Espacios. Vol. 33 (3) 2012. Pg. 8 63g6g


Comportamento dos Indicadores de Inovao em Empresas de Tecnologia da Informao: Estudo Multicaso em Empresas do APL de Software de Curitiba 4j13f

The behavior of Innovation Indicators in Information Technology Enterprises: Multi Case Study in Enterprises from the Local Productive Arrangement of Software in Curitiba 1ve4q

Comportamiento de los Indicadores de Innovacin em Empresas de Tecnologa de la Informacin: Estudio de casos mltiples en empresas del Acuerdo Productivo Local de Software en Curitiba 4q3126

Marcelo Rasera 1 y Ana Paula Mussi Szabo Cherobim 2

Recibido: 26-05-2011 - Aprobado: 10-09-2011


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RESUMO:
Este trabalho realizou um estudo multicaso com 13 empresas do Arranjo Produtivo Local (APL) de Software de Curitiba com o objetivo de caracterizar a inovao em empresas de TI. Foi possvel identificar associaes entre indicadores de esforo e resultados da inovao e concluir que a presena de inovao aberta e de profissionais com mestrado e doutorado contribuem para um melhor ndice de concluso de projetos. Observou-se que a maioria das empresas possui algum tipo de indicador prprio, diferente dos indicadores fornecidos pela academia, para atestar que a empresa inovadora e s vezes medir a intensidade da sua inovao.

ABSTRACT:
This work conducted a multi case study with 13 companies in the Local Productive Arrangement (LPA) of Software in Curitiba in order to characterize innovation in the IT industry. It was possible to identify associations between effort and results of innovation and conclude that the presence of open innovation and professionals with master and doctoral degree contribute to a better rate of project completion. It was observed that most companies have some sort of indicator of its own, different from the indicators provided by the academy, to attest that the company is innovative and sometimes measure the intensity of innovation.

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RESUMEN:
En este trabajo se llev a cabo un estudio de casos mltiples con 13 empresas del Acuerdo Productivo Local (APL) de Software en Curitiba con el fin de caracterizar la innovacin en la industria de Tecnologa de la Informacin. Fue posible identificar las asociaciones entre el esfuerzo y los resultados de la innovacin y concluir que la presencia de la innovacin abierta y profesionales con maestra y doctorado contribuyen a una mejor tasa de finalizacin de proyectos. Se observ que la mayora de las empresas tienen algn tipo de indicador propio, diferente de los indicadores proporcionados por la academia, para certificar que la empresa es innovadora y, a veces medir la intensidad de la innovacin.

1. Introduo 563dv

A influncia da Tecnologia da Informao (TI) no funcionamento das empresas tem sido interesse de estudos desde o surgimento dos primeiros sistemas de computadores. A TI tem a capacidade de modificar os processos produtivos e o modo como as pessoas trabalham dentro de uma organizao.

A inovao tem sido relacionada ao desenvolvimento econmico em diversos nveis, partindo do nvel local, regional ou nacional at alcanar nveis globais. A inovao pode ser definida como a capacidade de gerar e difundir invenes tecnolgicas, de modo incremental ou radical. Neste trabalho interessa a inovao aplicada s empresas. A ideia que a mudana tecnolgica est associada ao crescimento econmico compartilhada por muitos autores como Freeman, Schumpeter, e mesmo Karl Marx e Adam Smith, que j no sculo XIX, defendeu que a criao de novas mquinas veio a contribuir para o aumento da produtividade dos trabalhadores (NELSON, 2000). Vrios autores, entre os quais Chesbrough (2003), Corazza e Fracalanza, (2004), Johnson, Edquist e Lundvall (2003) e Tidd, Bessant e Pavitt (2008), tm ressaltado a importncia da inovao como elemento fundamental para a competitividade e mesmo para a sobrevivncia das empresas. Segundo Chesbrough (2003), hoje existem muitas oportunidades para a inovao, devido s possibilidades fornecidas pelas tecnologias, como as de informao, mas ao mesmo tempo convive-se com ameaas constantes devido velocidade cada vez maior das transformaes na nossa sociedade. Por isso, essencial buscar entender os processos que podem auxiliar a inovao nas empresas. Mudanas constantes e o contnuo surgimento de novidades so elementos intrnsecos da TI. Com rapidez exponencial so apresentados novos equipamentos, programas, plataformas, metodologias e interfaces que transformam a prpria TI, portanto a TI convive com a inovao. Bresnahan e Trajtenberg (1995) argumentam que "tecnologias de uso geral", como computadores, geram ondas de inovaes incrementais, portanto alm de trazer a inovao, a TI pode ser catalisadora da inovao.

Neste trabalho procura-se contribuir para o entendimento da relao entre TI e inovao, identificando empiricamente quais elementos da TI podem contribuir para a inovao em empresas de software que fazem uso intensivo de recursos de TI. Trambm procura-se identificar o processo de inovao nas empresas de software, quais esforos estas fazem para inovar, quais resultados obtm e como medem os resultados da inovao.

Utiliza-se anlise quantitativa e qualitativa sobre dados primrios coletados por meio de questionrios e entrevistas semiestruturadas. A amostra composta por 13 empresas pertencentes ao APL (Arranjo Produtivo Local) de Software de Curitiba.

