-integrao, optando-se, no entanto, por utilizar somente um dos vetores, uma vez que, o mesmo atendia aos propsitos delineados pela presente pesquisa. Os resultados demonstram a existncia de relaes de equilbrio de longo prazo entre os preos da carne ovina do Rio Grande do Sul e Uruguai e, da l australiana, ou seja, tais mercados so integrados. No entanto, os preos da l no mercado brasileiro no se apresentam estatisticamente integrada no longo tempo, participando do equilbrio no curto prazo. A funo impulso-resposta e os perfis de persistncia demonstraram que aps um choque de preos os desequilbrios so corrigidos lentamente. A decomposio da varincia dos erros indica que os erros de previso so explicados significativamente pelos preos da carne ovina no estado, ou seja, a prpria varivel se explica. Quanto anlise do grau de integrao, ou seja, a verificao das variveis que so mais ou menos integradas constatou-se que o Uruguai foi o que se ajustou mais rapidamente a desequilbrios no sistema, possuindo, portanto, o maior grau de integrao. Numa clara indicao de que, quanto maior a participao na produo e exportao, mais alto o grau de integrao. No que se refere s relaes de curto prazo, o vetor de erro significativo e positivo. Conclui-se, portanto, que no perodo analisado houve um fluxo comum de informao ao longo dos expressivos players do setor. Referncia bibliogrfica 5d6013ARAJO FILHO, O. DE A. 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