2. Inovao 736z6t

No mbito da economia, muito vem se discutindo sobre inovao, sua natureza, caractersticas e fontes, com objetivo de buscar maior compreenso de seu papel frente ao desenvolvimento econmico, ressaltando-se como marco fundamental a contribuio de J. Schumpeter, que no incio do sculo XX enfocou a importncia de inovaes e avanos tecnolgicos no desenvolvimento de empresas e da economia (LEMOS, 2000, p. 124).

Ao procurar estabelecer de onde vm as inovaes, Schumpeter descarta a hiptese de que elas se originem no mbito dos desejos e necessidades dos consumidores, embora esses sejam elementos importantes para a adoo e difuso de novas combinaes. Todavia, esses atores so ivos em relao pesquisa e ao desenvolvimento de novos produtos e processos provenientes das empresas (COSTA, 2006).

Neste estudo interessa a inovao como objeto de estudo enquanto associada a empresas, capaz de gerar novos produtos, servios ou processos internos. Na definio sucinta do Department of Trade do Reino Unido, que tem evidente enfoque comercial, “a inovao a explorao bem sucedida de novas ideias” (DTI, [2004]).

2.1. Indicadores de Inovao 673u4x

Existe uma quantidade crescente de indicadores que servem para medir a inovao. Eles so teis porque conseguem captar aspectos relevantes desse processo. Os indicadores mais comumente utilizados esto subdivididos entre os que medem os esforos e os que medem os produtos ou resultados da inovao (OECD, 2002; FURTADO; QUEIROZ, 2007).

2.1.1. Indicadores da intensidade do esforo inovador 1y4848

Os indicadores de insumo enfocam os esforos realizados pelas empresas em pesquisa e desenvolvimento (P&D). A P&D definida como atividades dirigidas para a busca de conhecimento cientfico e tecnolgico novo ou a aplicao de conhecimentos existentes de uma nova forma. De acordo com os critrios estabelecidos pelo Manual Frascati (OECD, 2002), essas atividades compreendem a pesquisa bsica, a pesquisa aplicada e o desenvolvimento experimental (FURTADO; QUEIROZ, 2007).

Entre os indicadores utilizados para mensurar o esforo tecnolgico destacam-se: a) a intensidade tecnolgica ou de P&D, que consiste na razo entre o gasto de P&D da empresa e as suas vendas ou valor adicionado; b) os recursos humanos destinados P&D, que podem ser subdivididos em trs categorias: cientistas e engenheiros, tcnicos e pessoal de apoio; para a contabilizao de recursos humanos, tambm, pode-se medir o tempo de dedicao das pessoas s atividades de P&D; c) a existncia de parcerias com universidades, instituies de pesquisa ou com outras organizaes com inteno de inovar; d) investimentos de capital em P&D; e) contratao de servios tecnolgicos ou aquisio de tecnologia; f) espao dedicado a laboratrios de pesquisa (ANPEI, 2001; OECD, 2002; FURTADO; QUEIROZ, 2007).

2.1.2. Indicadores do resultado da inovao tecnolgica 6m221i

Os indicadores de resultado avaliam o impacto da inovao nas empresas e so mais difceis para coletar e avaliar. Entre os tipos de indicadores utilizados para mensurar o resultado do esforo tecnolgico destacam-se: a) o nmero de patentes de inveno, seja o seu depsito ou o seu registro, que pode ocorre vrios anos depois; b) o nmero de projetos finalizados (sejam para inovaes de produtos lanados no mercado ou somente para a empresa, tais como novos processos); c) faturamento por novos produtos lanados no mercado; este indicador mede o impacto econmico da inovao atravs da participao dessas nas vendas totais da empresa e relativo s inovaes de produto; d) economia de custos decorrentes das inovaes, geralmente em processos internos das empresas (ANPEI, 2001; OECD, 2002; FURTADO; QUEIROZ, 2007).

2.2. Inovao Aberta 6m574n

A dificuldade das empresas em manterem-se inovadoras usando somente seus recursos internos foi observada por Chesbrough (2003), pois muitas ideias esto surgindo e despontando em lugares diversos longe dos departamentos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) dessas empresas. A inovao aberta, expresso cunhada por Chesbrough, assume que o conhecimento til inovao est amplamente distribudo e nem mesmo o mais capacitado setor de P&D de uma organizao poderia ser capaz de reproduzi-lo, portanto este deve procurar identificar e explorar fontes de conhecimento externo como questo crucial no processo de inovao. O setor de P&D deve transformar-se em uma unidade de inovao, que realiza a gesto da inovao olhando para fontes de conhecimento dentro e fora da organizao. Deste modo, observa-se hoje a transio de um modelo fechado de pesquisa e desenvolvimento para um modelo aberto e interativo de busca de solues (CHESBROUGH, 2003). Um dos princpios bsicos da inovao aberta o reconhecimento que nem todos os componentes para uma inovao so originados de fontes internas da organizao e que o conhecimento proveniente de fontes externas pode tornar mais efetivo ou amplo seus prprios esforos (WITZEMAN et al., 2006). As interaes entre organizaes assumem papel relevante e despertam o interesse para a inovao que nasce de parcerias, alianas, t-ventures e organizaes em rede.

A TI assume papel importante na disponibilizao de canais de comunicao, de sistemas de armazenamento de informaes e de compartilhamento de conhecimento que favorecem a inovao em redes e especificamente a inovao aberta. As ferramentas de construo colaborativa de contedo, como wikis, e de redes sociais, como facebook e twitter, comumente utilizadas para a inovao em rede nas empresas nos dias atuais, se valem dos recursos da rea de TI das empresas. Portanto a TI pode impactar na inovao em rede ou inovao aberta nas empresas.

3. TI e inovao 1c3v3f

A TI est em constante mudana, em contnua evoluo. Em tempos sempre mais curtos so apresentados novos equipamentos, programas, metodologias e meios de interao que transformam os negcios. A TI, portanto, tem carter intrinsecamente inovador. Alm disso, Bresnahan e Trajtenberg (1995) argumentam que "tecnologias de uso geral", como computadores, geram ondas de inovaes incrementais. Erik Brynjolfsson – diretor do centro de negcios digitais do MIT (Massachusetts Institute of Technology) – defende que avanos tecnolgicos no so apenas inovaes em si mesmas, mas habilitam novos processos para inovar e que a TI catalisadora para mudanas complementares (HOPKINS, 2010b).

Segundo Esther Baldwin – cientista snior de inovao da Intel Corporation – no absolutamente necessrio o uso de TI para gerenciar a inovao, mas a TI facilita este processo. Ferramentas como bancos de dados podem capturar melhor ideias dos funcionrios e filtrar informaes para usar hoje ou no futuro; salas de bate-papo, videoconferncia, e sites de mdia social que conectam funcionrios virtualmente so crticos para a adoo da inovao (HOPKINS, 2010a). A TI est presente e contribui de forma significativa em vrios tipos de adoo de inovao na empresa, como em atividades istrativas (Albertin; ALBERTIN, 2008a, 2008b). A TI capacita a inovao permitindo que as organizaes redesenhem os seus processos de negcio, elaborem estratgias competitivas e identifiquem e atendam as preferncias dos clientes (KOHLI; MELVILLE, 2009).

Tarafdar e Gordon (2007), em sua obra sobre o entendimento da influncia das competncias dos sistemas de informao no processo de inovao, reuniram vrios exemplos de obras, com respectivos autores, que argumentam que a TI a o processo de inovao. No quadro 1 os autores so apresentados por tema, conforme classificao realizada por Tarafdar e Gordon (2007) para identificao dos principais promotores da inovao relacionados TI. Contudo, pesquisa realizada por Rasera e Cherobim (2010) identificou o baixo interesse pela academia no Brasil em referenciar a inovao como motivao para os investimentos em TI, j que este assunto ocupa a penltima posio na classificao dos quinze assuntos apontados, fato que denota a importncia de realizar estudos empricos como o presente, que investiguem a associao entre TI e inovao.

Temas

Obras

Redesenho de processos de negcios

Davenport (1992), Khosrowpour (2006), Reijers e Mansar (2005) e Tsai (2003).

Assimilao organizacional da TI

Fichman e Kemerer (1997)

Difuso da inovao

Bofondi e Lotti (2006), Fichman e Kemerer (1999) e Florkowski e Olivas-Lujan (2006)

Estratgia de TI

Fincham et al. (1995), Pennings e Harianto (1992), Ross, Beath e Goodhue (1996) e Souitaris (2002).

Ligaes eletrnicas e alianas

Malhotra et al. (2001), Pennings e Harianto (1992), Tikkanen e Renko (2006), Xie e Johnston (2004).

Automao de processos

Nissen e Sengupta (2006), Scheer et al.(2004).

Melhoria do controle de processo

Muehlen (2004)

Design de software

Nurcan et al. (2005) e Vollmer e Peyret (2006).

Sistemas de simulao

Baldwin, Eldabi e Paul (2005) e Serrano, den Hangst (2005).

Melhoria do processo de inovao como consequncia de investimentos em TI

Devaraj e Kohli (2000).

Quadro 1 – Exemplos de obras que argumentam que a TI a o processo de inovao, relacionadas aos seus respectivos temas.

Fonte: Tarafdar e Gordon (2007)

4. Procedimentos Metodolgicos 4v5c72

Este trabalho tem perspectiva epistemolgica positivista e de natureza aplicada e descritiva. descritiva porque procura conhecer determinada realidade atravs da caracterizao da inovao nas empresas analisadas. Para atender os objetivos deste trabalho, optou-se pela realizao de estudo multicaso, de corte transversal nico (MALHOTRA, 2006) porque a observao ocorreu em um ponto nico do tempo (agosto e setembro de 2010). A perspectiva transversal privilegia uma anlise pontual. Em relao ao estudo de caso nico, o estudo multicaso proporciona evidncias inseridas em diferentes contextos, o que torna a pesquisa mais robusta (LAZZARINI, 1995). Foram utilizados mtodos quantitativos e qualitativos para a coleta e anlise dos dados.

Para o levantamento quantitativo, utilizou-se pesquisa survey por meio de dois questionrios, respondidos em voz alta em encontro presencial entre entrevistador e entrevistado. A pesquisa quantitativa encontra significado reorganizando, examinando e discutindo nmeros por meio de tabelas e estatsticas para explicar como padres nos dados dizem respeito questo de pesquisa (NEUMAN, 2004). As questes sobre inovao previam respostas ordinais em ordem de grandeza.

Para o levantamento qualitativo, utilizou-se o mtodo de entrevistas semiestruturadas registradas por gravador com perguntas abertas. Utilizou-se pesquisa qualitativa para possibilitar que novas informaes pudessem emergir do ambiente pesquisado, de modo a capturar a percepo do entrevistado sobre aspectos da inovao na sua empresa, talvez no cobertos pelos questionrios quantitativos.

O survey e as perguntas semi-estruturadas foram dirigidos pessoa ocupando a funo de mais alta hierarquia disponvel (predominantemente o proprietrio, scio ou diretor).

4.1. Populao e amostra 1e6l1i

Para a escolha da populao, levou-se em considerao fatores como a facilidade de o s empresas, o interesse das empresas em participar, a quantidade de empresas disponveis para a pesquisa, o uso que fazem da TI, a sua propenso a inovar, o compartilhamento de caractersticas comuns entre as empresas e a utilidade dos resultados desta pesquisa para as empresas. Dentro destes critrios, entre outros grupos de empresas analisados, despontou a populao formada pelas empresas de TI de Curitiba agrupadas no Arranjo Produtivo Local (APL) de Software de Curitiba.

Estas empresas podem satisfazer os critrios de seleo para esta pesquisa, pois possivelmente tm envolvimento com a produo de inovao porque comercializam produtos e servios de TI, que possuem carter perecvel (de rpida obsolescncia), dependendo de novidades contnuas. Portanto, pode-se esperar que estas empresas de TI produzam inovao continuamente.

O universo amostral deste trabalho foi determinado pela convenincia, com base no julgamento do pesquisador e no interesse do entrevistado, caracterizando a amostra como no probabilstica. O nmero de observaes (13 empresas), quando comparado ao nmero de questes quantitativas utilizados nos questionrios (23), restringiu a anlise dos dados ao uso de tcnicas estatsticas descritivas e no-paramtricas.

4.2. Caracterizao da empresa 4c1m3o

Com o intuito de caracterizar o entrevistado e as empresas pesquisadas, foram realizadas as seguintes perguntas:

1) Qual o cargo do(s) respondentes(s)?

2) Qual o ano de criao da empresa?

3) Qual origem da empresa? Nacional/estrangeira

4) Quais dos itens so comercializados?

a. servio (consultoria, outsourcing, help desk, etc.)

b. produto pronto (software de prateleira ou outro no customizvel)

c. produto customizvel (implantao de ERP, software sob medida)

5) Quais os setores em que atuam os clientes (ex: financeiro, telecom, transportes, varejo, indstria, sade, gesto pblica)?

4.3. Indicadores do Esforo Inovador 4r2k4n

Para identificar o esforo inovador nas empresas, este trabalho empregou o mtodo de pesquisa survey, elaborado com base nos indicadores utilizados por ANPEI (2001), OECD (2002) e Furtado e Queiroz (2007), que esto associados aos esforos realizados pelas empresas em pesquisa e desenvolvimento (P&D). As questes so apresentadas no quadro 2.

4.4. Indicadores dos Resultados da Inovao 5u1p4

Os indicadores de resultados da inovao so compostos por medidas variadas que incluem o nmero de patentes de inveno, o nmero de projetos finalizados, o faturamento obtido por novos produtos lanados e a economia de custos decorrentes das inovaes.

Para identificar os resultados da inovao nas empresas, este trabalho empregou o mtodo de pesquisa survey, elaborado com base nos indicadores utilizados por ANPEI (2001), OECD (2002) e Furtado e Queiroz (2007), que esto associados aos resultados obtidos pelas empresas, decorrentes das suas inovaes. As questes so apresentadas no quadro 3.

4.5 Aspectos da Inovao 8282j

Para identificar aspectos no contemplados pelos mtodos quantitativos, procedeu-se coleta de dados qualitativos por meio de trs perguntas abertas com o intuito de captar as impresses mais evidentes e mais espontneas dos entrevistados sobre determinados aspectos da inovao nas empresas:

1) Quais so as iniciativas da empresa para promover a inovao?

2) Existe algum outro tipo de resultado da inovao observado na empresa?

3) A TI (como departamento, infraestrutura e tecnologia) contribui com a inovao na sua empresa? De que modo?

1. Percentual de empregados alocados na atividade de prospeco tecnolgica ou desenvolvimento de software (em seu equivalente em tempo integral) – mdia mensal dos ltimos doze meses.

2. Percentual de empregados alocados na atividade de prospeco tecnolgica (em seu equivalente em tempo integral) – mdia mensal dos ltimos doze meses.

3. Percentual de empregados alocados na atividade de desenvolvimento de software (em seu equivalente em tempo integral) – mdia mensal dos ltimos doze meses.

4. Percentual de empregados em atividades de prospeco tecnolgica e desenvolvimento de software cujo grau educacional mais elevado seja mestrado ou doutorado.

5. Percentual de empregados em atividades de prospeco tecnolgica e desenvolvimento de software cujo grau educacional mais elevado seja MBA ou especializao.

6. Percentual de empregados em atividades de prospeco tecnolgica e desenvolvimento de software cujo grau educacional mais elevado seja ps-graduao.

7. Percentual de empregados em atividades de prospeco tecnolgica e desenvolvimento de software cujo grau educacional mais elevado seja ensino superior.

8. Percentual de empregados em atividades de prospeco tecnolgica e desenvolvimento de software cujo grau educacional mais elevado seja ensino superior ou maior.

9. Nmero de parceiros (universidades, institutos, etc.) envolvidos com o objetivo de realizar prospeco tecnolgica e desenvolvimento de software.

10. Percentual do espao fsico alocado a atividades de prospeco tecnolgica e desenvolvimento de software.

11. Percentual de despesas em P&D em relao ao faturamento bruto nos ltimos doze meses (despesas com pessoal de P&D: retribuio, treinamentos, etc.; aquisio ou de uma base de dados com informaes para pesquisa; participao de feiras).

12. Percentual de investimentos de capital em inovao tecnolgica em relao ao faturamento bruto nos ltimos doze meses (novas mquinas para P&D, pagamento de royalties, aplicaes provenientes de fundos de investimentos).

13. Nmero de canais de inovao aberta ou em rede (de zero a trs: fornecedores/clientes/parceiros).

14. Existncia de canal de inovao aberta com fornecedores.

15. Existncia de canal de inovao aberta com clientes.

16. Existncia de canal de inovao aberta com parceiros.

Quadro 2 – ndices de esforo inovador nas empresas utilizados para o questionrio 2.
Fonte: ANPEI (2001), OECD (2002), Furtado e Queiroz (2007) e (IBGE, 2007), com adaptao do autor.

1. Percentual de projetos concludos nos ltimos doze meses.

2. Percentual de projetos em andamento nos ltimos doze meses.

3. Percentual de projetos concludos ou em andamento nos ltimos doze meses.

4. Nmero de patentes concedidas ou depositadas nos ltimos 12 meses

5. Percentual do faturamento dos novos produtos lanados no mercado em relao ao faturamento total, nos ltimos doze meses.

6. Percentual de economia de custos decorrentes de melhorias nos processos em relao ao faturamento total nos ltimos doze meses.

7. Percentual de novos produtos e servios nos ltimos doze meses.

Quadro 3 – ndices dos resultados da inovao nas empresas utilizados no questionrio 3.
Fonte: ANPEI (2001), OECD (2002) e Furtado e Queiroz (2007), com adaptao do autor.

5. Anlises e Resultados 3zh1h

Esta seo dedica-se descrio e anlise dos resultados da pesquisa e est dividida em 3 partes, a primeira dedicada caracterizao das empresas, na segunda so realizadas anlises quantitativas por meio da investigao das associaes encontradas entre esforo inovador e resultados da inovao. Por ltimo a inovao caracterizada utilizando-se anlise qualitativa das respostas s perguntas semiestruturadas sobre inovao, realizadas s empresas pesquisadas.

5.1. Caracterizao das Empresas e dos Respondentes 6s2t72

Na tabela 1 so apresentadas algumas caractersticas das empresas pesquisadas e dos respectivos entrevistados. Os nomes das empresas foram substitudos por um cdigo composto pela letra “E” seguida de um nmero para garantir a confidencialidade das informaes fornecidas. Pode-se observar que todas as empresas pesquisadas so nacionais. Em relao ao tempo de atividade, as trs mais antigas foram fundadas em 1992 e a mais jovem em 2007. A mdia do tempo de atividade das 13 empresas era de 12 anos no momento da pesquisa. Somente trs entre os respondentes no ocupavam cargos de direo. Apenas uma das empresas no comercializa servios; dez entre as 13 empresas pesquisadas comercializam produtos customizveis e sete entre as 13 empresas (a maioria) comercializam produtos prontos. Observando a figura 1, pode-se notar que a amostra pesquisada constituda em sua maior parte por empresas com at 25 profissionais (sete entre 13 empresas). Um grupo constitudo por trs empresas emprega entre 26 e 50 profissionais. H trs empresas com mais de 100 empregados, sendo que duas possuem entre 225 e 250 profissionais.

5.2. Anlise das Associaes entre Esforo Inovador e Resultados da Inovao 66x2g

Para investigar as associaes entre os indicadores de esforo inovador e de resultados da inovao, procedeu-se utilizao da correlao de Spearman para investigar a associao das variveis de esforo inovador (questionrio 1) com as variveis dos resultados da inovao (questionrio 2).

A partir da tabela 2, observa-se que sete dos 16 indicadores de esforo inovador esto associados significativamente ou com tendncia de associao com os indicadores de resultados da inovao e que todos os 6 indicadores de resultados de inovao esto associados significativamente ou com tendncia de associao a algum indicador de esforo inovador.

Tabela 1 – Caracterizao das empresas pesquisadas.

empresa

cargo

ano de fundao

nmero de profission.

origem

servio

prod. pronto

prod. custom.

E1

diretor

1992

235

nacional

S

S

S

E2

scio presidente

1998

20

nacional

S

S

S

E3

diretor

1994

14

nacional

S

S

S

E4

diretor

2006

6

nacional

N

S

N

E5

scio

2001

25

nacional

S

S

S

E6

scio diretor

1997

20

nacional

S

N

S

E7

scio

1994

13

nacional

S

N

S

E8

diretor

2006

50

nacional

S

N

S

E9

assessor executivo

1992

230

nacional

S

N

N

E10

scio gerente

2007

6

nacional

S

N

N

E11

scio fundador

2003

110

nacional

S

S

S

E12

analista financeiro

1996

35

nacional

S

N

S

E13

gerente de projetos

1992

44

nacional

S

S

S

Figura 1 – Nmero de profissionais por empresa.
Fonte: elaborao do autor.

O percentual de profissionais empregados em atividades de prospeco de tecnologia apresenta tendncia de associao com o percentual de projetos concludos em relao ao total de projetos da empresa nos ltimos doze meses (p = 0,073).

O percentual de profissionais empregados em atividades de desenvolvimento de software apresenta tendncia de associao com o percentual de projetos concludos ou em andamento em relao ao total de projetos da empresa nos ltimos doze meses (p = 0,073) e ao faturamento gerado por novos produtos criados nos ltimos doze meses em relao ao faturamento total da empresa (p = 0,071). Em empresas de TI, o desenvolvimento de software pode contribuir para o lanamento de novos produtos e servios.

O percentual de profissionais empregados em atividades de P&D cujo grau educacional mais elevado mestrado ou doutorado apresenta associao significativa com o percentual de projetos concludos em relao ao total de projetos da empresa nos ltimos doze meses (p = 0,043) e com o percentual de projetos concludos ou em andamento em relao ao total de projetos da empresa nos ltimos doze meses (p = 0,038). Apresenta tendncia de associao com o nmero de patentes concedidas ou depositadas nos ltimos 12 meses (p = 0,099). Para registrar patentes necessrio ter ideias inovadoras, a existncia de profissionais capacitados a desenvolver pesquisa pode contribuir para a criao de ideias patenteveis.

O percentual de profissionais empregados em atividades de P&D cujo grau educacional mais elevado especializao (latu sensu) ou MBA apresenta tendncia de associao ao percentual de projetos concludos ou em andamento em relao ao total de projetos da empresa nos ltimos doze meses (p = 0,072) e ao faturamento gerado por novos produtos criados nos ltimos doze meses em relao ao faturamento total da empresa (p = 0,092). Profissionais com especializao podem estar mais capacitados a conduzir projetos e contribuir para que os projetos tenham sucesso, fazendo com que estes possam ter maior influncia sobre o faturamento da empresa.

O nmero de parceiros (instituies de ensino e institutos de pesquisa) com quem compartilham atividades de P&D apresenta tendncia de associao ao faturamento gerado por novos produtos criados nos ltimos doze meses em relao ao faturamento total da empresa (p = 0,089). Parcerias podem contribuir para um maior sucesso dos projetos, com consequncias na influencia destes sobre o faturamento da empresa.

O nmero de canais de inovao aberta apresenta associao significativa com o percentual de projetos concludos em relao ao total de projetos da empresa nos ltimos doze meses (p = 0,010). Apresenta uma tendncia de associao ao percentual de projetos em andamento em relao ao total de projetos da empresa nos ltimos doze meses (p = 0,083). Ideias provenientes de clientes, fornecedores e parceiros podem contribuir para uma diminuio no nmero de projetos cancelados, pois a participao destes atores na formulao dos projetos diminui os problemas de definio de escopo, que pode ser responsveis por cancelamentos futuros.

Tabela 2 – Associao entre esforo inovador e resultados da inovao, via correlao de Spearman

(*) associao significativa, p < 0,05
(**) associao no significativa, porm com tendncia (0,05 ≤ p < 0,10)
Fonte: dados primrios manuseados atravs do SPSS

A existncia de inovao aberta (IA) com fornecedores apresenta tendncia de associao ao o percentual de projetos concludos em relao ao total de projetos da empresa nos ltimos doze meses (p = 0,076). Ideias provenientes de fornecedores podem contribuir para o percentual de projetos concludos em relao ao total de projetos da empresa, porque a colaborao entre as partes interessadas, durante a definio dos objetivos dos projetos, pode contribuir para diminuir as incertezas sobre o projeto, com possvel diminuio do percentual de cancelamento dos mesmos.

Na figura 2, so apresentados os nmeros de ocorrncias de associaes significativas ou tendncias de associao dos indicadores de resultados da inovao com indicadores de esforo inovador. Nota-se que para cada um dos indicadores de resultados da inovao foi encontrado algum tipo de relao com os indicadores de esforo inovador. O indicador que apresenta o maior nmero de ocorrncias o percentual de projetos concludos em relao ao total de projetos da empresa nos ltimos doze meses.

O conjunto de resultados encontrados permite concluir que o esforo inovador contribui para o resultado inovador da empresa.

Figura 2 – Nmero de associaes e tendncias de associao de indicadores de resultados da inovao com indicadores de esforo inovador
Fonte: elaborao do autor

5.3 Anlise Qualitativa das Empresas 3r5l2s

A partir das respostas das 13 empresas pesquisadas, possvel identificar alguns traos presentes na totalidade das empresas, outros presentes na maioria ou em uma minoria das empresas, aqueles que ocorrem em mais de uma empresa, outros de modo isolado em apenas uma empresa e finalmente aqueles que no foram identificados em qualquer das empresas pesquisadas. Nesta seo, so descritos estes traos, observados a partir das respostas s seguintes perguntas semiestruturadas:

a) Quais so as iniciativas da empresa para promover a inovao? 3v685s

Todos os entrevistados responderam que realizaram atividades de prospeco de tecnologia como parte dos processos utilizados para promover a inovao. A prospeco externa quando se investiga o que ocorre fora da empresa, e interna quando se procuram ideias que possam surgir a partir do conhecimento existente na empresa e nos seus profissionais.

O conjunto de meios citados pelos entrevistados para realizar a prospeco externa : pesquisas na internet, em publicaes cientficas, em bancos de dados de propriedade intelectual, participao em feiras, exposies, seminrios, congressos e cursos tcnicos, anlise de editais de rgos governamentais de fomento inovao, sondagem da concorrncia nacional e estrangeira, emprego do focus group (tcnica qualitativa de pesquisa de mercado, com utilizao de discusso moderada), parcerias com universidades e institutos de pesquisa, incentivos educao continuada dos seus profissionais e adoo de canais de inovao aberta com parceiros, clientes e fornecedores. A pesquisa em publicaes cientficas foi o nico meio de prospeco citado pela maioria das empresas.

Para realizar a prospeco interna, como forma de colher ideias inovadoras que partam dos seus prprios profissionais, as empresas entrevistadas utilizam uma ou mais prticas do seguinte conjunto: reunies – peridicas ou sob demanda – na forma tradicional ou na forma de brainstorms ou workshops, stage-gate (mtodo para desenvolvimento de produtos inovadores), QFD (Quality Function Deployment), caixa eletrnica de sugestes, recrutamento de profissionais aptos e inovar e concesso de tempo exclusivo a alguns profissionais para inovar.

Nenhuma das empresas entrevistadas informou adotar programas de estmulo a criatividade para seus profissionais. Uma das empresas considerou tais estmulos desnecessrios diante do carter j intrinsecamente inovador das atividades de desenvolvimento de produtos.

A maior parte das empresas pesquisadas no adota polticas para a no penalizao dos erros. Vale notar que a liberdade para errar pode ser importante para promover a inovao, portanto, a penalizao dos erros pode criar dificuldades para que a inovao ocorra.

A maioria dos entrevistados respondeu no haver processo formal para acolher as sugestes dos seus profissionais, e quando isto ocorre, seja por vias formais ou informais, apenas uma minoria recompensa as sugestes dos profissionais que trazem resultados para a empresa. As recompensas podem ser pecunirias: quantia em dinheiro, participao nos resultados da inovao, promoo ou aumento salarial ou no pecunirio: reconhecimento no financeiro, agradecimento ou certificado de mrito.

Ambientes inovadores que possam estimular a inovao so empregados somente por uma minoria das empresas pesquisadas. Entre as prticas para promover ambientes inovadores desta minoria, foram identificados: criao de espaos descontrados (com mveis informais, como pufes, por exemplo), adoo de dias especiais (dia da pantufa, dia do cachorro quente), implantao de horrio flexvel com a possibilidade de trabalhar em locais diferentes da empresa (em casa ou em outra localidade) e promoo de encontros informais (em bares e restaurantes, por exemplo).

b) Existe algum outro tipo de resultado da inovao observado na empresa? 5x6k2c

A maioria das empresas demonstrou possuir algum tipo de indicador prprio para atestar que a empresa inovadora e s vezes medir a intensidade da sua inovao. Cinco indicadores foram citados por mais de uma empresa, precisamente duas empresas para cada indicador e so os seguintes: 1) quantidade de projetos aprovados por rgos governamentais de fomento inovao; 2) prmios para empresa inovadora conferidos por rgos governamentais de fomento inovao; 3) ausncia ou escassez de concorrncia; 4) banco de ideias da empresa; 5) modelo de negcios exige que a empresa seja inovadora. Outros trs indicadores foram citados por somente uma empresa e so os seguintes: 1) ter sido uma empresa incubada por um rgo de fomento inovao; 2) quantidade anual de inovaes por profissional da empresa; 3) existncia de banco de dados com sugestes dos clientes.

c) a TI (como departamento, infraestrutura e tecnologia) contribui com a inovao na sua empresa?” 6a653m

A quase totalidade das empresas respondeu positivamente a esta pergunta e aquelas que no o fizeram, ou seja, no detectaram relao direta entre a TI a e inovao de produtos e servios, ao menos reconheceram a contribuio da TI para a inovao em processos na sua empresa.

A maioria das empresas tambm concordou que TI contribui para a inovao facilitando o armazenamento, o e troca de informaes na empresa (por meio de emails, sistemas integrados, intranets, bases de dados e wikis), auxiliando a criao e manuteno de pontes de ligao entre diversos nveis hierrquicos na empresa e promovendo a gesto do conhecimento. Somente as empresas com nmero muito reduzido de profissionais, precisamente seis profissionais cada uma, no identificaram na TI a funo de comunicao dentro da organizao, alegando que a comunicao verbal favorecida pelo pequeno espao fsico que estes dividem.

A maior parte das empresas tambm afirmou que as novas tecnologias trazidas pela TI so propulsoras da inovao dentro da empresa. As seguintes justificativas foram apresentadas para sustentar este relacionamento: 1) a inovaes da TI acabam por estimular a empresa a criar inovaes incrementais; 2) o carter dinmico da TI, com inovaes constantes, estimula a criatividade dos profissionais; 3) a TI permeia diversos setores dentro da empresa e traz novidades que estimulam outros setores, como o financeiro, a inovar por meio de novas ferramentas proporcionadas pela TI.

Outros motivos citados pelos entrevistados como incentivadores da inovao so: 1) o barateamento do o tecnologia trazido pela TI auxilia a empresa a inovar em reas onde a tecnologia pode fazer a diferena, mas ainda no havia sido utilizada em funo da relao custo/benefcio; 2) a TI aumenta a eficincia e a produtividade, relacionada inovao em processos; 3) a TI permite maior controle dos processos, evitando desperdcios e permitindo que a empresa se concentre na criao de inovao nas reas de seu interesse; 4) a TI permite trabalhar em modo multitarefa, conciliando atividades de operaes com prospeco; por exemplo, vrias telas podem estar abertas em um computador ao mesmo tempo.

6. Consideraes Finais 4z6y2

possvel concluir que a inovao est presente entre as empresas pesquisadas do APL de Software de Curitiba e se manifesta por meio de esforo inovador e resultados da inovao. Em relao ao relacionamento entre esforo inovador e resultados da inovao, a partir dos resultados quantitativos obtidos, foi possvel concluir que o esforo inovador contribui para os resultados da inovao.

A partir dos resultados quantitativos obtidos, foi possvel identificar associaes entre indicadores de esforo inovador e resultados da inovao e concluir que a presena de profissionais preparados para a pesquisa, com mestrado e doutorado, nas reas de P&D da empresa juntamente com a existncia de inovao aberta contribuem para um melhor ndice de concluso de projetos, com menos projetos cancelados. Estas associaes podem ser justificadas de modo plausvel. Contudo para investigar com mais profundidade os reais motivos das associaes, so indicados novos estudos. As associaes, que envolveram percentuais de concluso de projetos, sugerem que estes podem ser bons indicadores de resultados da inovao no setor pesquisado, de empresas de software.

Este trabalho tambm procurou investigar a existncia de indicadores de inovao utilizados pelas empresas pesquisadas, diferentes dos indicadores fornecidos pela academia. Conclui-se que a maioria das empresas possui algum tipo de indicador prprio para atestar que a empresa inovadora e s vezes medir a intensidade da sua inovao. Cinco indicadores foram propostos por mais de uma empresa, precisamente duas empresas para cada indicador, o que demonstra que no foram propostas isoladas. Estes indicadores podem ser avaliados pela academia e includos em estudos empricos futuros para determinar a sua real validade, ou ainda facilitar a construo de um indicador de inovao para as empresas.

Neste estudo tambm so propostos indicadores de inovao aberta, que apresentaram associao com indicadores de resultados de inovao. Estas associaes encontradas empiricamente sugerem que estes indicadores de inovao aberta podem ser vlidos para mensurar o esforo inovador nas empresas. Na edio mais recente da Pesquisa de Inovao Tecnolgica IBGE (2010), os resultados revelam a crescente importncia das redes de informao computadorizadas – principal instrumento da inovao aberta – como fonte para a inovao. De fato, de acordo com IBGE (2010), 68,8% das indstrias pesquisadas classificaram as redes de informao computadorizadas como sendo de importncia alta ou mdia para a inovao. O principal instrumento de inovao aberta no havia sido apontado como a fonte primordial para a inovao nas trs edies anteriores da PINTEC, tendo ocupado no mximo a quinta posio no perodo 2003-2005.

Durante a realizao deste trabalho, por meio da participao em seminrios nacionais e em grupos de pesquisa regionais sobre inovao, constatou-se que h pesquisadores trabalhando para a construo de indicadores de inovao no Brasil, mas so poucos os resultados publicados que permitam medir a inovao ou verificar a maturidade da gesto da inovao nas empresas. A PINTEC uma das principais fontes de indicadores de inovao, mas apresenta algumas limitaes, como a ausncia de indicadores especficos para alguns setores. Neste sentido, este trabalho pode contribuir para um melhor entendimento sobre indicadores de inovao no setor de software.

A principal limitao deste trabalho quanto utilizao do mtodo de estudo multicaso com corte transversal nico. A fim de buscar maior possibilidade de generalizao, estudos futuros podero ser realizados com base em amostras mais amplas e com coletas de dados efetuadas em mais de um momento. O estudo de empresas de um setor especfico, no caso, o de empresas de software do APL de Curitiba tambm pode conter um vis que s poderia ser amenizado ou eliminado com a incluso de empresas de outros setores, regies e de portes diferentes, por exemplo. Outro fator importante que o estudo buscou encontrar associaes, sem testar, portanto, relaes de causa-efeito.

Com relao pesquisa survey, deve-se salientar que os indicadores utilizados para mensurar aspectos da inovao em empresas de software tm origem nos indicadores utilizados para mensurar a inovao em empresas em geral, de qualquer rea, mas dadas as particularidades das empresas de software, modificaes nos indicadores genricos ou mesmo a utilizao de indicadores especficos poderiam medir aspectos no cobertos pelos indicadores genricos, porm, como no foram encontraram na literatura indicadores especficos para o setor de software, utilizaram-se os indicadores genricos com algumas adaptaes. Por estes motivos, pode ter ocorrido que alguns aspectos da inovao especficos para empresas de software no tenham sido identificados e mensurados.

Quanto s contribuies para as empresas, destacam-se aquelas que podem auxiliar a implantao e manuteno da inovao sistemtica em empresas de software. Estas informaes poderiam servir para orientar escolhas que possam trazer contribuies para a inovao na empresa.

O conjunto de contribuies deste trabalho pode ser visto como um guia para os empresrios e executivos do setor de software, e possivelmente de outras reas, para a implantao de processos de inovao sistemtica com vistas a tornar a empresa mais inovadora.

Ao longo do estudo foram identificados alguns aspectos merecedores de aprofundamento, os quais podem ser investigados em pesquisas futuras:

a) replicao do instrumento survey em empresas com caractersticas diferentes das estudadas neste trabalho.

d) replicao do instrumento survey em um nmero maior de empresas com caractersticas similares das estudadas neste trabalho para confirmao ou refutao das tendncias de associao.

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1 Mestre em istrao pela UFPR. Email: [email protected]
2 Professora da UFPR e Doutora em istrao pela USP. Email: [email protected]


Vol. 33 (3) 2012
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